Em uma semana marcada por intensa movimentação nas comissões permanentes, a Câmara Municipal de Rio Branco discute oito projetos de lei e resoluções que tocam em pontos sensíveis da rotina dos cidadãos, como mobilidade urbana, acessibilidade, segurança comunitária e reformas no sistema de ensino.
A análise das matérias, que ocorre entre os dias 8 e 11 de julho, reacende o debate sobre o papel fiscalizador e propositivo do Legislativo municipal, que vem sendo cobrado por maior produtividade e conexão com as demandas reais da população.
Projetos de impacto direto na vida dos moradores
Dos oito projetos em tramitação, quatro envolvem temas de infraestrutura e mobilidade. O Projeto de Lei nº 104/2025, por exemplo, propõe a criação de um Programa de Redução de Acidentes de Trânsito, com instalação de redutores de velocidade em zonas escolares. Já o PL nº 108/2025 prevê a inclusão do ensino sobre segurança no trânsito nas escolas municipais, uma medida de caráter preventivo e educativo.
Outro destaque é o Projeto de Resolução nº 007/2025, que trata da inclusão obrigatória de linguagem de sinais (Libras) em eventos públicos organizados pela Prefeitura e Câmara, ampliando a acessibilidade comunicacional na capital.
Também será analisado o projeto que institui o “Passe Saúde”, benefício de transporte gratuito para pacientes com doenças crônicas que precisam de acompanhamento médico regular.
Comissões atuam em ritmo acelerado
Os projetos foram distribuídos entre as principais comissões temáticas da Casa, como a de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), a de Saúde e Assistência Social e a de Educação, Cultura e Desporto. Segundo o presidente da CCJR, vereador Fábio Araújo (MDB), a intenção é “destravar matérias que ficaram represadas no primeiro semestre e avançar com temas de alta relevância”.
“A sociedade cobra e com razão. Nosso esforço é para garantir que todos os projetos tenham pareceres técnicos céleres, com debate aprofundado e sem travar iniciativas que podem melhorar a vida da população”, afirmou Araújo, em sessão realizada na terça-feira (8).
A expectativa é que pelo menos cinco dos oito projetos estejam prontos para votação em plenário ainda neste mês de julho, após parecer jurídico e audiência com especialistas.
Pressão da sociedade civil e movimentos de bairro
Parte dos projetos em análise surgiu de reivindicações populares levadas por associações de moradores e conselhos comunitários. É o caso do PL nº 111/2025, que propõe a criação de um canal digital permanente entre a população e os vereadores, por meio de um aplicativo com acesso a sessões, votações e envio de sugestões legislativas.
Movimentos ligados ao transporte público e à juventude também pressionam pela aprovação do projeto que obriga empresas de ônibus a disponibilizarem relatórios mensais de desempenho e atendimento à população.
“Não dá mais para o sistema operar no escuro. Precisamos de transparência, dados, metas. O povo merece respeito”, declarou Maria Antônia da Silva, presidente do Conselho Municipal de Transporte, em audiência na Câmara nesta quarta-feira (10).
Clima político: disputas e consensos
Apesar de alguns ruídos entre vereadores da base governista e da oposição, a maioria dos projetos em análise tem caráter técnico e devem receber aprovação consensual. O vereador Emerson Jarude (Novo) alertou, no entanto, para a “banalização dos projetos simbólicos que apenas decoram o papel legislativo”.
“Precisamos ter coragem de dizer que nem tudo que parece útil é funcional. Projetos devem ter viabilidade orçamentária e execução garantida, senão viram letra morta”, ponderou Jarude, defendendo um pente-fino nas matérias em tramitação.
Participação cidadã ainda tímida
Embora as comissões tenham intensificado suas agendas, a presença da sociedade civil nas sessões ainda é limitada. A maioria das discussões ocorre sem plateia, e poucos cidadãos acompanham as transmissões ao vivo. Para o analista político André Cavalcante, a Câmara precisa “urgentemente repensar sua comunicação e canais de escuta”.
“Projetos importantes estão sendo debatidos, mas o cidadão comum mal sabe disso. Falta divulgação, falta diálogo. Um parlamento invisível é um parlamento vulnerável”, alertou Cavalcante.
Calendário apertado até o recesso de julho
Com a proximidade do recesso parlamentar, marcado para o dia 20 de julho, o desafio dos vereadores é dar celeridade às análises sem atropelar o debate técnico. O presidente da Casa, Joabe Lira (União Brasil), garantiu que não haverá sessões extraordinárias, mas que os presidentes das comissões foram orientados a agilizar os pareceres com base em critérios legais e de impacto social.
“Queremos entregar resultados antes do recesso, mostrando que a Câmara está viva, presente e trabalhando por Rio Branco”, afirmou Joabe em pronunciamento na tribuna.
Com projetos que envolvem desde educação e trânsito até transparência e inclusão, a Câmara de Rio Branco enfrenta um momento crucial de afirmação institucional. A atuação das comissões será determinante para garantir que a legislação municipal avance de fato, e não apenas no papel. A população, por sua vez, aguarda respostas concretas — e talvez, comece a cobrar mais de perto o que é discutido dentro das paredes do Legislativo.
