As chuvas intensas que assolam o Rio Grande do Sul desde o início da semana já deixaram um rastro de destruição, com três mortes confirmadas, uma pessoa desaparecida e mais de 6 mil desalojados. A Defesa Civil estadual reportou, na manhã desta sexta-feira (20), que 98 municípios registraram prejuízos, incluindo alagamentos, deslizamentos de terra e danos em infraestrutura. O cenário de calamidade mobiliza equipes de resgate e mantém o estado em alerta máximo, com cinco rios acima da cota de inundação. As tragédias ocorreram em Sapucaia do Sul, Candelária e Caxias do Sul, enquanto autoridades intensificam esforços para atender a população. A combinação de chuvas persistentes e rios transbordando agrava a situação, exigindo ações emergenciais.
O impacto das chuvas vai além das perdas humanas. Em Sapucaia do Sul, um idoso de 72 anos morreu após uma árvore cair sobre seu carro, enquanto em Candelária uma mulher foi vítima da correnteza. Em Caxias do Sul, um jovem perdeu a vida ao ser arrastado por um arroio. As autoridades locais enfrentam desafios para restabelecer a normalidade em meio a estradas bloqueadas e pontes danificadas.
- Municípios afetados: 98 cidades registraram danos.
- Pessoas impactadas: Mais de 6 mil desalojadas ou em abrigos.
- Resgates realizados: 552 pessoas salvas pelas equipes de emergência.
A situação exige atenção redobrada, especialmente nas regiões onde os rios Taquari, Caí, Ibirapuitã, Ibicuí e Jacuí ultrapassaram níveis críticos. A previsão de mais chuvas mantém a população em alerta.
Impactos devastadores nas cidades gaúchas
O Rio Grande do Sul enfrenta uma das piores crises climáticas de 2025, com 98 municípios relatando prejuízos significativos. Em Porto Alegre, ruas alagadas e moradores desalojados evidenciam a gravidade do cenário. A capital, que ainda se recupera das enchentes de 2024, vê o Guaíba em níveis preocupantes, embora abaixo do pico histórico do ano anterior. Em cidades como Lajeado e São Sebastião do Caí, os rios Taquari e Caí transborda, inundando bairros inteiros.
Em Sapucaia do Sul, a tragédia de Mauro Perfeito da Silva, de 72 anos, chocou a comunidade. Ele dirigia pela Avenida Rubem Berta quando uma árvore, derrubada pelo vento, atingiu seu veículo. Sua filha, que o acompanhava, sofreu ferimentos, mas sobreviveu. O caso reflete os perigos das condições climáticas extremas, que combinam chuvas intensas com rajadas de vento.
Candelária, no Vale do Rio Pardo, também foi palco de uma tragédia. Geneci da Rosa, de 54 anos, morreu após o carro em que estava ser arrastado pela correnteza. Seu marido, de 65 anos, permanece desaparecido, e as buscas continuam sob condições adversas. O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) trabalha incansavelmente, mas as chuvas dificultam as operações.
Rios em alerta e desafios logísticos
A elevação dos níveis dos rios é um dos principais agravantes da crise. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), cinco rios ultrapassaram a cota de inundação, colocando em risco comunidades ribeirinhas.
- Rio Taquari: Em Lajeado, atingiu 22,23 metros, superando a cota de 19 metros.
- Rio Caí: Em São Sebastião do Caí, chegou a 12,64 metros, acima dos 10,5 metros de segurança.
- Rio Ibirapuitã: Em Alegrete, alcançou 11,81 metros, contra a cota de 9,7 metros.
- Rio Ibicuí: Em Manoel Viana, registrou 11,15 metros, acima dos 9,6 metros.
- Rio Jacuí: Em Dona Francisca, está em 8,19 metros, superando os 7,5 metros.
Esses números refletem a pressão sobre as bacias hidrográficas, que não conseguem absorver o volume de água. Em cidades como Jaguari, cerca de 1.200 pessoas foram desalojadas devido à cheia do rio homônimo. A logística de resgate e distribuição de suprimentos é outro desafio, com estradas bloqueadas e pontes danificadas.
Em Canoas, a prefeitura abriu um abrigo com capacidade para 150 pessoas, mas a chuva de 69 milímetros em apenas quatro horas na madrugada de quarta-feira (18) intensificou os alagamentos. A interrupção de uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) no bairro Mathias Velho, devido a inundações, transferiu a demanda para o Hospital Nossa Senhora das Graças, sobrecarregando o sistema de saúde.
Esforços de resgate e apoio à população
As equipes de resgate, incluindo o Corpo de Bombeiros e a Brigada Militar, já salvaram 552 pessoas desde o início das chuvas. Em Porto Alegre, voluntários com embarcações e motos aquáticas auxiliam nas operações, especialmente em áreas de difícil acesso. A Defesa Civil orienta a população a evitar áreas de risco e a acionar os números de emergência 199 ou 193 em caso de necessidade.
Em São Leopoldo, o rio dos Sinos ultrapassou a cota de atenção, atingindo 3,60 metros, mas ainda está abaixo do nível de inundação. As autoridades monitoram a situação de perto, já que a elevação média de 2,7 centímetros por hora pode agravar o quadro. Na Serra Gaúcha, o risco de deslizamentos de terra é alto, especialmente em Caxias do Sul e Nova Petrópolis, onde a morte de Mario César Trielweiler Gonçalves, de 21 anos, ocorreu após a cabeceira de uma ponte ceder.
A solidariedade também marca o momento. Em Jaguari, 350 moradores foram encaminhados para abrigos municipais, onde recebem assistência. Doações de alimentos, roupas e itens de higiene são organizadas por entidades locais, enquanto o governo estadual coordena esforços para atender os mais de 6 mil desalojados.
Prevenção e alerta para novas chuvas
A Defesa Civil mantém o estado em alerta máximo, com previsões indicando a continuidade de chuvas, embora em menor intensidade a partir desta sexta-feira (20). As regiões da Serra, Vales e Metropolitana de Porto Alegre são as mais vulneráveis, com risco de alagamentos e deslizamentos.
Para minimizar os impactos, as autoridades recomendam:
- Evitar áreas alagadas: Não atravessar ruas inundadas a pé ou de carro.
- Monitorar alertas oficiais: Acompanhar comunicados da Defesa Civil e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
- Proteger bens essenciais: Elevar móveis e eletrodomésticos em áreas de risco.
- Buscar abrigo seguro: Sair de casa com antecedência em caso de elevação dos rios.
A combinação de chuvas persistentes e solos encharcados aumenta a probabilidade de novos incidentes. Em 2024, o estado enfrentou enchentes históricas que deixaram 183 mortes e mais de 2,3 milhões de pessoas afetadas, o que reforça a necessidade de medidas preventivas.
Histórico de tragédias climáticas no RS
O Rio Grande do Sul tem um longo histórico de desastres climáticos, agravado por sua geografia e pela influência de fenômenos como o El Niño. Em maio de 2024, a maior tragédia climática do estado resultou em 183 óbitos e 27 desaparecidos, com 471 municípios impactados. As chuvas atuais, embora menos intensas, reacendem o trauma de comunidades que ainda se recuperam.
Cidades como Canoas, Lajeado e Porto Alegre, que sofreram inundações devastadoras no último ano, enfrentam agora novos desafios. A repetição de eventos climáticos extremos levanta debates sobre a necessidade de investimentos em infraestrutura, como sistemas de drenagem e contenção de cheias. Em Porto Alegre, o sistema de comportas do Guaíba, que falhou em 2024, segue sob pressão.
A tragédia de 2025, com três mortes confirmadas até o momento, evidencia a vulnerabilidade do estado. A Defesa Civil e o governo estadual trabalham para evitar que o número de vítimas cresça, mas a previsão de chuvas persistentes mantém a tensão.
O post Chuvas devastam Rio Grande do Sul: 3 mortes confirmadas e mais de 6 mil desalojados apareceu primeiro em Mix Vale.