Um programa que vai além da habilitação
Quando se fala em CNH Social, muita gente pensa apenas na habilitação gratuita, mas o programa criado pelo governo do Acre e executado pelo Detran tem um alcance muito mais profundo. Desde 2022, a iniciativa oferece não só a isenção total dos custos da Carteira Nacional de Habilitação — incluindo exames, taxas e até três retestes — como também abre portas para que pessoas de baixa renda acessem oportunidades antes impossíveis.
Trata-se de uma política pública pensada para garantir autonomia, mobilidade e dignidade, especialmente para famílias que dependem do transporte próprio para trabalhar, estudar ou cuidar de questões pessoais e de saúde. Para participar, é preciso residir no Acre, estar inscrito no CadÚnico e atender aos critérios do edital, garantindo que o programa chegue justamente a quem mais precisa.
Inclusão e cidadania como prioridade
A presidente do Detran, Taynara Martins, destaca que o CNH Social se tornou um marco histórico para o Acre. Em suas palavras, o programa representa um avanço estrutural na inclusão social:
“A CNH Social não é apenas sobre emitir carteiras de motorista; é sobre mudar destinos. Estamos garantindo que milhares de famílias tenham acesso à autonomia e a novas oportunidades profissionais.”
Ela reforça ainda que, até 2026, mais de 22 mil famílias serão alcançadas, o que consolida o programa como uma política permanente de cidadania.
Investimento e expansão do programa
Para garantir a continuidade e a qualidade das ações, o governo estadual investe cerca de R$ 9 milhões por edição, somando R$ 36 milhões nas quatro edições já realizadas. Esse investimento assegura gratuidade total do processo — da aula teórica ao exame prático — e permite que o programa avance com regularidade. Desde 2022, mais de 12 mil pessoas já foram contempladas.
O efeito econômico é claro: mais profissionais capacitados ingressam em áreas como logística, entregas e serviços de transporte.
Educação e segurança no trânsito também avançam
Além de democratizar o acesso à habilitação, o programa reforça a segurança viária. Ações como o “Motociclista Consciente” ampliam o uso de capacetes e coletes refletivos entre trabalhadores que dependem da motocicleta para sobreviver.
O governador Gladson Cameli ressalta o valor social dessas iniciativas:
“Quando garantimos capacitação, proteção e respeito aos motociclistas, estamos cuidando de quem faz a cidade acontecer todos os dias. Isso é cidadania, isso é governar para as pessoas.”
Impacto social: Adão e Janaína representam a força transformadora do CNH Social
Autonomia e superação: a trajetória de Adão Santos
Entre os selecionados da edição de 2025, Adão Santos, diagnosticado com transtorno do espectro autista, tornou-se um símbolo do impacto social da CNH Social. Morador de Rio Branco, ele explica que a habilitação representa mais que um documento — trata-se do reconhecimento de sua autonomia e de seu direito de ocupar espaços que antes pareciam inalcançáveis.
Ele lembra com emoção o momento em que viu seu nome na lista:
“Quando vi meu nome na lista, eu não acreditei de primeira. Parecia que alguém tinha aberto uma porta que sempre esteve trancada para mim. Eu senti que, finalmente, o mundo estava dizendo: você também pode.”
A dedicação diária aos estudos foi intensa:
“Estudei todos os dias. Às vezes eu achava que não ia conseguir, que minha cabeça não acompanhava. Mas quando o resultado saiu, eu só consegui pensar: valeu a pena cada minuto. Foi como vencer um gigante.”
Ele também destaca o acolhimento recebido:
“Tem gente que acha que autista não dá conta. Eu sempre soube que dava, só precisava de oportunidade. A CNH Social foi essa oportunidade. Me trataram com respeito, com paciência… e isso faz toda a diferença.”
Agora, com a etapa teórica superada, Adão projeta o futuro com convicção:
“Eu quero dirigir para ter liberdade. Para ir e vir sem depender de ninguém. É mais que uma habilitação… é um pedaço da minha dignidade.”
Janaína Souza: independência para cuidar do filho autista e transformar a rotina da família
Contemplada na edição de 2024, Janaína Souza, mãe de duas crianças — uma delas autista —, afirma que a habilitação mudou completamente sua rotina.
Ela lembra que, ao ser selecionada, sentiu que uma porta se abria pela primeira vez:
“Quando soube que eu tinha sido contemplada na CNH Social, fiquei muito feliz. Eu ficava pensando mil e umas coisas… a independência de ir e vir, de saber dirigir, de poder agir numa urgência. Era algo que eu não achava possível por ter dois filhos e por causa do financeiro.”
Sobre os desafios enfrentados como mãe atípica, ela desabafa:
“Nós, mães atípicas, sempre temos que estar correndo atrás. Era muito ruim precisar de pessoas, depender de terceiros para resolver as coisas do meu filho.”
A CNH, para ela, significou autonomia:
“Eu vi a CNH Social como uma grande oportunidade. Como uma porta sendo aberta na minha vida.”
Democratização do direito de dirigir e seus efeitos duradouros
A ampliação do acesso à CNH é um ponto central defendido pelo governador Gladson Cameli, que reforça que o custo de uma habilitação no Brasil ainda é alto para a maioria da população. Ao remover essa barreira, o programa possibilita novos caminhos profissionais e melhora a mobilidade das famílias.
O papel das autoescolas na formação dos novos condutores
O proprietário de autoescola Wallace, reforça que a iniciativa fortalece o setor e aumenta a segurança nas ruas:
“O CNH Social faz com que muitas pessoas que antes dirigiam sem preparação passem a ter formação adequada. Isso profissionaliza o trânsito, fortalece a categoria e torna as vias mais seguras para todos.”
Compromisso com o futuro: novas vagas e continuidade garantida
Para 2026, estão previstas mais 5 mil vagas, com edital programado para fevereiro ou março. Segundo a presidente do Detran, Taynara Martins, a meta é continuar expandindo o programa e consolidando a CNH Social como uma das maiores políticas de inclusão do Acre:
“Enquanto existir alguém que precise da CNH para transformar sua vida, nós vamos continuar abrindo portas.”
