Ícone do site Cidade AC News | Notícias do Acre, Amazônia e Brasil

Após bloqueio judicial, influenciador acreano desativa perfis e é intimado a depor sobre tráfico de seguidore

Após bloqueio judicial, influenciador acreano desativa perfis e é intimado a depor sobre tráfico de seguidore | Cidade AC News – Notícias do Acre

[Cidade AC News – Rio Branco (AC)] — A Justiça do Acre bloqueou judicialmente, nesta quinta-feira (24), os perfis nas redes sociais do influenciador digital Bruno T. R., acusado de operar um esquema de venda de seguidores, curtidas e engajamento falso para perfis de políticos, empresários e até igrejas evangélicas. A decisão foi emitida pela Vara Cível de Rio Branco, após denúncia formalizada pelo Ministério Público Estadual (MPAC), que investiga um possível tráfico digital de influência com fins eleitorais e comerciais.

Segundo o inquérito, Bruno oferecia pacotes de visibilidade digital a partir de R$ 400, com a promessa de aumentar números em redes sociais como Instagram, TikTok e YouTube. O serviço incluía seguidores “internacionais”, curtidas em tempo real, visualizações programadas e até manipulação de enquetes.

“Não se trata apenas de vaidade. Existe aqui um possível uso ilegal de influência digital para desequilibrar disputas políticas, fraudar o consumo e enganar a opinião pública”, afirmou um dos promotores do caso, sob condição de anonimato.

A investigação teve início após denúncias de usuários que pagaram por pacotes e não receberam os serviços prometidos. A partir daí, a Polícia Civil do Acre identificou movimentações bancárias suspeitas, ligações com empresas fantasmas e registros de CPF utilizados para criar contas robôs — muitas delas baseadas na Índia e no Paquistão.

O influenciador, que conta com mais de 70 mil seguidores em um de seus perfis, desativou temporariamente suas redes sociais assim que soube da medida judicial. Ele também foi intimado a depor na próxima semana, podendo responder por estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

O MPAC investiga, ainda, quem são os “clientes” do esquema — entre eles, segundo fontes ligadas ao caso, estariam ao menos dois pré-candidatos a vereador em Rio Branco, um pastor influente da Baixada da Sobral e uma loja de perfumes importados com forte presença digital no Instagram.

Para o advogado digital e professor da Ufac, Marcos Fontenele, o caso é simbólico e marca uma virada no entendimento do que é fraude eleitoral ou publicitária no ambiente digital:

“Seguidores falsos manipulam percepção social e violam o princípio da isonomia, seja no comércio, seja na política. Não é só feio, é ilegal.”

A Justiça determinou também que os perfis citados na denúncia sejam monitorados pela Meta (controladora do Instagram e Facebook), e que o Google Brasil forneça os acessos vinculados a canais de YouTube operados pelo influenciador. Há suspeita de que parte da monetização dos vídeos era inflada artificialmente.

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB/AC) publicou nota defendendo o avanço das investigações e a punição para quem usa a rede digital de forma enganosa:

“A democracia exige autenticidade também no mundo virtual. É inaceitável que mecanismos criados para fortalecer vozes legítimas sejam sequestrados por práticas enganosas.”

Com a repercussão do caso, outras denúncias começaram a surgir nos bastidores — inclusive entre influenciadores menores e perfis ligados a campanhas publicitárias no interior. O MPAC já estuda a criação de um núcleo de combate à manipulação digital no período eleitoral, com apoio da Justiça Eleitoral e parcerias com plataformas de mídia.

Enquanto isso, o nome do influenciador segue sendo mantido sob sigilo judicial, já que o caso ainda está em fase de apuração formal. O advogado de defesa afirmou, em nota, que seu cliente “trabalha com marketing digital há anos e jamais cometeu qualquer irregularidade”, prometendo colaborar com a investigação.


✍️ Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News – Rio Branco – Acre

Sair da versão mobile