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Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News, Rio Branco – Acre
Em 1980, o Brasil estava entre os 50 países mais ricos do planeta em renda per capita ajustada pelo poder de compra. Em 2024, amarga a 87ª posição. E, segundo o FMI, pode cair ainda mais até 2030. O que houve com o país que sonhava em ser potência emergente?
Segundo os dados mais recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI), o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil em Paridade de Poder de Compra (PPC) deve atingir US$ 19.594 em 2024. Embora o valor seja superior aos US$ 13.700 registrados em 1980, o avanço ficou aquém do crescimento global. Na prática: o mundo correu, o Brasil caminhou.
A consequência dessa marcha lenta está no ranking internacional. Veja abaixo a trajetória do Brasil na última década:
| Ano | Ranking (PIB per capita, PPC) | Valor (US$) |
| 2013 | 79º lugar | 19.169 |
| 2014 | 80º lugar | 19.280 |
| 2015 | 82º lugar | 18.750 |
| 2016 | 84º lugar | 17.960 |
| 2017 | 83º lugar | 18.330 |
| 2018 | 82º lugar | 18.720 |
| 2019 | 81º lugar | 18.960 |
| 2020 | 85º lugar | 17.640 |
| 2021 | 84º lugar | 18.260 |
| 2022 | 85º lugar | 18.770 |
| 2023 | 86º lugar | 19.300 |
| 2024 | 87º lugar (estimativa FMI) | 19.594 |
A curva é clara: estagnação na renda, perda de posição
Enquanto o mundo — especialmente Ásia e Europa Oriental — acelerou investimentos em produtividade, infraestrutura e tecnologia, o Brasil enfrentou uma década marcada por recessão, escândalos políticos, crise fiscal e uma pandemia que arrasou o crescimento.
Mesmo com uma leve retomada pós-COVID, a renda per capita brasileira praticamente estacionou. O valor de 2024 (US$ 19.594) é praticamente o mesmo de 2013, corrigido pela inflação global — o que evidencia uma década perdida em termos de riqueza gerada por habitante.
Por que caímos tanto?
- Desaceleração estrutural: O país vem crescendo menos que a média mundial desde 2011.
2. Descontrole fiscal: Gastos públicos crescentes e investimentos declinantes.
3. Educação estagnada: Baixa qualificação afeta produtividade.
4. Ambiente hostil ao empreendedorismo: Burocracia, insegurança jurídica e alta carga tributária.
5. População crescendo acima da renda: Mais gente, mesma riqueza — resultado: menos renda por pessoa.
E o que vem pela frente?
O FMI projeta que o Brasil poderá ocupar o 89º lugar até 2030 — quase na metade inferior do ranking global, ao lado de países com pouca relevância econômica mundial.
Caso isso se confirme, estaremos cada vez mais distantes tanto das economias desenvolvidas quanto das emergentes que, anos atrás, estavam no mesmo nível que o Brasil. Coreia do Sul, Polônia, Malásia e até Vietnã são exemplos de países que nos ultrapassaram em produtividade e qualidade de vida.
Conclusão: o mundo mudou — e a gente ficou olhando
Enquanto a locomotiva global ganhou tração, o Brasil preferiu disputar o apito do trem. O resultado é uma perda contínua de espaço econômico, político e social no cenário internacional.
Sem reformas estruturais sérias, um pacto de crescimento real e investimento massivo em educação e produtividade, a tendência é clara: seremos cada vez menos relevantes.
Fonte original: FMI — World Economic Outlook Database 2024
Data da postagem: 21/07/2025
Link: https://www.imf.org/en/Publications/WEO
Eliton Lobato Muniz
Cidade AC News – Rio Branco – Acre






