
O Bitcoin alcançou um marco histórico ao romper a barreira dos US$ 112.500 nesta quinta-feira, 10 de julho de 2025, impulsionado pela nova onda de tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A criptomoeda, que já vinha em trajetória ascendente, reagiu ao anúncio de alíquotas que variam de 20% a 50% sobre importações de 22 países, com o Brasil enfrentando a maior taxa, de 50%. O movimento reflete a busca por ativos de risco em meio às tensões comerciais globais, enquanto especialistas apontam para a força compradora no mercado. A valorização ocorre em um contexto de incertezas econômicas, com investidores monitorando os desdobramentos das políticas protecionistas americanas. A alta do Bitcoin também reacende debates sobre seu papel como reserva de valor em momentos de instabilidade.
A escalada do preço da criptomoeda surpreendeu até os analistas mais otimistas, que agora projetam alvos ainda mais ambiciosos. A quebra da resistência dos US$ 110 mil, considerada um marco psicológico, reforça a confiança do mercado. No entanto, a volatilidade permanece, com possíveis correções no horizonte caso as tensões comerciais se intensifiquem.

- Fatores da alta: Liquidez global, euforia no setor tecnológico e busca por ativos alternativos.
- Riscos no radar: Retaliações comerciais, especialmente da China, podem gerar aversão ao risco.
- Perspectiva de curto prazo: Contratos em corretoras indicam apostas em preços de até US$ 120 mil até o fim de julho.
A combinação de fatores macroeconômicos e especulação tem colocado o Bitcoin no centro das atenções, enquanto investidores recalculam estratégias frente às mudanças no comércio global.
Impacto das tarifas no mercado de criptomoedas
As tarifas anunciadas por Trump, que incluem alíquotas de 50% para o Brasil, 25% para Japão e Coreia do Sul e até 100% inicialmente cogitadas para a China, criaram um ambiente de incerteza nos mercados tradicionais. Bolsas de valores globais registraram quedas, com os futuros dos índices americanos operando em baixa na manhã do anúncio. Nesse cenário, o Bitcoin emergiu como um ativo de refúgio para investidores que buscam proteção contra a instabilidade.
Ana de Mattos, analista técnica da Ripio, destaca que a criptomoeda encontrou suporte em níveis técnicos importantes. “A superação dos US$ 110 mil demonstra a força do mercado. Os próximos alvos estão em US$ 112.200 e US$ 114.500, com base na extensão de Fibonacci”, explica. Ela alerta, porém, que uma eventual correção pode levar o preço a regiões de liquidez em US$ 106.700 ou até US$ 101.475, caso o fluxo vendedor ganhe força.
A resiliência do Bitcoin frente às turbulências econômicas também reflete a crescente adoção institucional. Grandes fundos de investimento e empresas de tecnologia têm aumentado suas alocações em criptoativos, especialmente em momentos de crise. Essa tendência, segundo analistas, contribui para a sustentação dos preços mesmo em cenários adversos.
Por que o Bitcoin sobe em meio à crise comercial?
A valorização do Bitcoin em contextos de instabilidade não é novidade, mas o atual ciclo de alta tem características únicas. Diferentemente de crises passadas, a combinação de políticas protecionistas e avanços tecnológicos no setor de blockchain tem ampliado o apelo da criptomoeda. Andre Franco, CEO da Boot Research, aponta que a liquidez global continua elevada, apesar das tensões comerciais. “A euforia no setor tecnológico, somada ao apetite por risco, cria um ambiente favorável para o Bitcoin”, afirma.
Além disso, o Bitcoin tem sido percebido como uma alternativa ao dólar em mercados emergentes, onde moedas locais enfrentam pressões devido às tarifas. No Brasil, por exemplo, a alta do dólar frente ao real, impulsionada pela alíquota de 50%, levou investidores a buscar ativos descentralizados como hedge contra a desvalorização cambial.
- Liquidez global: Bancos centrais mantêm políticas monetárias expansionistas, injetando capital nos mercados.
- Adoção institucional: Grandes empresas, como MicroStrategy, aumentaram posições em Bitcoin.
- Descentralização: A ausência de controle estatal atrai investidores em momentos de incerteza política.
- Tecnologia blockchain: Inovações reforçam a confiança na segurança e na escalabilidade do Bitcoin.
A força compradora, segundo Murilo Cortina, da QR Asset Management, é evidente na quebra de resistências técnicas. “A marca dos US$ 110 mil era um ponto de realização de lucros. Sua superação mostra que o mercado está otimista”, diz.
Setores brasileiros sob pressão
As tarifas de 50% impostas ao Brasil, justificadas por Trump como retaliação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e a suposta “relação comercial injusta”, terão impactos significativos na economia brasileira. Dados oficiais do governo americano, no entanto, contradizem a narrativa de déficit comercial, mostrando um superávit de US$ 7,4 bilhões em 2024 na balança de bens com o Brasil.
Humberto Aillon, especialista em gestão tributária da Fipecafi, explica que os setores mais afetados incluem petróleo, aviação, siderurgia, café e carnes. “Esses produtos enfrentam agora um custo expressivo para acessar o mercado americano, o que pode reduzir a competitividade e impactar as exportações”, afirma. A Petrobras, por exemplo, que exportou US$ 2,37 bilhões em óleos brutos para os EUA no primeiro semestre de 2025, pode ver sua margem de lucro comprimida.
A Embraer, outra gigante brasileira, também está no radar. A empresa, que exporta componentes de aeronaves, enfrenta desafios adicionais com a alta do dólar e a possível queda na demanda por novos pedidos. No setor agropecuário, as exportações de café não torrado (US$ 1,16 bilhão) e carnes bovinas (US$ 737,8 milhões) podem perder mercado para concorrentes com tarifas menores, como Austrália e Argentina.
Reações globais e o papel da China
A China, inicialmente alvo de tarifas superiores a 100%, tem reagido com cautela, mas com firmeza. O governo chinês alertou para possíveis retaliações, incluindo restrições a exportações de terras raras, essenciais para a indústria tecnológica. Essa postura eleva o risco de uma escalada na guerra comercial, o que poderia impactar negativamente o Bitcoin caso a aversão ao risco domine os mercados.
Outros países, como Japão e Coreia do Sul, também enfrentam tarifas de 25%, o que tem gerado críticas na comunidade internacional. A Organização Mundial do Comércio (OMC), embora enfraquecida, pode ser acionada por nações afetadas, mas sua capacidade de mediação é limitada. No Brasil, o governo sinalizou que adotará medidas baseadas na Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada em 2025, mas analistas recomendam cautela para evitar uma escalada de retaliações.
- China: Negociações em curso para reduzir alíquotas, com ameaça de retaliação.
- Japão e Coreia do Sul: Tarifas de 25% afetam exportações de automóveis e semicondutores.
- Brasil: Governo avalia ações diplomáticas e retaliações seletivas.
- OMC: Capacidade limitada de mediar disputas comerciais globais.
A incerteza global reforça a percepção do Bitcoin como um ativo de proteção, mas também aumenta a volatilidade. Corretoras como a Deribit registram apostas otimistas, com contratos prevendo preços entre US$ 115 mil e US$ 120 mil até o fim de julho.
Perspectivas técnicas e de mercado
O mercado de criptomoedas vive um momento de otimismo, mas com cautela. A análise técnica sugere que o Bitcoin está em uma fase de consolidação após a forte alta. Ana de Mattos, da Ripio, destaca que os níveis de suporte e resistência serão cruciais nas próximas semanas. “Se o preço se mantiver acima de US$ 110 mil, a tendência de alta pode se fortalecer”, afirma.
No curto prazo, a dinâmica do mercado depende de fatores macroeconômicos, como a resposta da China às tarifas e os movimentos dos bancos centrais. A manutenção de políticas monetárias expansionistas, especialmente pelo Federal Reserve, pode sustentar a liquidez que impulsiona ativos de risco como o Bitcoin.
A longo prazo, a crescente aceitação do Bitcoin como reserva de valor e meio de pagamento em economias emergentes pode consolidar sua posição no mercado financeiro. No Brasil, a desvalorização do real e a busca por alternativas ao sistema financeiro tradicional têm impulsionado a adoção de criptoativos, especialmente entre jovens investidores.
Setores tecnológicos e a euforia do mercado
A alta do Bitcoin também está ligada à euforia no setor tecnológico, que tem se mostrado resiliente às tensões comerciais. Empresas como Nvidia e Tesla, que possuem exposições significativas ao mercado de criptomoedas, registraram ganhos em suas ações, refletindo o otimismo dos investidores. A integração de blockchain em soluções corporativas, como finanças descentralizadas (DeFi) e tokenização de ativos, também contribui para o cenário positivo.
No Brasil, startups de criptomoedas têm atraído investimentos, mesmo em meio às incertezas econômicas. Plataformas como Ripio e Mercado Bitcoin reportaram aumento no volume de negociações, impulsionado pela valorização do Bitcoin e pela busca por alternativas de investimento. Esse movimento reforça a relevância do mercado de criptoativos no contexto econômico atual.
- Finanças descentralizadas: Crescimento de protocolos DeFi atrai investidores institucionais.
- Tokenização: Ativos reais, como imóveis, começam a ser negociados em blockchain.
- Startups brasileiras: Aumento de 30% no volume de negociações em 2025.
- Integração corporativa: Grandes empresas adotam blockchain para otimizar processos.
O futuro do Bitcoin, embora promissor, permanece sujeito a variáveis externas, como a evolução das políticas comerciais e a estabilidade macroeconômica global. Por enquanto, a criptomoeda segue como protagonista em um mercado volátil, mas repleto de oportunidades.





