
Aos 82 anos, Brian Wilson, co-fundador e força criativa por trás dos Beach Boys, faleceu nesta quarta-feira, 11 de junho de 2025, conforme anunciado por sua família. A notícia abalou o mundo da música, que perdeu um dos maiores compositores e produtores do século XX. Embora a causa oficial da morte não tenha sido divulgada, Wilson enfrentava um diagnóstico de demência desde fevereiro de 2024, revelado após a morte de sua esposa, Melinda Ledbetter. O músico, que completaria 83 anos na próxima semana, deixa um legado monumental, marcado por álbuns como Pet Sounds e hits que definiram a era do rock e do surf music. A família optou por não detalhar as circunstâncias do falecimento, mas a saúde fragilizada do artista já era conhecida. Sua genialidade, porém, segue imortalizada nas harmonias e inovações que transformaram a música pop.
A trajetória de Wilson é uma das mais celebradas e complexas da história da música. Nascido em 1942, em Inglewood, Califórnia, ele formou os Beach Boys em 1961 ao lado dos irmãos Carl e Dennis, do primo Mike Love e do amigo Al Jardine. O grupo rapidamente se tornou um fenômeno global, com canções que capturavam o espírito da juventude americana. Wilson, como principal compositor e produtor, elevou o pop a um novo patamar, introduzindo arranjos sofisticados e letras introspectivas. Sua vida, no entanto, também foi marcada por desafios pessoais, incluindo problemas de saúde mental e a recente perda de Melinda, sua esposa por quase três décadas.
- Legado musical: Álbuns como Pet Sounds (1966) e o inacabado Smile são considerados marcos da música moderna.
- Inovação sonora: Wilson revolucionou técnicas de gravação, influenciando artistas como os Beatles.
- Vida pessoal: Sua luta contra transtornos mentais e a relação com Melinda moldaram sua carreira.
A morte de Brian Wilson encerra um capítulo fundamental da música, mas suas canções continuam a ecoar, unindo gerações. O impacto de sua obra é inegável, e sua história, repleta de altos e baixos, reflete a profundidade de um verdadeiro gênio.
Origens de um ícone da música
Brian Wilson cresceu em um ambiente musical, influenciado pelo pai, Murry Wilson, um compositor e editor musical. Desde jovem, ele demonstrou talento excepcional para harmonias vocais, inspirado por grupos como The Four Freshmen. Em 1961, aos 19 anos, fundou os Beach Boys, inicialmente focado em canções sobre surf, carros e amores juvenis. Hits como Surfin’ USA e I Get Around catapultaram o grupo à fama, mas foi a visão artística de Wilson que deu profundidade à banda. Ele assumiu o papel de líder criativo, escrevendo, arranjando e produzindo a maioria das faixas. Sua habilidade de transformar emoções complexas em melodias acessíveis foi o que diferenciou os Beach Boys de outros grupos da época.
O primeiro grande marco da banda veio com o álbum Pet Sounds, lançado em 1966. Considerado revolucionário, o disco trouxe arranjos orquestrais e letras introspectivas, algo raro no pop da época. Wilson passou meses no estúdio, trabalhando minuciosamente em cada detalhe. Apesar do sucesso crítico, o álbum não alcançou o mesmo impacto comercial imediato de trabalhos anteriores, o que gerou tensões dentro da banda. Ainda assim, Pet Sounds inspirou artistas como Paul McCartney, que o citou como uma influência direta para Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.
Desafios pessoais e saúde mental
A vida de Brian Wilson não foi apenas de triumphs musicais. Desde os anos 1960, ele enfrentou sérios problemas de saúde mental, incluindo depressão e transtorno esquizoafetivo. O uso de drogas psicodélicas, comum na contracultura da época, agravou sua condição. Durante a produção de Smile, o ambicioso projeto que sucederia Pet Sounds, Wilson entrou em colapso emocional, abandonando o álbum. O estresse de liderar a banda, aliado à pressão de competir com os Beatles, contribuiu para seu afastamento dos palcos em 1965. Ele passou a se dedicar exclusivamente ao estúdio, enquanto Bruce Johnston assumiu seu lugar nas turnês.
Nos anos 1970 e 1980, Wilson viveu períodos de reclusão, agravados pela relação abusiva com o psicólogo Eugene Landy, que controlou sua vida por quase uma década. Landy foi afastado judicialmente nos anos 1990, mas deixou marcas profundas. A recuperação de Wilson veio com o apoio de Melinda Ledbetter, com quem se casou em 1995. Melinda, que faleceu em janeiro de 2024, foi descrita por Wilson como sua “salvadora”, oferecendo estabilidade emocional e incentivando seu retorno à música.
- Momentos difíceis: Wilson enfrentou depressão, abuso de substâncias e manipulação psicológica.
- Recuperação: O apoio de Melinda e de sua família foi crucial para sua volta aos palcos.
- Legado pessoal: Sua história inspirou o filme Love & Mercy (2014), que retrata suas lutas e conquistas.
O impacto de Pet Sounds e Smile
O álbum Pet Sounds é frequentemente citado como um dos melhores da história da música. Lançado em maio de 1966, ele marcou uma virada na carreira dos Beach Boys, abandonando a estética surf por temas mais maduros, como amor, perda e autodescoberta. Canções como God Only Knows e Wouldn’t It Be Nice combinam harmonias vocais complexas com instrumentação inovadora. Wilson utilizou instrumentos não convencionais, como theremin e sinos de bicicleta, para criar texturas sonoras únicas. O disco, embora inicialmente subestimado, tornou-se um marco cultural, influenciando gerações de músicos.
O projeto Smile, iniciado em 1966, pretendia ser ainda mais ambicioso. Wilson descreveu o álbum como uma “sinfonia adolescente para Deus”, misturando elementos de música clássica, folk e experimentalismo. No entanto, disputas internas na banda e sua saúde mental deteriorada levaram ao abandono do projeto. Décadas depois, em 2004, Wilson revisitou Smile, lançando uma versão regravada que foi aclamada pela crítica. A conclusão do álbum foi um marco pessoal, simbolizando sua resiliência.
A influência dos Beach Boys na cultura pop
Os Beach Boys, sob a liderança criativa de Wilson, moldaram a música pop de maneiras que vão além de seus sucessos comerciais. Eles popularizaram o gênero surf rock, mas também transcenderam rótulos, explorando temas universais. A rivalidade amigável com os Beatles, especialmente entre Wilson e Paul McCartney, impulsionou inovações no pop dos anos 1960. McCartney, em entrevistas, elogiou Pet Sounds como um divisor de águas, enquanto Wilson se inspirava em álbuns como Rubber Soul.
A banda também deixou sua marca na cultura americana, representando o ideal de juventude e liberdade da Califórnia. Suas canções foram usadas em filmes, comerciais e séries, mantendo sua relevância. Além disso, os Beach Boys abriram caminho para que artistas assumissem maior controle criativo sobre suas produções, algo que Wilson pioneirou ao supervisionar cada etapa de gravação.
Vida familiar e o papel de Melinda
Brian Wilson foi casado duas vezes e teve sete filhos. Com sua primeira esposa, Marilyn Rovell, teve as filhas Carnie e Wendy, que formaram o grupo Wilson Phillips. Com Melinda Ledbetter, adotou cinco filhos: Dakota, Daria, Delanie, Dylan e Dash. Melinda, que conheceu Wilson em 1986, tornou-se sua manager e principal apoio. Sua morte, em janeiro de 2024, foi um golpe devastador. Wilson publicou uma homenagem emocionada, descrevendo-a como “uma força da natureza” que o incentivou a seguir sua paixão pela música.
Após a morte de Melinda, a família de Wilson buscou uma conservadoria para garantir seus cuidados, devido ao diagnóstico de demência. LeeAnn Hard e Jean Sievers, representantes de longa data da família, foram nomeadas co-conservadoras em maio de 2024. A decisão foi tomada em consulta com os sete filhos de Wilson e sua equipe médica, refletindo a preocupação com sua saúde.
Os últimos anos de Brian Wilson
Nos últimos anos, Wilson reduziu significativamente suas atividades públicas. Seu último show foi em 2022, e sua filha Carnie afirmou que ele não voltaria a se apresentar. Apesar disso, ele apareceu em maio de 2024 na estreia do documentário The Beach Boys, no TCL Chinese Theatre, em Los Angeles. O filme, disponível no Disney+, celebra a trajetória da banda, destacando o papel de Wilson como gênio criativo. Sua presença no evento, embora marcada por sua fragilidade, foi um momento de homenagem à sua carreira.
A demência diagnosticada em 2024 trouxe novos desafios. Wilson passou a viver sob cuidados médicos 24 horas em sua casa em Beverly Hills, avaliada em 9 milhões de dólares. Segundo documentos judiciais, ele não tinha capacidade para tomar decisões de saúde, o que levou à conservadoria. Mesmo assim, suas filhas Carnie e Wendy afirmaram em maio de 2024 que ele estava “bem” e sob bons cuidados.
- Última aparição: Wilson esteve na estreia do documentário The Beach Boys em maio de 2024.
- Conservadoria: A medida foi implementada para proteger sua saúde após a morte de Melinda.
- Residência: Ele vivia em uma mansão em Beverly Hills, cercado por uma equipe médica.
O legado vivo dos Beach Boys
Mesmo com a morte de Brian Wilson, os Beach Boys continuam a ser uma força cultural. A banda, atualmente liderada por Mike Love e Bruce Johnston, segue em turnê, enquanto Al Jardine planeja shows com a antiga banda de apoio de Wilson. O documentário de 2024 reforçou a relevância do grupo, trazendo entrevistas com membros sobreviventes e imagens de arquivo. A música dos Beach Boys, com sua mistura de nostalgia e sofisticação, permanece atemporal, atraindo novos fãs.
Wilson, como o coração criativo da banda, deixou um impacto que transcende gerações. Suas inovações em harmonias, arranjos e produção continuam a inspirar músicos de diversos gêneros. De Good Vibrations a Caroline, No, suas canções capturam emoções universais, garantindo que seu nome permaneça sinônimo de genialidade musical.
Homenagens e reações à sua morte
A notícia do falecimento de Wilson gerou uma onda de tributos nas redes sociais e na imprensa. Fãs e artistas lamentaram a perda de um ícone cuja música marcou épocas. A família pediu privacidade, mas agradeceu o carinho dos admiradores. Eventos em memória de Wilson, como shows tributo, já estão sendo planejados, segundo fontes próximas à banda. Sua morte fecha um capítulo importante, mas sua obra segue viva, ecoando em cada acorde e harmonia que ele criou.





