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Gladson Cameli sumiu. Não aparece em coletivas, não dá entrevistas, evita palanques. Mas basta uma conversa com quem circula pelos bastidores do poder no Acre para ouvir uma certeza: ele ainda manda. E muito.
A pergunta que importa não é se Cameli está fora. É se alguém realmente assumiu o controle no lugar dele.
Quando, onde, por que esse sumiço?
Desde o fim de junho, o governador Gladson Cameli tem evitado a exposição pública. A última grande aparição foi durante a entrega de obras de infraestrutura no interior, quando ele fez um discurso protocolar e desapareceu antes mesmo do encerramento da cerimônia.
Fontes do próprio governo dizem que a ordem é clara: “discrição total”. Nada de confrontos, nada de entrevistas polêmicas. A ideia é proteger o nome, evitar novos ruídos com o Judiciário e permitir que o “projeto 2026” se articule por fora.
Mas essa tática está longe de significar fraqueza. Na prática, Cameli tem mantido — e até reforçado — sua influência.
O gabinete paralelo e o “telefone que toca”
Deputados estaduais, secretários, prefeitos e até empresários confirmam, nos bastidores, que “o telefone de Gladson ainda toca”. Ele é consultado sobre nomeações, projetos estratégicos e alianças para a próxima eleição. Nada grande anda sem que ele opine.
Essa é a face atual do poder no Acre: uma figura oficialmente discreta, mas operando pelas sombras. Um “primeiro-ministro informal” de um governo que ainda leva seu sobrenome.
Enquanto isso, Mailza Assis — a vice e pré-candidata apoiada por ele — tenta mostrar autonomia. Mas até que ponto?
A estratégia do bastidor: fugir do desgaste
Com a rejeição subindo e os reflexos de escândalos antigos ainda ecoando nos corredores do MPF, Cameli adota a estratégia clássica de quem já viu o jogo virar: esconde o rosto, mas mantém o braço.
Ao deixar os holofotes, ele transfere o ônus da exposição para os aliados — especialmente Mailza. Se ela cair, ele lava as mãos. Se ela subir, ele colhe os frutos. É a velha política em modo silencioso.
Mas o povo está vendo?
Nas ruas, a ausência de Gladson não passa despercebida. Em bairros periféricos de Rio Branco, o que se ouve é reclamação: “cadê o governador?”, “ele sumiu e deixou tudo largado”, “tá todo mundo mandando, menos ele”.
Esse vácuo de comando tem aberto espaço para a movimentação de adversários — como Bocalom, que aparece cada vez mais como “homem de ação”, e Socorro Neri, que planeja retorno ao debate político com propostas de gestão mais técnica.
Conclusão
Gladson Cameli ainda é o nome mais influente do PP no Acre. E, para muitos, é quem vai dar a palavra final sobre qualquer candidatura que use o selo do governo.
Mas sua ausência física cobra um preço. Em política, quem não aparece, enfraquece. E quem não assume a linha de frente perde o direito de contar a própria versão.
Se Cameli vai tentar voltar ao jogo ou apenas manipular as peças de fora, o tempo dirá. Mas por enquanto, ele continua sendo o governador que manda… sem precisar aparecer.
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✍️ Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News – Rio Branco – Acre
