Tempo de leitura: 3 min
Um caminhão boiadeiro ficou completamente destruído após pegar fogo na manhã desta quarta-feira (24), em trecho da BR-317, na entrada do município de Assis Brasil, extremo-sul do Acre. O veículo transportava gado quando começou a liberar fumaça pela cabine, levando o motorista a abandonar a direção e tentar conter as chamas. Os animais conseguiram escapar, mas o prejuízo material foi total — e mais uma vez, o episódio expõe as falhas estruturais de logística e resposta em áreas fronteiriças do Estado.
O incêndio aconteceu por volta das 10h, a poucos quilômetros da divisa com o Peru. Segundo informações locais, o caminhoneiro trafegava rumo a Rio Branco com carga viva destinada ao frigorífico quando percebeu um superaquecimento na parte elétrica. Ele ainda tentou usar o extintor do próprio veículo, mas o fogo rapidamente se alastrou. Em minutos, restaram apenas a carcaça e a estrada parcialmente interditada.
A cena atraiu a atenção de moradores e condutores, que pararam para ajudar e gravaram vídeos com celulares. Não havia equipes dos bombeiros ou do DERACRE no local no momento do ocorrido. O trecho ficou congestionado por quase duas horas até que a Polícia Rodoviária Federal liberasse parcialmente a via para o fluxo de veículos. Ninguém ficou ferido.
O caminhão, modelo trucado, transportava mais de 20 cabeças de gado. Testemunhas relataram que os animais conseguiram sair antes da combustão total, mas alguns se feriram durante a fuga e permaneceram soltos às margens da rodovia. Até o final da manhã, não havia confirmação se o proprietário havia sido localizado ou se haveria socorro veterinário.
Este não é o primeiro caso de incêndio veicular na região de fronteira. Segundo levantamento informal de transportadores locais, ao menos quatro ocorrências semelhantes foram registradas nos últimos dois anos no mesmo trecho da BR-317. A combinação de falta de acostamento, ausência de unidades de pronto atendimento e o desgaste das frotas pesadas que cruzam diariamente a área tornam o cenário uma bomba-relógio.
A prefeitura de Assis Brasil afirmou, por nota, que acionou o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil assim que recebeu a denúncia, mas que o deslocamento é dificultado por limitações orçamentárias e pela distância do quartel mais próximo. O caso reacende a discussão sobre a necessidade de bases de emergência fixas na região de fronteira e o fortalecimento do atendimento integrado com o Peru.
O fato também reforça a fragilidade do sistema de escoamento da produção agropecuária do Acre, especialmente no momento em que o governo estadual tenta impulsionar a exportação de carne e derivados para países andinos. “Se não temos nem como proteger um caminhão, como garantir que a cadeia de frio funcione na exportação?”, questionou um produtor da região ouvido pelo Cidade AC News.
Enquanto a fumaça se dissipava, restava no asfalto mais do que a carcaça de um caminhão. Restava a evidência crua: Assis Brasil, a cidade da tríplice fronteira, continua isolada não apenas pela distância geográfica, mas pela omissão crônica do poder público.
📎 Links úteis
Últimas 3 matérias da categoria correspondente:
• Moradores pedem socorro após apagão em Assis Brasil
• Comércio em Assis Brasil sente impacto da crise na fronteira
• Prefeitura promete mutirão de limpeza, mas população cobra prazos
✍️ Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News – Rio Branco – Acre
