A pesquisa Quaest, divulgada em 2 de julho de 2025, revelou que 46% dos deputados federais avaliam negativamente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), marcando o pior índice desde o início de seu mandato em 2023. Encomendada pela Genial Investimentos, a sondagem ouviu 203 parlamentares, equivalente a 40% da Câmara dos Deputados, entre 7 de maio e 30 de junho. Apenas 27% consideram a gestão positiva, o menor percentual registrado, enquanto 24% a classificam como regular. Com margem de erro de 4,5 pontos percentuais, os números sinalizam um aumento na desaprovação, especialmente entre deputados independentes, e refletem desafios na relação do governo com o Congresso. A rejeição recorde ocorre em um momento de debates sobre pautas polêmicas e perspectivas para as eleições de 2026.
O levantamento aponta uma deterioração na percepção dos parlamentares sobre a administração petista. Comparada a maio de 2024, a avaliação negativa subiu de 42% para 46%, enquanto a positiva caiu de 32% para 27%. A amostra, estratificada por região e orientação ideológica, oferece um panorama detalhado das tensões políticas no Legislativo.
- Negativo: 46% (42% em maio de 2024)
- Positivo: 27% (32% em maio de 2024)
- Regular: 24% (26% em maio de 2024)
- Não sabem/não responderam: 3% (1% em maio de 2024)
Rejeição cresce entre independentes
A insatisfação com o governo Lula é mais acentuada entre os deputados que se declaram independentes. Em 2023, apenas 20% desse grupo avaliava a gestão negativamente; agora, o índice saltou para 44%, um aumento de 24 pontos percentuais. A avaliação positiva entre os independentes despencou de 18% para 8%, enquanto a percepção de desempenho regular caiu de 59% para 44%.
Entre os deputados da base governista, a aprovação segue alta, com 71% avaliando positivamente o governo, embora o número tenha recuado ligeiramente desde 2023 (74%). Já na oposição, a rejeição é quase unânime: 96% classificam a gestão como negativa, contra 94% há dois anos. A polarização ideológica reforça o cenário de dificuldades para o governo na articulação política.
Os deputados de centro, que representam um grupo estratégico no Congresso, mostram uma visão mais equilibrada: 53% consideram o governo regular, 24% o avaliam negativamente e 23% de forma positiva. A falta de apoio majoritário nesse segmento pode complicar a aprovação de projetos prioritários do Executivo.
Divisão regional na avaliação
A pesquisa destaca diferenças regionais na percepção dos deputados sobre o governo Lula. No Nordeste, região historicamente alinhada ao PT, há um empate técnico: 37% aprovam a gestão, contra 33% que a rejeitam e 30% que a consideram regular. Em contrapartida, a avaliação negativa predomina nas demais regiões:
- Sudeste: 51% negativa, 24% positiva, 25% regular
- Sul: 57% negativa, 21% positiva, 22% regular
- Centro-Oeste e Norte: 47% negativa, 20% positiva, 33% regular
Essa divisão reflete dinâmicas políticas regionais, com o Nordeste mantendo maior proximidade com o governo, enquanto Sul e Sudeste, bases de partidos de oposição, mostram maior resistência.
Relação com o Congresso sob pressão
A articulação do governo com o Congresso também enfrenta críticas. Segundo a Quaest, 51% dos deputados consideram a relação do Executivo com o Legislativo negativa, um aumento significativo em relação aos 41% registrados em 2023. Apenas 18% veem essa interação como positiva, contra 24% há dois anos, enquanto 30% a classificam como regular.
O desgaste é perceptível em pautas polêmicas. A proposta de extinção da escala 6×1, por exemplo, enfrenta forte resistência: 70% dos deputados são contrários, com rejeição de 92% entre oposicionistas, 74% entre independentes e 55% entre governistas. Por outro lado, pautas como a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda (88% de apoio) e a exploração de petróleo na Amazônia (83%) contam com ampla aceitação.
Eleições de 2026 no horizonte
A pesquisa também abordou as perspectivas para as eleições presidenciais de 2026. A maioria dos deputados (68%) acredita que Lula será candidato à reeleição, enquanto 21% descartam essa possibilidade e 11% não opinaram. No entanto, as projeções de vitória são menos favoráveis ao governo: 50% dos parlamentares apontam um candidato da oposição como favorito, contra 35% que veem Lula ou um nome governista com chances de vencer.
Entre os nomes da oposição, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, lidera com 49% das menções espontâneas como principal candidato. Jair Bolsonaro, embora inelegível, foi citado por 13%, seguido por Michelle Bolsonaro (6%), Eduardo Bolsonaro (5%), Ratinho Júnior (4%), Ronaldo Caiado (3%) e Flávio Bolsonaro (1%).
Principais problemas do país, segundo deputados
Os deputados identificaram a economia como o principal desafio do Brasil, embora a preocupação com a violência tenha crescido significativamente. A Quaest listou as prioridades apontadas:
- Economia: 31% (38% em 2023)
- Violência: 23% (7% em 2023)
- Corrupção: 16% (12% em 2023)
- Questões sociais: 10% (23% in 2023)
- Saúde: 3% (3% em 2023)
- Educação: 2% (5% em 2023)
O aumento da violência como preocupação reflete o debate crescente sobre segurança pública, enquanto a economia segue como obstáculo central para a popularidade do governo.
Avaliação do STF e do presidente da Câmara
A percepção dos deputados sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) também foi abordada. Para 49%, o STF invade “sempre” as competências do Congresso, enquanto 28% acreditam que isso ocorre “às vezes” e 12% dizem que é “raro”. Apenas 5% afirmam que o Supremo nunca interfere. A avaliação geral do STF é negativa para 48% dos parlamentares, positiva para 27% e regular para 18%.
Por outro lado, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), goza de ampla aprovação. Sua gestão é vista como positiva por 68% dos deputados, regular por 25% e negativa por 6%. O apoio é especialmente forte entre governistas (77%) e independentes (82%), enquanto na oposição o índice positivo é de 47%.
Pautas em debate no Congresso
Além da escala 6×1, outras propostas em tramitação foram avaliadas. A exclusão das verbas do Judiciário do limite de gastos enfrenta rejeição de 70%, enquanto o projeto que limita supersalários tem 53% de oposição. Por outro lado, medidas como o aumento das penas para roubos (76% de apoio) encontram maior respaldo.
A resistência a pautas do governo, aliada à percepção negativa de sua articulação, sugere um cenário de desafios para a aprovação de reformas e projetos prioritários. A avaliação negativa recorde entre os deputados reforça a necessidade de estratégias mais eficazes de diálogo com o Legislativo.
Cenário político em transformação
O levantamento da Quaest reflete um momento de inflexão para o governo Lula. A deterioração de sua imagem entre deputados, especialmente os independentes, indica obstáculos na construção de maiorias no Congresso. A polarização ideológica, com avaliações díspares entre esquerda (84% positiva) e direita (86% negativa), reforça a dificuldade de unificar apoios.
As perspectivas para 2026, com a oposição ganhando força nas projeções dos deputados, sinalizam um cenário competitivo. A liderança de Tarcísio de Freitas como nome oposicionista e a centralidade de Jair Bolsonaro, mesmo inelegível, mostram que o debate eleitoral já influencia as dinâmicas políticas atuais.
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