Brasília, 10 de julho de 2025 – O que antes era ameaça agora se tornou realidade. O governo dos Estados Unidos, sob nova gestão de Donald Trump, oficializou nesta terça-feira (9) a aplicação de uma tarifa de 50% sobre uma série de produtos brasileiros, incluindo aço, carne bovina, celulose, madeira processada, couro e grãos. A decisão acendeu o alerta máximo no governo brasileiro e acirrou de vez os ânimos entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A medida foi publicada por meio de um decreto comercial emergencial assinado por Trump, sob o argumento de “proteger empregos norte-americanos” e combater o que classificou como “práticas desleais de países que subsidiam suas exportações e prejudicam o mercado americano”.
“Estamos colocando a América em primeiro lugar. O Brasil, infelizmente, está entre os que exploraram nosso mercado por muito tempo. Isso acabou”, disse Trump durante um discurso em Dallas.
Lula: “É um ataque brutal ao Brasil”
Do outro lado do continente, o presidente Lula reagiu com veemência. Em pronunciamento transmitido em cadeia nacional, o chefe do Executivo brasileiro chamou a decisão de “um ato hostil, brutal e injustificado contra o Brasil e o povo trabalhador deste país”.
“Não vamos aceitar calados essa agressão. O Brasil recorrerá imediatamente à OMC e mobilizará todos os canais diplomáticos e comerciais contra essa arbitrariedade.” – afirmou Lula.
O Itamaraty já confirmou a convocação do embaixador brasileiro em Washington para consultas, e fontes do Palácio do Planalto indicam que o governo estuda aplicar medidas de retaliação a produtos americanos, além de intensificar acordos bilaterais com China, União Europeia e países africanos.
Repercussões econômicas no Brasil e no Acre
A decisão de Trump impacta diretamente setores-chave da economia brasileira. No Acre, o efeito deve ser sentido especialmente nos produtores de carne bovina, madeira legalizada, borracha natural e castanha, produtos que, nos últimos anos, vinham sendo exportados para os EUA com crescente relevância.
“Essa taxação tira nossa competitividade. Um contêiner de carne ou madeira do Acre, com 50% de tarifa, se torna inviável para o comprador americano. A cadeia produtiva vai sentir isso já nas próximas semanas”, explica o empresário rural Mateus Ferreira, da região do Alto Acre.
A Federação da Agricultura e Pecuária do Acre (Faeac) divulgou nota lamentando a medida e cobrando ações urgentes do governo federal para apoiar os pequenos e médios produtores.
Analistas apontam risco de guerra comercial
Especialistas em relações internacionais avaliam que a decisão de Trump pode abrir uma nova frente de guerra comercial, não só com o Brasil, mas com outros países latino-americanos que também sofreram restrições semelhantes.
“Trump está sinalizando que pretende isolar comercialmente os EUA de qualquer nação que não se alinhe 100% aos seus interesses. Isso rompe a lógica do multilateralismo e pode mergulhar o comércio global em uma nova era de instabilidade”, alerta a professora de política internacional Mariana Diniz, da Universidade de Brasília (UnB).
Dólar dispara, mercados reagem
A notícia também impactou os mercados. O dólar subiu 3,2% frente ao real, fechando em R$ 6,15. A bolsa de valores brasileira teve queda de 2,7%, puxada por ações do setor de commodities. Empresas como JBS, Suzano, Klabin e Gerdau estão entre as mais afetadas.
O que está em jogo:
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EUA aplicam tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
EUA aplicam tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.•
Lula denuncia ataque e promete reação imediata na OMC.
Lula denuncia ataque e promete reação imediata na OMC.•
Especialistas temem guerra comercial global.
Especialistas temem guerra comercial global.•
Produtores do Acre podem sofrer forte impacto nas exportações.
Produtores do Acre podem sofrer forte impacto nas exportações.•
Mercados financeiros reagem negativamente à tensão diplomática.
Mercados financeiros reagem negativamente à tensão diplomática.E agora?
Enquanto o mundo assiste à escalada entre duas das maiores economias das Américas, o Brasil tenta reagir diplomaticamente e comercialmente para conter os danos e preservar sua imagem no cenário global. No centro da disputa, trabalhadores, produtores e consumidores de ambos os países podem acabar pagando a conta mais alta.






