Cantor enfrenta processo milionário após morte de criança em fazenda: Amado Batista nega responsabilidade

Amado Batista, ícone da música sertaneja brasileira, está no centro de uma batalha judicial que pode custar quase R$ 1 milhão. O cantor, que recentemente casou com a miss Calita Franciele, 51 anos mais jovem, enfrenta um processo movido por Tatiane Francisca e Jorlan Barbosa, ex-caseiros de sua fazenda em Goianápolis, na Região Metropolitana de Goiânia. O motivo é a morte trágica do filho do casal, de apenas 3 anos, que se afogou em uma piscina da propriedade em maio de 2022. Os pais alegam negligência por parte dos funcionários do artista e pedem indenização por danos morais e pensão, enquanto Amado rebate, afirmando que a responsabilidade é dos próprios ex-empregados.

O caso, que tramita na Justiça de Goiás desde 2023, ganhou destaque após a defesa do cantor apresentar sua versão, negando qualquer culpa na fatalidade. Segundo os autos, o casal acusa a fazenda de não ter cercado a piscina, apesar de solicitações, e de ter levado a criança a um hospital menos equipado no interior, em vez de uma unidade mais avançada em Goiânia. A disputa agora se encaminha para um julgamento previsto para o segundo semestre de 2025, com ambas as partes preparando testemunhas e estratégias para o confronto em audiência.

Além da tragédia, o processo expõe detalhes da vida pessoal e profissional de Amado Batista, cujo patrimônio é estimado em cifras bilionárias, fruto de décadas de sucesso na música e investimentos no agronegócio. O cantor, que vendeu mais de 13 milhões de discos, também chamou atenção recentemente ao se casar com Calita, de 23 anos, em uma cerimônia realizada em sua fazenda em Cocalinho, Mato Grosso.

Detalhes da tragédia que abalou a fazenda

A morte do menino de 3 anos ocorreu em 20 de maio de 2022, pouco mais de um mês após Tatiane e Jorlan serem contratados como caseiros da propriedade em Goianápolis. Segundo o relato do casal, a criança caiu na piscina sem tela de proteção enquanto estava sob os cuidados da irmã mais velha. Eles afirmam que já haviam pedido a um funcionário de Amado que a área fosse cercada, mas o pedido foi ignorado, configurando, para eles, uma negligência direta do cantor e de sua equipe.

Após o acidente, o gerente da fazenda socorreu o menor e o levou a uma unidade de saúde em Terezópolis, cidade vizinha, onde o óbito foi constatado. Os pais argumentam que o hospital mais próximo, com melhores recursos, ficava a cerca de 15 km da propriedade, e que a decisão de não encaminhar a criança para Goiânia contribuiu para o desfecho fatal.

Amado Batista, por sua vez, contesta essa narrativa. Em sua defesa, ele alega que a fazenda não tem obrigação de vigiar os filhos dos colaboradores e que a distância da residência do casal até a piscina — cerca de 60 metros — indica falha dos pais no cuidado com o menino. O cantor também nega ter sido informado sobre qualquer solicitação para cercar a área.

Acusações e contra-ataques na Justiça

O processo tomou proporções ainda mais intensas com as acusações adicionais de Tatiane e Jorlan. Eles relatam que, pouco tempo após a morte do filho, Amado promoveu uma festa na fazenda, com bebidas e som alto, o que interpretaram como desrespeito ao luto da família. Além disso, afirmam que foram demitidos meses depois, sob a justificativa de má higiene no preparo de alimentos — alegação que Tatiane, responsável pela cozinha, refuta categoricamente.

Na resposta judicial, o cantor questiona a veracidade do afogamento na piscina de sua propriedade e classifica a indenização pedida — R$ 500 mil por danos morais e R$ 450 mil de pensão — como “esdrúxula e imoral”. Ele sugere que o valor não deveria ultrapassar R$ 10 mil, reforçando que a culpa recai exclusivamente sobre os pais da criança por negligência no dever de vigilância.

A guerra de versões transforma o caso em um embate emocional e jurídico. Enquanto o casal busca reparação financeira e reconhecimento da tragédia, Amado aposta em uma defesa que transfere a responsabilidade, alegando que a fazenda, com mais de 45 funcionários, não pode ser responsabilizada pelas ações dos colaboradores fora do expediente laboral.

Cronograma do processo e desafios logísticos

O julgamento, agendado para o segundo semestre de 2025, será um marco na disputa. Veja as principais etapas previstas:

  • 2023: Início do processo na Justiça de Goiás.
  • Março de 2025: Divulgação das testemunhas e preparativos para a audiência.
  • Segundo semestre de 2025: Julgamento com depoimentos das partes e testemunhas.

A logística para a audiência enfrenta obstáculos. Tatiane e Jorlan tentam intimar testemunhas que ainda trabalham para Amado, mas a localização remota da fazenda dificulta o acesso de oficiais de Justiça. O casal também pede a aplicação da confissão ficta — quando a ausência do réu é interpretada como admissão de culpa — caso o cantor não compareça.

Já Amado indicou três testemunhas, enquanto os ex-caseiros tiveram seus planos frustrados: o irmão de Tatiane e sua cunhada foram vetados por vínculo familiar. A definição das vozes que serão ouvidas será crucial para o desfecho do caso.

Vida pessoal de Amado Batista em destaque

Paralelamente ao drama judicial, a vida pessoal do cantor ganhou os holofotes. Em 15 de março, Amado, de 74 anos, casou-se com Calita Franciele, de 23 anos, na Fazenda AB, em Cocalinho, Mato Grosso. A propriedade, avaliada em R$ 350 milhões, foi palco de uma cerimônia que uniu o veterano da música sertaneja à jovem bióloga e Miss Mato Grosso 2024. A diferença de 51 anos entre os dois gerou debates nas redes sociais, mas o casal segue firme, com Calita organizando detalhes do evento via WhatsApp.

A fazenda vendida por Amado em 2025, com 7.200 km² e 17 mil cabeças de gado, reforça sua posição como um dos maiores pecuaristas do Brasil. Mesmo após a transação, o cantor mantém outras propriedades e um faturamento anual estimado em R$ 135 milhões com a venda de 25 mil cabeças de gado.

Negligência ou fatalidade: o que diz a defesa

A defesa de Amado Batista, conduzida pelo advogado Maurício Carvalho, sustenta que o cantor não tem responsabilidade legal sobre o ocorrido. O argumento central é que a fazenda prestou assistência imediata, levando a criança ao hospital mais próximo, em Terezópolis, e que Goiânia, mais distante, não era uma opção viável. Eles rejeitam a ideia de negligência e afirmam que os pais falharam ao deixar o menino sem supervisão adequada.

O advogado também contesta a acusação sobre a festa, destacando que Amado não consome álcool e que a família recebeu suporte após o acidente. Para a defesa, o processo é uma tentativa dos ex-caseiros de lucrar com a tragédia, explorando a fama e a fortuna do cantor.

Demandas do casal e o peso da indenização

Tatiane e Jorlan buscam justiça financeira e emocional. O pedido de R$ 950 mil se divide em duas partes:

  • R$ 500 mil por danos morais, pela dor da perda e pelo suposto desrespeito de Amado.
  • R$ 450 mil como pensão única, equivalente a 65 anos de vida que a criança poderia ter, ou uma mensalidade até essa idade.

A quantia reflete o impacto devastador da perda para o casal, que voltou ao trabalho na fazenda por necessidade antes de ser dispensado. A batalha judicial agora depende de como o juiz interpretará as provas e os depoimentos.

Trajetória de sucesso e controvérsias de Amado

Amado Batista construiu uma carreira lendária na música brasileira, com hits como “Princesa” e “Meu Ex-Amor”. Desde os anos 1980, ele investiu no agronegócio, acumulando fazendas em Goiás e Mato Grosso. Sua venda recente de uma propriedade por R$ 350 milhões a uma empresa de grãos em Mato Grosso mostra sua visão estratégica no setor, que segue lucrativo mesmo após o episódio judicial.

Controvérsias, porém, não são novidade. Em 2014, ele enfrentou uma multa de R$ 1 milhão do Ibama por suposto desmatamento, mas isso não freou seu império rural. O processo atual adiciona uma nova camada de desafios à imagem pública do cantor.

O que esperar do julgamento

Com o julgamento se aproximando, o caso promete manter Amado Batista sob os refletores. A audiência será decisiva para determinar se a fazenda falhou em suas obrigações ou se os pais carregam a responsabilidade exclusiva. A dificuldade de intimar testemunhas e a distância da propriedade rural podem atrasar o processo, mas a Justiça de Goiás já sinaliza empenho em resolver a disputa.

A presença ou ausência de Amado no tribunal também será um ponto-chave. Se ele não comparecer, Tatiane e Jorlan esperam que a confissão ficta seja aplicada, fortalecendo sua posição. Enquanto isso, o cantor segue sua rotina de shows e negócios, com uma legião de fãs acompanhando cada passo dessa história que mistura fama, tragédia e dinheiro.