Em Rio Branco, a assistência social virou palco de tensão entre discurso e realidade: “Não basta entregar marmita, é preciso garantir dignidade”, afirma diretor da SASDH
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Nos bastidores da Prefeitura de Rio Branco, a política de assistência social virou terreno de embate entre a realidade das ruas e o discurso político de gabinete. A entrevista concedida por Ivan Ferreira, diretor de Política de Assistência Social da SASDH, ao Jornal das 12, escancarou o abismo entre o que se promete nas campanhas e o que se entrega na ponta da rede.
Em suas palavras mais incisivas, Ivan soltou a frase que ecoou nos corredores da secretaria:
“Tem gente que acha que assistência social é só entregar marmita. Mas na verdade, é garantir dignidade, reconstrução de vida e acesso a políticas públicas de longo prazo.”
A fala, embora diplomática, é um recado direto a setores da própria gestão que têm tratado a pauta com superficialidade e, em alguns casos, com puro marketing.
A guerra invisível por orçamento
Ivan revelou que o orçamento da assistência social subiu 22% em 2025, mas fez questão de frisar: “Ainda é insuficiente frente à demanda crescente.” Segundo ele, o município acolhe hoje mais de 500 pessoas em situação de vulnerabilidade, com foco em imigrantes haitianos e venezuelanos.
Apesar dos esforços, a sensação dentro da secretaria é de apagamento estratégico da pauta. Fontes próximas relatam que parte do alto escalão considera a assistência social “pouco visível eleitoralmente”, o que explicaria a lentidão na execução de ações mais estruturantes, como regularização fundiária, programas de habitação e parcerias com o setor privado.
Três frentes de ação e um alerta
Ferreira destacou as três frentes prioritárias da SASDH:
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Acolhimento institucional (abrigos e casas de passagem)
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Atendimento emergencial 24h
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Intermediação com entidades civis para fornecimento de alimentação, roupas e documentação
Nos bastidores, entretanto, fala-se em pressão interna para cortar contratos com entidades religiosas e organizações independentes, o que geraria impacto direto na capacidade de atendimento.
O problema é político — e é proposital
Embora não cite nomes, Ivan deixou claro que há uma disputa silenciosa dentro da prefeitura: de um lado, quem quer ampliar a atuação da assistência social como política pública permanente; do outro, quem prefere mantê-la sob controle, como ferramenta de gestão eleitoral e cabresto institucional.
A entrevista, embora protocolar, funcionou como um chamado sutil à opinião pública — e uma cutucada em aliados que vêm tratando o tema com desdém.
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