Fortes tempestades atingiram o Rio Grande do Sul entre a noite de 16 e a madrugada de 17 de junho de 2025, causando alagamentos, bloqueios de rodovias e suspensão de aulas em diversas cidades, principalmente nas regiões Central, Oeste e dos Vales. Mais de 200 milímetros de chuva foram registrados em alguns municípios, superando o dobro do previsto para todo o mês, segundo a Climatempo. Famílias foram desalojadas, e a Defesa Civil emitiu alertas de alto risco devido ao transbordamento de arroios e possibilidade de enchentes. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê que as instabilidades climáticas persistam até pelo menos 19 de junho, com chances de granizo e ventos de até 80 km/h. A situação mobiliza autoridades e expõe a vulnerabilidade de áreas urbanas e rurais.
A intensidade das chuvas pegou muitos moradores desprevenidos. Em Santa Maria, por exemplo, o volume de chuva em 24 horas ultrapassou 100 milímetros, quase o total esperado para junho. Rajadas de vento e descargas elétricas agravaram os danos, enquanto a população enfrenta dificuldades para se deslocar ou permanecer em suas residências.
As consequências do temporal vão além dos alagamentos.
- Rodovias como a RSC-287 e a RSC-377 foram bloqueadas por deslizamentos e transbordamentos.
- Escolas suspenderam aulas em cidades como Agudo, São Sepé e Restinga Seca.
- Pelo menos 56 famílias em Santa Maria sofreram prejuízos, com 24 desalojadas.
- Em Encruzilhada do Sul, o Arroio Lava Pés transbordou, invadindo casas.
O cenário reflete a força de um bloqueio atmosférico que impede o avanço de frentes frias, concentrando instabilidades no estado.
Alagamentos transformam rotina de cidades
Cidades como Encruzilhada do Sul, Mata e Cachoeira do Sul enfrentam um cenário caótico. Em Encruzilhada, o Arroio Lava Pés alcançou 30 centímetros de altura em ruas, forçando oito famílias a se abrigarem em um ginásio. Já o Arroio Rondinha, na mesma cidade, invadiu três casas com quase 50 centímetros de água. A prefeitura agiu rapidamente, mas a interdição de vias comprometeu o acesso.
Em Cachoeira do Sul, o Arroio Piquiri transbordou, afetando sete famílias da Vila Piquiri. A Defesa Civil resgatou os moradores, que agora estão no salão comunitário da vila. A situação em Segredo é ainda mais crítica: a cidade ficou ilhada após o Arroio Segredo subir com 112 milímetros de chuva, bloqueando todas as saídas.
As chuvas também trouxeram granizo. Em Santana do Livramento, na Fronteira Oeste, pedras de gelo cobriram ruas, assustando moradores. Mata registrou alagamentos que tornaram vias intransitáveis. A combinação de chuva forte, granizo e ventos intensos exige resposta imediata das autoridades.
Rodovias bloqueadas dificultam mobilidade
O impacto nas estradas é um dos maiores desafios. Várias rodovias estaduais foram afetadas, comprometendo o transporte de cargas e o deslocamento da população.
- RSC-153, em Vale do Sol: deslizamento bloqueou parcialmente a via.
- RSC-287, em Novo Cabrais: transbordamento do Arroio Barriga interrompeu o tráfego.
- RSC-377, em São Francisco de Assis: deslizamento causou bloqueio total.
- ERS-502, entre Cachoeira do Sul e Novo Cabrais: água sobre a pista impede a passagem.
A Polícia Rodoviária Estadual monitora as vias, mas a previsão de mais chuvas até quinta-feira preocupa. Motoristas são orientados a evitar viagens desnecessárias e buscar rotas alternativas, quando disponíveis.
Em áreas urbanas, a situação não é menos grave. Ruas alagadas em Mata e Santa Maria dificultam o acesso a serviços essenciais. Em Santa Maria, o observatório Bate-Papo Astronômico registrou 1,3 mil raios em apenas oito horas, evidenciando a intensidade elétrica do temporal.
Suspensão de aulas reflete cuidados com segurança
A suspensão de aulas foi uma medida adotada por várias prefeituras para proteger estudantes e funcionários. Em Agudo, as escolas municipais Olavo Bilac e 7 de Setembro interromperam as atividades. São Sepé suspendeu o transporte escolar, mantendo aulas apenas para alunos que não dependem desse serviço.
Outras cidades, como Restinga Seca, São Martinho da Serra e Venâncio Aires, também paralisaram o funcionamento de escolas. A lista inclui:
- Nova Palma
- Jaguari
- Sobradinho
- Arroio do Tigre
- Paraíso do Sul
A decisão reflete a preocupação com alagamentos e a dificuldade de locomoção. Em algumas localidades, as chuvas danificaram estruturas escolares, exigindo reparos antes da retomada.
Previsão de mais chuvas mantém alerta
A Climatempo prevê que o Rio Grande do Sul enfrente mais chuvas intensas nos próximos dias, com acumulados que podem superar 200 milímetros em regiões como o Norte e a Fronteira Oeste. O Inmet reforça o alerta para temporais com granizo, descargas elétricas e ventos de até 80 km/h.
Na quarta-feira, 18 de junho, o Sul do estado deve ser o mais afetado, com risco de transbordamento de córregos e enchentes. Na quinta-feira, as instabilidades persistem, especialmente na Região Central e no Norte, onde a chuva será persistente.
O bloqueio atmosférico, causado por uma área de alta pressão no interior do Brasil, é o principal responsável. Ele impede a dispersão de frentes frias, concentrando nuvens carregadas no RS. A formação de uma baixa pressão e o deslocamento de uma frente fria agravam o cenário, segundo meteorologistas.
Medidas emergenciais em andamento
A Defesa Civil estadual atua em várias frentes para mitigar os impactos. Em Santa Maria, 178 pessoas foram afetadas, com 84 desalojadas e nove desabrigadas, acolhidas no Centro Desportivo Municipal. Em Mata, 30 moradores precisaram deixar suas casas.
As prefeituras reforçam a limpeza de bueiros e a manutenção de sistemas de drenagem, mas a quantidade de chuva supera a capacidade de escoamento em muitas áreas. Equipes de resgate permanecem em alerta, e abrigos temporários foram abertos para receber desalojados.
A população é orientada a evitar áreas de risco, como encostas e margens de rios. A Defesa Civil disponibilizou canais para denúncias de emergências, e o governo estadual avalia a liberação de recursos para os municípios mais afetados.
Histórico de chuvas intensas no RS
O Rio Grande do Sul tem enfrentado eventos climáticos extremos com frequência nos últimos anos. Em 2023 e 2024, enchentes devastadoras deixaram milhares de desalojados e causaram prejuízos bilionários. A topografia do estado, com rios e arroios que cortam áreas urbanas, amplifica os impactos das chuvas.
Especialistas apontam que a combinação de mudanças climáticas e urbanização desordenada aumenta a vulnerabilidade. A ocupação de áreas de risco e a falta de infraestrutura adequada para drenagem são problemas recorrentes. Apesar de investimentos em prevenção, como diques e estações de bombeamento, muitas cidades ainda sofrem com alagamentos.
Como a população pode se preparar
A Defesa Civil e o Inmet recomendam medidas preventivas para minimizar riscos durante temporais.
- Monitorar alertas meteorológicos: acompanhar comunicados oficiais em sites e aplicativos.
- Evitar áreas alagadas: não atravessar ruas ou pontes com acúmulo de água.
- Proteger pertences: elevar móveis e eletrodomésticos em áreas suscetíveis a inundações.
- Manter contato com autoridades: informar a Defesa Civil sobre situações de risco.
A orientação é especialmente importante em cidades com histórico de enchentes, como Encruzilhada do Sul e Cachoeira do Sul. A colaboração entre moradores e poder público é essencial para reduzir danos.