A delegação acreana que participou da Copa Brasil de Atletismo Sub-20, realizada neste fim de semana em Goiânia, voltou para casa com seis medalhas duas de ouro, três de prata e uma de bronze. O desempenho surpreendeu ate os organizadores do evento, já que a maioria dos jovens competiu sem patrocínio, com equipamentos improvisados e com apoio logístico limitado.
Os destaques ficaram por conta de Jessica Oliveira, de 17 anos, ouro no salto em distancia, e Rafael Lima, de 18, campeão nos 800 metros rasos. Ambos são alunos da rede publica de ensino em Rio Branco e treinam em pistas desgastadas, muitas vezes compartilhadas com outras modalidades esportivas e sem estrutura adequada. “A medalha e do Acre, mas também e um grito de socorro”, disse Jessica, emocionada após a premiação.
Ela foi bancada por vaquinha online organizada por professores e familiares. A historia dela se repete entre outros atletas, que dependem de apoio comunitário para competir fora do estado. Apesar da conquista, os jovens voltam para uma realidade dura. Segundo levantamento da Federação Acreana de Atletismo, apenas três municípios possuem espaços adequados para treino. Em Rio Branco, a pista da Universidade Federal do Acre (Ufac) e o único local publico com marcação oficial e esta com rachaduras e falhas
na drenagem.
A ausência de programas permanentes de incentivo ao esporte de base também
preocupa técnicos e treinadores. O professor Gilberto Lopes, responsável por treinar a maioria dos medalhistas, afirma que o talento esta em toda parte, mas falta continuidade. ‘A gente faz milagre com garra, mas precisa de estrutura. Não da pra depender só de boa vontade’, desabafa. No orçamento estadual de 2025, a Secretaria de Educação, Cultura e Esportes destinou menos de 1% a área esportiva.
Projetos como Bolsa Atleta e Escolinhas de Formação estão inativos desde 2022,
segundo dados obtidos via Portal da Transparência. Em meio a euforia das medalhas, o contraste com o abandono da politica esportiva local se torna ainda mais gritante. O presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Wlamir Lima, parabenizou os acreanos e cobrou investimento direto. ‘O Acre mostrou que tem potencial olímpico. Agora falta compromisso do poder publico’, declarou.
O caso reacende o debate sobre o papel do esporte como ferramenta de transformação social, especialmente entre jovens da periferia. Para muitos deles, a pista de corrida
e mais do que competição: e válvula de escape, disciplina, futuro possível.
Enquanto isso, os seis medalhistas da delegação acreana voltam para casa com medalhas no peito e esperança nos olhos. A conquista e deles mas o recado e para todos nos: o Acre precisa correr, e não só nas pistas.
Eliton Muniz – Caboco das Manchetes
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