O Acre vive um clima de tensão crescente, amplificado pelas ações do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A intervenção desses órgãos, especialmente por meio da Operação Suçuarana na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, tem gerado revolta entre produtores rurais, comunidades tradicionais e políticos locais. Este artigo analisa os impactos negativos, como a sensação de terras “engessadas”, a estagnação econômica, o aumento da fome rural e ações truculentas, além de destacar a urgência de um modelo que concilie as demandas das comunidades com os objetivos de conservação. Opiniões do ex-governador Jorge Viana, da ministra Marina Silva e as críticas do deputado Coronel Ulysses, somadas ao recente protesto na Transacreana, reforçam a necessidade de superar uma abordagem que beneficia poucos e prejudica muitos.
Ações do ICMBio e Ibama: Intervenção nas Terras e Operação Suçuarana
O ICMBio e o Ibama intensificaram operações na Amazônia, incluindo a Operação Suçuarana na Resex Chico Mendes, para proteger áreas sensíveis. Contudo, essas ações impõem restrições severas às atividades produtivas, como agricultura e pecuária. Produtores rurais denunciam que as terras estão “engessadas”, com embargos e apreensões de gado, especialmente em Xapuri e Rio Branco. Na manhã de quarta-feira (11), às 8h30 AM -03, produtores interditaram a estrada Transacreana, em frente à balança de pesagem próxima à Sobral, paralisando o tráfego como resposta direta à operação. A revolta reflete a frustração de quem depende dessas áreas para sobreviver, exigindo um modelo que equilibre conservação e subsistência.
Impactos Negativos na Economia e no Povo Rural
A paralisia imposta por essas operações afeta a economia local, dependente da agropecuária e do extrativismo. Com terras e atividades bloqueadas, a produção diminui, levando à estagnação econômica e ao aumento da fome nas comunidades rurais. Famílias perdem meios de subsistência, como o produtor Josenildo Mesquita, que depende do leite e agora precisa de aval ambiental.
O protesto na Transacreana, com uso de pneus, madeira e carros para bloquear a via, simboliza a crise, destacando a necessidade de políticas que integrem desenvolvimento rural e proteção ambiental, evitando que o Acre permaneça refém de uma abordagem que privilegia interesses externos.
Ações Truculentas e Conflitos com as Comunidades
As operações do ICMBio e Ibama são criticadas por sua abordagem autoritária. Em Xapuri, apreensões forçadas e retiradas de trabalhadores foram marcadas por uso excessivo de força e ausência de diálogo. Manifestantes na Transacreana denunciam: “Estão perseguindo produtores, embargando terras e confiscando animais sem direito à defesa”. Apesar de dados do Imazon indicarem que o Acre perdeu significativos hectares de floresta em 2024, o que justifica fiscalizações, a falta de diálogo agrava o conflito.
O caso de Josenildo, citado por Coronel Ulysses em pronunciamento na Câmara nesta terça (10), às 10:15 AM -03, reforça a percepção de “perseguição institucional”, exigindo uma abordagem mais humana.
Opinião do Ex-Governador Jorge Viana e da Ministra Marina Silva
O ex-governador Jorge Viana, ligado à Apex Brasil, defende um modelo de bioeconomia que una preservação e desenvolvimento, criticando políticas que excluem comunidades. Ele vê no Acre potencial para liderar essa integração, evitando perdas econômicas. Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, justifica as operações com dados do Inpe, focando na transição para uma economia de baixo carbono. Contudo, ela enfrenta críticas, como as de Ulysses: “Governo gasta helicópteros para embargar roças enquanto o narcotráfico avança nas fronteiras”. Ambientalistas do ICMBio, sob anonimato, rebatem que as ações coíbem crimes, mas admitem que embargos afetam propriedades sobrepostas a áreas protegidas, ignorando a realidade de extrativistas.
Mobilização Política e Propostas de Mudança
Coronel Ulysses (PL-AC) anunciou um Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para suspender as operações do ICMBio e debater critérios de fiscalização, buscando apoio de Rodolfo Nogueira (PL-MS), presidente da Comissão de Agricultura. “É uma luta pela dignidade de quem produz”, declarou. O protesto na Transacreana, monitorado pela PRF sem mediação do governo até o fechamento desta edição às 11:00 AM -03 de 12/06/2025, reflete essa mobilização. O Ministério do Meio Ambiente foi acionado, mas não se pronunciou, intensificando a crise.
Urgência por um Modelo Equilibrado
O governo deve urgentemente encontrar um modelo que concilie as demandas das comunidades rurais com os objetivos de conservação. Isso exige políticas que permitam o uso sustentável das terras, garantindo renda e segurança alimentar, como a criação de gado por extrativistas na Resex Chico Mendes. A abordagem atual, com restrições rígidas e ações truculentas, beneficia poucas entidades ou interesses externos, enquanto prejudica milhares de famílias rurais.
No Acre, a estagnação econômica, a fome crescente e os bloqueios na Transacreana são provas dessa falha. Além disso, o diálogo com comunidades, a revisão de critérios de fiscalização e a integração de propostas como as de Viana são essenciais para evitar que o estado e outras regiões permaneçam reféns de uma política que exclui os mais vulneráveis. Um modelo equilibrado pode transformar o Acre em exemplo de sustentabilidade inclusiva, em vez de um campo de conflito.




