A carreira militar atrai milhares de candidatos todos os anos, e os concursos da Marinha e da Aeronáutica estão entre os mais concorridos do país. Atualmente, 775 vagas abertas em seleções dessas forças armadas incluem a prova de redação como etapa essencial, indo além das tradicionais questões objetivas. Para os certames de 2025, que abrangem níveis fundamental, médio e superior, a preparação textual é um diferencial crucial. Na Marinha, são 1.680 vagas para soldados fuzileiros navais, 174 para oficiais de nível superior e 32 para sargentos músicos. Já a Aeronáutica oferece 345 vagas para oficiais de nível superior, 150 para cadetes do ar (nível fundamental) e 50 para oficiais aviadores (nível médio). Dominar o gênero dissertativo-argumentativo, exigido por ambas as instituições, pode ser o caminho para garantir uma pontuação elevada e se destacar na disputa.
Os processos seletivos estão em andamento ou com inscrições próximas de abertura, como é o caso dos oficiais da Marinha, cujas inscrições começam em 30 de abril, e dos oficiais aviadores da Aeronáutica, a partir de 7 de abril. Cada concurso tem suas especificidades, mas a redação é um ponto em comum que exige atenção redobrada dos candidatos.
Com oportunidades para ambos os sexos e requisitos detalhados nos editais, como limites de idade e altura, os certames testam não só o conhecimento técnico, mas também a capacidade de expressão escrita. A professora Letícia Bastos, especialista em concursos, compartilha orientações valiosas para quem busca a aprovação.
Entenda as exigências das provas de redação
A redação nos concursos da Marinha e da Aeronáutica segue o modelo dissertativo-argumentativo, mas as regras variam entre as instituições. Na Marinha, o texto deve ter entre 15 e 30 linhas, com título obrigatório, conforme estipulado nos editais. Já na Aeronáutica, a extensão é limitada a 100 a 150 palavras, e a exigência do título depende do enunciado da prova, tendo sido cobrada em edições anteriores.
Os temas propostos refletem preocupações distintas. A Marinha foca em questões como ética, defesa nacional, administração pública e problemas sociais, como o exemplo recente “O alcoolismo e sua interferência nas relações de trabalho”. Na Aeronáutica, os assuntos frequentemente aparecem como perguntas que demandam posicionamento, abordando atualidades, cidadania e desafios contemporâneos, a exemplo de “A felicidade mostrada e a construção do sucesso na cultura das redes sociais representam a realidade vivida por seus usuários inseridos na hipermodernidade?”.
Preparar-se para essas diferenças é essencial. Enquanto a Marinha valoriza uma argumentação mais longa e estruturada, a Aeronáutica exige concisão sem perder a profundidade, o que pode ser um desafio para quem não treina o formato específico.
Passo a passo para uma redação nota máxima
Dominar a redação exige técnica e prática, especialmente nos concursos militares, onde a concorrência é acirrada. Abaixo, cinco passos fundamentais ajudam a alcançar uma boa pontuação:
- Respeite as regras de cada prova: na Marinha, inclua sempre um título e mantenha o texto entre 15 e 30 linhas; na Aeronáutica, ajuste-se ao limite de 100 a 150 palavras e verifique se o título é exigido.
- Cuide da caligrafia: os editais sugerem letra cursiva, mas aceitam letra de forma desde que maiúsculas e minúsculas sejam distintas, garantindo legibilidade.
- Estruture o texto com clareza: comece com uma introdução objetiva, desenvolva argumentos sólidos no corpo e finalize com uma conclusão coerente.
- Priorize a norma culta: erros gramaticais podem custar pontos preciosos, então revisar regras de concordância, regência e pontuação é indispensável.
- Evite plágio: usar ideias dos textos motivadores é permitido, mas cópias literais não contam na pontagem e prejudicam a nota.
Seguir essas orientações ajuda a construir um texto que atenda aos critérios de avaliação, como coesão, coerência e domínio linguístico.
Como se preparar para os temas cobrados
A escolha dos temas reflete o perfil das instituições militares. Na Marinha, a ênfase em defesa nacional e ética exige que o candidato conheça tópicos como segurança pública, papel das Forças Armadas e valores institucionais. Um tema recorrente, por exemplo, envolve os impactos de questões sociais no ambiente profissional, exigindo argumentos bem fundamentados.
Já a Aeronáutica privilegia reflexões sobre a sociedade contemporânea. Questões como o uso das redes sociais, os desafios da cidadania na era digital e a ética em tempos de crise aparecem com frequência. A abordagem em forma de pergunta estimula o candidato a tomar uma posição clara, sustentada por argumentos lógicos.
Treinar com temas anteriores é uma estratégia eficaz. Revisitar provas passadas permite identificar padrões e ajustar a escrita às expectativas das bancas, seja na extensão mais longa da Marinha ou na concisão da Aeronáutica.
Cronograma dos concursos abertos
Os prazos e etapas dos concursos estão em andamento ou prestes a começar. Confira o calendário das seleções que exigem redação:
- Oficiais da Marinha (174 vagas): inscrições de 30 de abril a 14 de maio de 2025, com provas de conhecimentos profissionais e redação.
- Sargentos músicos da Marinha (32 vagas): inscrições de 3 de abril a 16 de maio de 2025, incluindo prova de música e redação.
- Oficiais da Aeronáutica (345 vagas): inscrições encerradas, com provas de conhecimentos especializados e redação (exceto médicos).
- Cadetes do ar da Aeronáutica (150 vagas): inscrições até 26 de março de 2025, com provas de português, matemática, inglês e redação.
- Oficiais aviadores da Aeronáutica (50 vagas): inscrições de 7 a 28 de abril de 2025, com provas de português, matemática, física, inglês e redação.
Anotar essas datas é essencial para organizar os estudos e garantir a participação nas etapas.
Dicas práticas para turbinar sua redação
Aprimorar a escrita requer disciplina e estratégias específicas. Além de conhecer as regras, candidatos podem adotar hábitos que fazem a diferença na preparação. Ler artigos sobre atualidades, como os impactos da tecnologia na sociedade ou políticas de defesa, amplia o repertório para os temas das provas.
Praticar redações completas, cronometrando o tempo, simula as condições reais do exame. Na Marinha, o ideal é produzir textos de 20 a 25 linhas em cerca de 40 minutos, enquanto na Aeronáutica o foco é condensar ideias em 120 palavras em 30 minutos. Corrigir esses textos com base nos critérios de avaliação – como clareza, argumentação e gramática – ajuda a identificar pontos fracos.
Assistir a debates ou documentários sobre questões éticas e sociais também enriquece os argumentos, especialmente para os temas reflexivos da Aeronáutica, que exigem posicionamento crítico.
Erros comuns que você deve evitar
Equivocar-se na redação pode comprometer a aprovação, mesmo com um bom desempenho nas provas objetivas. Um erro frequente é ignorar o limite de linhas ou palavras, o que resulta em textos desqualificados. Na Marinha, textos com menos de 15 linhas ou mais de 30 são penalizados; na Aeronáutica, fora de 100 a 150 palavras, a nota sofre.
Outro deslize é descuidar da estrutura. Textos sem introdução clara ou com argumentos desconexos perdem pontos em coerência. Copiar trechos dos textos motivadores, prática proibida, também é um risco comum que zera trechos do texto na contagem.
Por fim, erros gramaticais, como uso incorreto da crase ou concordância verbal, são fatais em provas que avaliam a norma culta. Revisar o texto antes de passar a limpo é uma medida simples que pode salvar sua pontuação.
Perfil das vagas e exigências adicionais
As 775 vagas que incluem redação abrangem diferentes níveis de escolaridade e áreas de atuação. Na Marinha, as 174 vagas para oficiais de nível superior destinam-se a especialidades como medicina, engenharia e capelania, com provas marcadas para junho de 2025. As 32 vagas para sargentos músicos exigem conhecimento musical e redação, com foco em candidatos que dominem instrumentos específicos.
Na Aeronáutica, as 345 vagas para oficiais cobrem médicos, engenheiros e farmacêuticos, mas apenas os não médicos fazem redação. As 150 vagas para cadetes do ar, de nível fundamental, e as 50 para oficiais aviadores, de nível médio, testam habilidades gerais e escrita, com foco em jovens que buscam formação militar.
Além da redação, os candidatos enfrentam testes físicos e psicológicos, detalhados nos editais, que variam conforme o cargo e a instituição.
Por que a redação é decisiva nos concursos militares
Em seleções com milhares de inscritos, como as 1.680 vagas para fuzileiros navais da Marinha, a redação funciona como um filtro rigoroso. Ela avalia não só a capacidade de escrita, mas também o pensamento crítico e a clareza na comunicação – habilidades essenciais para a carreira militar.
Na Aeronáutica, a prova textual reflete a necessidade de profissionais articulados, capazes de lidar com relatórios e decisões sob pressão. Para os cadetes do ar, por exemplo, a redação é parte de uma avaliação que prepara futuros líderes da Força Aérea.
Com concorrência elevada – em alguns casos, mais de 50 candidatos por vaga –, um texto bem escrito pode ser o diferencial que garante a classificação, especialmente em etapas eliminatórias e classificatórias como essas.