A onda de calor que castiga o Brasil desde o final de fevereiro segue firme, desafiando as previsões iniciais e prometendo temperaturas elevadas até pelo menos o próximo domingo, dia 9 de março. O fenômeno, impulsionado por um bloqueio atmosférico persistente, impede a chegada de frentes frias que poderiam aliviar as condições térmicas, mantendo diversas regiões do país sob máximas que chegam a 7°C acima da média histórica para o período. São Paulo e Curitiba já registraram recordes de calor no início do mês, com 34,8°C e 32,6°C, respectivamente, enquanto outras áreas, como o sul do Mato Grosso do Sul e partes do Rio Grande do Sul, enfrentam um calor ainda mais intenso. A situação, que começou no dia 28 de fevereiro, coincide com o feriado de Carnaval e se estende além do esperado, afetando milhões de brasileiros.
Dados meteorológicos apontam que o bloqueio atmosférico, um sistema de alta pressão que se instalou sobre o centro-sul do país, é o principal responsável pela continuidade do calor extremo. Esse sistema dificulta a formação de nuvens e bloqueia o avanço de massas de ar frio, resultando em dias ensolarados e secos. Regiões como o oeste de Santa Catarina, o norte do Paraná e o interior de Minas Gerais também sofrem com temperaturas entre 3°C e 5°C acima do normal, enquanto a umidade relativa do ar despenca em muitos locais, aumentando o risco de problemas de saúde e incêndios florestais.
O impacto já é sentido em várias capitais e cidades do interior. Em São Paulo, o recorde histórico de temperatura para março foi quebrado logo no dia 2, superando marcas anteriores e surpreendendo moradores acostumados a um clima mais ameno no início do outono. No sul do país, o calor intenso tem elevado o consumo de energia elétrica, com picos de demanda registrados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico, refletindo o uso massivo de ar-condicionado e ventiladores.
O que está por trás da onda de calor prolongada?
O bloqueio atmosférico que sustenta essa onda de calor é um fenômeno climático caracterizado por uma área de alta pressão que impede a circulação normal de massas de ar. Diferentemente de episódios anteriores, que costumavam durar poucos dias, este evento se destaca pela duração prolongada, agora prevista para pelo menos 10 dias consecutivos. Especialistas apontam que a combinação de um verão ainda ativo com a influência de águas oceânicas aquecidas contribui para a intensidade do calor, especialmente nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.
Por conta desse sistema, frentes frias que poderiam trazer chuvas e alívio térmico são desviadas para o oceano, deixando o continente sob a ação de uma massa de ar quente e seco. Em cidades como Porto Alegre, as temperaturas máximas devem ultrapassar os 37°C nos próximos dias, com picos que podem chegar a 40°C no interior do Rio Grande do Sul. No Mato Grosso do Sul, a região sul registra condições semelhantes, enquanto em São Paulo e no Paraná o calor permanece entre 5°C e 7°C acima da média climatológica de março.
A previsão indica que o bloqueio só começará a perder força no domingo, dia 9, com a chegada de uma nova frente fria ao Rio Grande do Sul. Até lá, o calor extremo segue predominando, com reflexos diretos na saúde pública, na agricultura e no abastecimento de energia elétrica em diversas áreas do país.
Recordes quebrados e impactos pelo Brasil
A onda de calor já deixou marcas históricas logo no início de março. São Paulo surpreendeu ao atingir 34,8°C no domingo, dia 2, estabelecendo um novo recorde para o mês e superando qualquer registro anterior para essa época do ano. Em Curitiba, conhecida pelo clima ameno, os termômetros marcaram 32,6°C no mesmo dia, configurando a tarde mais quente de 2025 até agora e quebrando o recorde anterior de 32,2°C, registrado em 12 de fevereiro.
Outras regiões também sentem a força do calor. No Rio Grande do Sul, cidades como Quaraí já registraram temperaturas próximas de 40°C em semanas anteriores, e a expectativa é que esses valores se repitam até o fim da onda atual. No interior de Minas Gerais e no Triângulo Mineiro, os termômetros têm oscilado entre 35°C e 38°C, enquanto o Distrito Federal e Goiás enfrentam máximas acima dos 33°C, acompanhadas de baixa umidade relativa do ar.
O consumo de energia elétrica disparou em todo o país, com o Operador Nacional do Sistema Elétrico reportando uma demanda recorde de 105.475 MW no dia 26 de fevereiro, número que deve ser superado nos próximos dias devido às altas temperaturas. Além disso, a seca associada ao calor agrava o risco de queimadas, especialmente no Centro-Oeste e no interior do Nordeste, onde a umidade pode cair abaixo de 20%.
Como o calor extremo afeta a vida nas cidades?
A persistência da onda de calor tem alterado a rotina de milhões de brasileiros, especialmente nas grandes cidades e áreas rurais. Em São Paulo, o recorde de 34,8°C trouxe um aumento no uso de sistemas de refrigeração, elevando as contas de luz e lotando praças e parques com pessoas em busca de alívio. Ambulatórios relatam um crescimento nos atendimentos por desidratação e exaustão térmica, principalmente entre idosos e crianças, enquanto autoridades recomendam hidratação constante e evitar atividades ao ar livre nos horários mais quentes.
No sul do país, o calor intenso coincide com pancadas de chuva isoladas, típicas do verão, mas insuficientes para reduzir as temperaturas de forma significativa. Em Porto Alegre, os termômetros devem alcançar 38°C até quarta-feira, dia 5, com sensação térmica ainda maior devido à umidade. Agricultores enfrentam dificuldades com a falta de chuva prolongada, que compromete culturas como soja e milho em estados como Mato Grosso do Sul e Paraná.
A baixa umidade relativa do ar, que em algumas regiões do Centro-Oeste chega a 15%, também preocupa. Esses níveis, aliados às altas temperaturas, aumentam o risco de problemas respiratórios e favorecem a propagação de incêndios florestais, um cenário que já se agravou em 2024 com a pior seca em décadas no Brasil.
Previsão detalhada: quando o calor vai dar trégua?
A boa notícia é que o fim da onda de calor está à vista, embora ainda demore alguns dias. A previsão aponta que uma frente fria chegará ao Rio Grande do Sul no domingo, dia 9, rompendo o bloqueio atmosférico e iniciando uma mudança no padrão climático. Confira o cronograma esperado:
- Até 5 de março: Temperaturas seguem 5°C a 7°C acima da média no Sul, em São Paulo e no sul do Mato Grosso do Sul, com máximas entre 35°C e 40°C.
- 6 a 8 de março: O calor persiste, mas com leve redução em algumas áreas do Sul devido a chuvas isoladas; Sudeste e Centro-Oeste mantêm temperaturas elevadas.
- 9 de março: Frente fria chega ao Rio Grande do Sul, trazendo chuvas e queda nas temperaturas; o alívio começa a se espalhar para outras regiões a partir do dia 10.
Até lá, o calor extremo continuará dominando, com possibilidade de novos recordes em capitais como Porto Alegre e Belo Horizonte.
O que esperar do clima nos próximos dias?
Enquanto o bloqueio atmosférico mantém o calor, algumas regiões podem registrar variações. No Sudeste, pancadas de chuva à tarde são previstas em áreas de São Paulo e Minas Gerais, mas sem força para interromper a onda de calor. No Centro-Oeste, a seca predomina, com temperaturas acima de 35°C em Goiás e no Distrito Federal até o fim da semana.
O Sul enfrenta os dias mais quentes entre terça e quarta-feira, com máximas que podem superar os 40°C no interior do Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina. A frente fria do dia 9 deve trazer alívio gradual, começando pelo sul e avançando lentamente para outras regiões na segunda semana de março.
A umidade relativa do ar segue baixa em grande parte do país, especialmente no interior, exigindo cuidados extras com hidratação e proteção solar. A expectativa é que o calor perca força de forma mais significativa a partir do dia 10, com a entrada de ventos mais frios.
Cuidados essenciais durante a onda de calor
Enfrentar temperaturas tão elevadas exige atenção redobrada. Autoridades de saúde recomendam medidas simples, mas eficazes, para minimizar os riscos. Veja algumas orientações práticas:
- Beba pelo menos 2 litros de água por dia, mesmo sem sentir sede.
- Evite exposição ao sol entre 10h e 16h, quando a radiação é mais intensa.
- Use protetor solar, chapéu e roupas leves para se proteger.
- Reduza atividades físicas intensas nos horários mais quentes.
- Fique atento a sintomas como tontura, dor de cabeça ou cansaço excessivo, que podem indicar desidratação.
Essas precauções são especialmente importantes para grupos vulneráveis, como idosos, crianças e pessoas com doenças crônicas.
Um março fora do comum no Brasil
O início de março já se consolida como um dos mais quentes da história em várias cidades brasileiras. Além dos recordes em São Paulo e Curitiba, outras capitais, como Porto Alegre e Campo Grande, estão próximas de registrar temperaturas históricas para o mês. O fenômeno atual é o quinto episódio de onda de calor em 2025, seguindo uma tendência de eventos climáticos extremos que marcaram 2024, o ano mais quente já registrado globalmente.
A combinação de bloqueios atmosféricos com o aquecimento dos oceanos tem intensificado essas ondas, e a previsão para os próximos meses não é animadora. Março deve continuar com temperaturas acima da média em boa parte do país, especialmente no centro-leste e na Amazônia, enquanto o outono, que começa oficialmente no dia 20, pode trazer condições mais secas e quentes do que o habitual.
A agricultura sente os efeitos, com perdas em culturas sensíveis à seca, enquanto o consumo de energia elétrica atinge níveis recordes. O calor extremo também reacende o debate sobre os impactos das mudanças climáticas, que tornam esses eventos mais frequentes e intensos no Brasil e no mundo.