É Deus quem escolhe. É povo que decide: 39,8% é fotografia. A frase ganhou eco no calor das exonerações no governo do Acre e foi usada como se o dado fosse revelação divina. Mas pesquisa é fotografia de momento, não profecia eleitoral.
O contexto político no Acre
O governador Gladson Cameli (Progressistas) realizou uma série de exonerações e nomeações em edição extra do Diário Oficial na noite de quarta-feira (5). As mudanças ocorreram horas após a vice-governadora Mailza Assis anunciar, durante visita à Aleac, que será candidata à sucessão em 2026. Entre os exonerados estavam nomes ligados ao senador Alan Rick (União Brasil), também pré-candidato ao governo.
Entre eles: Iucara Andrade da Costa Souza, ex-presidente da Funtac; Mirla Moraes Miranda Mariano, irmã de Alan Rick e diretora de Planejamento da fundação; além de Jairo Cassiano Barbosa, coordenador político e amigo pessoal do senador. Foi nesse ambiente de cortes e rearranjos que surgiu a frase É Deus quem escolhe. É povo que decide: 39,8% é fotografia, agora usada como escudo narrativo.
É Deus quem escolhe. É povo que decide: 39,8% é fotografia na política acreana
Quando uma frase assim aparece em meio a exonerações e disputas de poder, ela não é neutra. Serve como armadura retórica para transformar perda política em narrativa espiritual. A mensagem é clara: se alguém cai, é porque Deus quis; se alguém sobe, é porque o povo vai confirmar. Só que política não é oráculo — é negociação, voto, método.
Dizem, em tom de especulação, que a verdade prática é mais incômoda: havia gente que não batia ponto, nem sequer sabia onde estava lotada. Este, no entanto, não é o objetivo central desta coluna, que se concentra em analisar a retórica da fé usada como escudo político.
Fé não é cabo eleitoral
Misturar religião e estatística, como no caso de É Deus quem escolhe. É povo que decide: 39,8% é fotografia, é marketing travestido de espiritualidade. A tradição cristã séria sempre distinguiu providência de presunção. E quando a pesquisa mostra apenas 39,8%, chamar isso de “profecia” é mais propaganda do que piedade.
O povo só decide na urna, não em 39,8% de fotografia
Pesquisas são parciais, temporárias, sujeitas a vieses e manipulações. A decisão real acontece na cabine eleitoral, com voto secreto e soberano. Mas slogans como É Deus quem escolhe. É povo que decide: 39,8% é fotografia tentam congelar o destino antes mesmo da campanha.
O que se sabe até agora sobre fé e estatística no Acre
- Pesquisa é instrumento técnico, não sentença divina.
- 39,8% não definem eleição, apenas retratam o momento.
- Fé pode inspirar, mas não deve blindar candidatura.
- A urna decide, não o slogan.
Conclusão do Cidade AC | News
Misturar religião e estatística é receita de confusão. Fé é lugar de esperança, não de enquete. E dado sério precisa ser auditado, não canonizado. O eleitor do Acre merece política com responsabilidade, não slogans com aura celestial.
Na tradição bíblica, profecia nunca foi cabo eleitoral. O verdadeiro profeta não legitima pesquisa; denuncia injustiça. Usar o nome de Deus para chancelar 39,8% de intenção de voto é mais soberba do que fé. O cristão maduro sabe: Deus governa, mas é o povo que vota. E repetir bordões como É Deus quem escolhe. É povo que decide: 39,8% é fotografia não fortalece a fé — apenas fragiliza a democracia.
Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
Baixe os apps do grupo: App Apple Store | App Android Store
Leia Notícias: https://cidadeacnews.com.br
Rádio Ao Vivo: https://www.radiocidadeac.com.br
