Banco Central disponibiliza R$ 9,13 bilhões esquecidos para resgate no SVR
Mais de 42 milhões de pessoas físicas têm direito a resgatar R$ 6,9 bilhões esquecidos em instituições financeiras. O Sistema de Valores a Receber (SVR), criado pelo Banco Central, permite que esses recursos sejam devolvidos de forma prática e segura. A plataforma, lançada em 2022, já facilitou a recuperação de valores para milhões de brasileiros, mas muitos ainda desconhecem a existência desse montante. Dados recentes, atualizados em março de 2025, mostram que o total disponível ultrapassa R$ 9,13 bilhões.
Empresas também podem acessar recursos, com R$ 2,1 bilhões destinados a cerca de 4,3 milhões de pessoas jurídicas. A consulta é feita exclusivamente pelo site oficial do SVR, utilizando uma conta gov.br de nível prata ou ouro. O processo é gratuito, e a devolução ocorre preferencialmente via PIX.
A ausência de um prazo final para resgate, anunciada pelo Ministério da Fazenda, incentiva a verificação periódica. Muitos brasileiros ainda não consultaram o sistema, o que mantém bilhões de reais inativos em contas bancárias.
Os recursos disponíveis no SVR provêm de contas bancárias encerradas com saldo remanescente, cotas de cooperativas de crédito, tarifas cobradas indevidamente e parcelas de consórcios não resgatadas. Em março de 2025, o Banco Central atualizou os dados, revelando que a maior parte dos valores pertence a pessoas físicas. Esses montantes, muitas vezes, são esquecidos devido a mudanças de endereço, falta de atualização cadastral ou desconhecimento de saldos residuais.
O sistema também inclui valores de contas de falecidos, que podem ser acessados por herdeiros mediante comprovação legal. A plataforma foi projetada para simplificar o processo, mas exige autenticação rigorosa para proteger os dados dos usuários. Cerca de 70% dos valores disponíveis são inferiores a R$ 100, mas há casos de quantias significativas, especialmente para empresas.
A digitalização do processo eliminou a necessidade de comparecimento presencial em agências, tornando o resgate mais acessível. No entanto, a exigência de uma chave PIX para a devolução imediata tem gerado dúvidas entre usuários sem familiaridade com o sistema.
O SVR opera como uma ferramenta online que centraliza informações sobre valores não reclamados. Para consultar, o usuário deve acessar o site valoresareceber.bcb.gov.br e informar dados pessoais ou da empresa. O sistema verifica automaticamente se há recursos associados ao CPF ou CNPJ fornecido. Caso existam valores, o usuário agenda uma data para acessar os detalhes e solicitar a transferência.
A exigência de uma conta gov.br nível prata ou ouro garante a segurança das transações. Essa autenticação impede fraudes e protege informações sensíveis. O Banco Central reforça que o processo é inteiramente gratuito e que nenhuma instituição está autorizada a cobrar taxas pelo serviço.
O sistema foi aprimorado desde seu lançamento, com melhorias na interface e na velocidade de processamento. Em 2024, a plataforma passou por uma atualização que reduziu o tempo de espera para agendamentos, beneficiando usuários que perderam datas iniciais.
Consultar e resgatar valores no SVR é um processo estruturado para garantir eficiência. O usuário deve acessar o site oficial e seguir as instruções exibidas na tela. Abaixo, os principais passos:
Se o usuário não possuir uma chave PIX, é necessário contatar a instituição financeira responsável pelo valor. Algumas oferecem alternativas, como transferência para conta bancária ou emissão de boleto. Perder o agendamento não impede o resgate, bastando repetir o processo para marcar uma nova data.
O Banco Central recomenda que os usuários mantenham seus dados atualizados no sistema gov.br para evitar problemas de acesso. A plataforma também permite consultas periódicas, já que novos valores podem ser incluídos com o tempo.
Os R$ 9,13 bilhões disponíveis no SVR estão distribuídos de forma desigual pelo Brasil. Regiões mais populosas, como Sudeste e Sul, concentram a maior parte dos recursos. São Paulo lidera com cerca de R$ 3,2 bilhões, seguido por Rio de Janeiro (R$ 1,1 bilhão) e Minas Gerais (R$ 900 milhões). No Nordeste, Bahia e Pernambuco somam, juntos, R$ 1,3 bilhão.
No Norte, o Amazonas registra R$ 250 milhões, enquanto o Centro-Oeste tem Goiás como destaque, com R$ 400 milhões. Esses números refletem a densidade populacional e a quantidade de instituições financeiras em cada estado. Áreas rurais e cidades menores tendem a ter menos valores registrados, mas ainda há recursos disponíveis em todos os estados.
A distribuição também varia entre pessoas físicas e jurídicas. Em São Paulo, por exemplo, 60% dos valores pertencem a indivíduos, enquanto no Paraná, empresas respondem por 45% do montante. O Banco Central planeja campanhas regionais para aumentar a conscientização sobre o SVR, especialmente em áreas com menor índice de consultas.
A maioria dos beneficiários do SVR é composta por pessoas físicas com valores pequenos. Cerca de 65% dos 42 milhões de indivíduos têm direito a quantias entre R$ 10 e R$ 100. Outros 25% podem resgatar entre R$ 100 e R$ 1.000, enquanto apenas 10% têm acesso a valores acima disso. Entre as empresas, os montantes são geralmente maiores, com 30% das 4,3 milhões de pessoas jurídicas elegíveis para resgatar mais de R$ 1.000.
Herdeiros de falecidos representam uma parcela significativa, mas enfrentam barreiras adicionais, como a necessidade de documentação legal. O Banco Central estima que 5% dos valores totais pertencem a contas de pessoas falecidas, o que exige maior esforço de divulgação para alcançar os beneficiários.
A diversidade de beneficiários reforça a importância de campanhas educativas. Muitos desconhecem o SVR ou acreditam que os valores disponíveis são insignificantes, o que reduz a procura pelo sistema.
O Banco Central implementou medidas rigorosas para proteger os usuários do SVR. A exigência de login gov.br nível prata ou ouro é uma das principais barreiras contra fraudes. Além disso, o sistema não envia mensagens, e-mails ou links solicitando dados pessoais. Qualquer comunicação oficial ocorre exclusivamente pelo site valoresareceber.bcb.gov.br.
Golpes relacionados ao SVR têm sido registrados desde o lançamento da plataforma. Criminosos enviam mensagens falsas prometendo resgates rápidos em troca de taxas ou informações pessoais. O Banco Central alerta que o serviço é gratuito e que qualquer solicitação de pagamento deve ser denunciada.
A plataforma também monitora tentativas de acesso irregular e bloqueia contas suspeitas. Usuários que enfrentarem dificuldades podem contatar o Banco Central pelo canal oficial de atendimento.
O SVR foi lançado em fevereiro de 2022, após o Banco Central identificar bilhões de reais em contas inativas. Na primeira fase, cerca de R$ 3,9 bilhões foram resgatados por 28 milhões de pessoas físicas e jurídicas. A segunda fase, iniciada em 2023, ampliou o escopo para incluir tarifas indevidas e cotas de cooperativas, elevando o total disponível.
Em 2024, a remoção do prazo final para resgates marcou uma mudança significativa. Anteriormente, valores não reclamados poderiam ser realocados pelas instituições financeiras. Agora, os recursos permanecem disponíveis indefinidamente, garantindo maior acesso aos beneficiários.
O programa inspirou iniciativas semelhantes em outros países, como Argentina e Chile, que planejam sistemas para devolução de valores esquecidos. No Brasil, o SVR consolidou-se como uma ferramenta de transparência financeira, embora ainda enfrente o desafio de alcançar todos os elegíveis.
O Banco Central tem investido em campanhas para divulgar o SVR. Anúncios em redes sociais, parcerias com bancos e matérias em portais de notícias buscam informar a população. Em 2025, uma nova campanha focada em regiões com baixa adesão, como Norte e Nordeste, está em planejamento.
Ações educativas também envolvem instituições financeiras, que notificam clientes sobre valores disponíveis. No entanto, a responsabilidade de consultar o sistema recai sobre o usuário, o que exige maior engajamento público. O Banco Central estima que apenas 30% dos elegíveis já acessaram o SVR desde sua criação.
A falta de familiaridade com plataformas digitais é um obstáculo, especialmente entre idosos e moradores de áreas remotas. O Banco Central avalia incluir o SVR em aplicativos bancários para facilitar o acesso.
Os valores resgatados pelo SVR têm potencial para movimentar a economia local. Quantias pequenas, como R$ 50 ou R$ 100, podem ser usadas para despesas do dia a dia, enquanto montantes maiores, especialmente para empresas, podem ser reinvestidos em negócios. Em 2024, os resgates contribuíram com cerca de R$ 4 bilhões para o consumo e investimentos no Brasil.
Pequenos empreendedores, em particular, têm se beneficiado. Muitos usam os recursos para quitar dívidas, adquirir equipamentos ou expandir operações. A devolução de valores também reduz a inatividade financeira, permitindo que o dinheiro circule em vez de permanecer parado em contas encerradas.
O Banco Central monitora o impacto econômico dos resgates, mas não divulga projeções detalhadas. A expectativa é que a continuidade do programa estimule novos ciclos de consumo, especialmente em regiões menos desenvolvidas.