A detecção de um caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil desencadeou uma resposta imediata no mercado internacional. Localizado em Montenegro, no Rio Grande do Sul, o foco da doença foi confirmado pelo Ministério da Agricultura na manhã de 16 de maio de 2025. A China, um dos principais destinos das exportações brasileiras de carne de frango, anunciou a suspensão das importações por 60 dias. A medida reflete a cautela do país asiático diante de surtos de influenza aviária.
O impacto da decisão chinesa reverbera em toda a cadeia produtiva brasileira. O Brasil, maior exportador mundial de carne de frango, enviou cerca de US$ 10 bilhões em produtos avícolas para o exterior em 2024, com a China representando uma fatia significativa desse montante. A interrupção temporária das compras pode gerar prejuízos econômicos e pressionar os produtores locais a buscar novos mercados.
- Principais pontos do caso:
- Primeiro foco de influenza aviária de alta patogenicidade em granja comercial no Brasil.
- Suspensão das exportações de frango para a China por 60 dias, a partir de 16 de maio.
- Medidas de contenção incluem isolamento da área e eliminação das aves em Montenegro.
- Consumo de carne de frango e ovos segue seguro, segundo o Ministério da Agricultura.
A notícia do surto gerou alerta no setor avícola, mas autoridades reforçam que não há risco para consumidores. A investigação agora se concentra em um raio de 10 km ao redor da granja afetada, com o objetivo de identificar possíveis outros casos e conter a disseminação do vírus.

Reações do setor avícola
O anúncio da suspensão chinesa pegou o setor avícola brasileiro de surpresa. Representantes de associações como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) expressaram preocupação com os impactos econômicos da medida. Em 2024, o Brasil exportou mais de 5 milhões de toneladas de carne de frango, sendo a China o segundo maior comprador, atrás apenas da Arábia Saudita. A interrupção, mesmo que temporária, pode afetar contratos já firmados e gerar acúmulo de estoques.
A ABPA informou que está em diálogo com o governo federal para acelerar negociações com a China e minimizar os prejuízos. Além disso, o setor busca diversificar os destinos de exportação, mirando mercados como México e Índia, que têm aumentado a demanda por proteína animal.
- Ações imediatas do setor:
- Reuniões emergenciais com o Ministério da Agricultura para traçar estratégias.
- Reforço em protocolos de biossegurança nas granjas.
- Busca por novos mercados para compensar a suspensão chinesa.
Apesar do cenário desafiador, especialistas destacam que o Brasil tem uma longa história de controle eficiente de doenças avícolas. A rápida resposta à detecção em Montenegro, com o isolamento da área e a eliminação das aves, foi apontada como um sinal de preparo do país para lidar com o surto.
Histórico da gripe aviária no Brasil
Casos de influenza aviária no Brasil eram, até agora, restritos a aves silvestres. Desde 2023, o país registrou surtos em regiões como o litoral de São Paulo e Santa Catarina, mas nenhum deles em granjas comerciais. A detecção em Montenegro marca um novo capítulo na luta contra a doença, que circula globalmente desde 2006, com maior incidência na Ásia e na Europa.
O vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) é conhecido por sua rápida disseminação entre aves. Em granjas, a densidade populacional facilita a propagação, exigindo medidas drásticas como o sacrifício de animais e a desinfecção de instalações. No caso de Montenegro, as autoridades agiram rapidamente para conter o foco, mas a investigação em um raio de 10 km segue em curso para avaliar o alcance do problema.
A Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul reforçou a vigilância em propriedades avícolas da região. Equipes técnicas estão coletando amostras e monitorando sinais da doença em aves, enquanto os produtores foram orientados a adotar medidas rigorosas de biossegurança.
Medidas de contenção em Montenegro
A granja em Montenegro foi imediatamente isolada após a confirmação do caso. Todas as aves do local foram sacrificadas, e as instalações estão passando por um processo de desinfecção. A área ao redor da propriedade foi declarada zona de restrição, com controle rigoroso de entrada e saída de pessoas, veículos e produtos.
O Ministério da Agricultura destacou que a detecção precoce foi fundamental para evitar a propagação do vírus. Testes laboratoriais identificaram o subtipo H5N1, amplamente conhecido por sua alta patogenicidade em aves. Apesar do risco para a avicultura, o governo reiterou que não há evidências de transmissão do vírus para humanos por meio do consumo de carne ou ovos.
- Protocolos adotados:
- Sacrifício de todas as aves na granja afetada.
- Desinfecção completa das instalações.
- Restrição de circulação em um raio de 10 km.
- Coleta de amostras em propriedades próximas.
- Orientação aos produtores para reforçar a biossegurança.
A experiência de outros países, como os Estados Unidos, que enfrentaram surtos de gripe aviária em 2024, serviu de base para as ações brasileiras. A colaboração com órgãos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), também está sendo intensificada para garantir que as medidas sigam padrões globais.
Cenário econômico das exportações
O Brasil consolidou-se como líder mundial na exportação de carne de frango, superando concorrentes como os Estados Unidos e a Tailândia. Em 2024, o país respondeu por cerca de 40% do comércio global de frango, com a China importando mais de 600 mil toneladas do produto brasileiro. A suspensão das compras por 60 dias representa um revés significativo, especialmente para grandes empresas como BRF e JBS, que têm forte presença no mercado chinês.
A interrupção pode elevar os custos de armazenagem e forçar a redução de preços em outros mercados, impactando a rentabilidade do setor. Pequenos e médios produtores, que dependem de cadeias de distribuição mais curtas, também podem enfrentar dificuldades. O governo federal já sinalizou que buscará acordos para retomar as exportações o quanto antes, mas a decisão final depende das autoridades chinesas.
Vigilância sanitária no Rio Grande do Sul
O Rio Grande do Sul, maior produtor de frango do Brasil, concentra cerca de 20% da avicultura nacional. A região tem um histórico de rigor sanitário, mas o caso de Montenegro expôs a vulnerabilidade do setor a doenças emergentes. A Secretaria de Agricultura estadual ampliou a fiscalização em granjas e criou um comitê de crise para coordenar as ações de combate ao vírus.
Produtores da região foram orientados a monitorar sintomas em aves, como dificuldade respiratória e queda na produção de ovos. Além disso, o transporte de aves e produtos avícolas dentro do estado está sendo controlado para evitar a disseminação do vírus. A expectativa é que os resultados das análises em outras propriedades sejam divulgados nos próximos dias.
- Medidas de vigilância:
- Fiscalização intensiva em granjas do Rio Grande do Sul.
- Monitoramento de sintomas em aves.
- Controle do transporte de produtos avícolas.
- Criação de um comitê de crise estadual.
A população local também foi informada sobre a segurança do consumo de carne de frango. Campanhas educativas estão sendo planejadas para esclarecer que a gripe aviária não representa risco alimentar, mas exige cuidados no manejo de aves vivas.
Relações comerciais com a China
A China é um parceiro estratégico para o agronegócio brasileiro, não apenas na avicultura, mas também em setores como soja e carne bovina. A suspensão das importações de frango reflete a política rigorosa do país em relação à biossegurança, especialmente após surtos de doenças animais em outras nações. Em 2024, a China já havia restringido temporariamente as compras de frango brasileiro devido a um caso de doença de Newcastle, mas as negociações permitiram a retomada parcial das exportações.
Desta vez, o governo brasileiro está mobilizando equipes diplomáticas para dialogar com as autoridades chinesas. O objetivo é demonstrar que o caso de Montenegro é isolado e que o Brasil mantém altos padrões de controle sanitário. A experiência de outros países, como a Tailândia, que enfrentou restrições semelhantes, mostra que a retomada das exportações depende de auditorias rigorosas e da apresentação de dados confiáveis.
Riscos para a saúde pública
Embora a influenza aviária de alta patogenicidade seja letal para aves, o risco para humanos é considerado baixo. Casos de transmissão ao homem são raros e geralmente ocorrem em pessoas que trabalham diretamente com aves infectadas, como tratadores e veterinários. No Brasil, não há registros de infecções humanas pelo vírus H5N1, e o Ministério da Saúde está monitorando a situação em Montenegro.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda medidas como o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) por trabalhadores do setor avícola e a higienização frequente de instalações. No Rio Grande do Sul, os profissionais que atuaram na granja afetada estão sendo acompanhados por equipes de saúde.
- Cuidados recomendados:
- Uso de EPIs por tratadores e veterinários.
- Higienização de instalações avícolas.
- Monitoramento de trabalhadores expostos.
- Comunicação clara sobre a segurança do consumo de carne e ovos.
A baixa probabilidade de transmissão não elimina a necessidade de vigilância. Países como os Estados Unidos e o México, que enfrentaram surtos recentes, reforçaram a importância de medidas preventivas para proteger tanto a saúde animal quanto a humana.
Alternativas para o setor avícola
Com a suspensão das exportações para a China, o Brasil está buscando alternativas para absorver a produção excedente. Mercados como o Japão, que já importa quantidades significativas de frango brasileiro, podem aumentar suas compras. Além disso, países do Oriente Médio, como os Emirados Árabes Unidos, têm demonstrado interesse em produtos avícolas certificados como halal.
Internamente, o consumo de carne de frango permanece estável, mas a oferta adicional pode pressionar os preços no mercado doméstico. Grandes frigoríficos estão avaliando estratégias como promoções e parcerias com redes de varejo para evitar perdas. A diversificação de mercados e a aposta em produtos de maior valor agregado, como cortes especiais e alimentos processados, também estão no radar do setor.
Avanços na biossegurança
A detecção do caso em Montenegro reforçou a importância de investimentos em biossegurança. Nos últimos anos, o Brasil implementou programas de treinamento para produtores e modernizou sistemas de monitoramento em granjas. Equipamentos como sensores de temperatura e sistemas de ventilação controlada ajudam a reduzir o risco de doenças.
O Ministério da Agricultura anunciou que ampliará os recursos para pesquisas sobre a influenza aviária, incluindo o desenvolvimento de vacinas para aves. Embora a vacinação não seja amplamente utilizada no Brasil, países como a China e o México já adotam essa estratégia em regiões de alto risco. A decisão de implementar vacinas exigirá estudos detalhados para avaliar a viabilidade econômica e sanitária.
- Inovações em biossegurança:
- Treinamento contínuo para produtores.
- Uso de tecnologias de monitoramento em granjas.
- Investimentos em pesquisas sobre vacinas.
- Parcerias com instituições internacionais para troca de conhecimento.
O fortalecimento dessas medidas é visto como essencial para manter a competitividade do Brasil no mercado global de carne de frango. A confiança dos importadores depende da capacidade do país de demonstrar controle rigoroso sobre doenças animais.