A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tomou uma medida drástica na quinta-feira, 27 de março de 2025, ao determinar a suspensão cautelar das vendas do creme dental Colgate Total Clean Mint. A decisão veio após um aumento significativo nos relatos de efeitos adversos associados ao produto, que substituiu a tradicional linha Total 12 em julho de 2024. Consumidores reportaram problemas como lesões bucais, sensação de queimação, inflamação gengival e até edema labial, o que gerou preocupação entre autoridades de saúde e usuários. A interdição, inicialmente prevista para durar 90 dias, foi revertida no mesmo dia após a Colgate apresentar um recurso, mas o caso segue em análise.
Por trás da suspensão está o fluoreto de estanho, um componente da nova formulação do creme dental. Esse agente, utilizado para promover a saúde bucal, foi apontado como o principal responsável pelas reações adversas. A Anvisa destacou que os sintomas relatados impactaram diretamente a qualidade de vida dos afetados, resultando em dificuldades para comer, falar e, em alguns casos, até custos médicos adicionais. A agência orientou os consumidores a verificar o número do processo 25351.159395/2024-82 nas embalagens ou a presença do fluoreto estanoso na composição para identificar os lotes interditados.
A Colgate, por sua vez, reagiu rapidamente. Em comunicado oficial, a empresa afirmou que o produto não representa riscos à saúde e que as reações são resultado de sensibilidades individuais a ingredientes como o fluoreto de estanho, corantes ou sabores. A suspensão da interdição, obtida por meio de recurso, foi automática, mas a companhia segue em diálogo com a Anvisa para comprovar a segurança do Total Clean Mint. O episódio reacende debates sobre a segurança de novos produtos no mercado e o papel das agências reguladoras na proteção ao consumidor.
O que motivou a decisão da Anvisa
A interdição cautelar do Colgate Total Clean Mint não foi uma medida isolada. Ela reflete um aumento na vigilância da Anvisa sobre produtos de consumo após a reformulação de fórmulas tradicionais. O creme dental, lançado como substituto da linha Total 12, trouxe mudanças significativas em sua composição, incluindo a introdução do fluoreto de estanho. Esse composto, embora eficaz contra cáries e placa bacteriana, mostrou-se problemático para uma parcela dos usuários, que relataram sintomas graves o suficiente para justificar a ação da agência.
Os dados analisados pela Anvisa indicaram uma taxa de eventos adversos superior à observada com a fórmula anterior. Entre os problemas mais comuns estavam lesões na mucosa oral, ardência persistente e inchaço nos lábios, sintomas que, segundo a agência, geraram sofrimento emocional e até afastamento do trabalho em alguns casos. A decisão de suspender as vendas foi tomada para proteger a população enquanto investigações mais detalhadas são conduzidas, mas a reversão rápida da medida levanta questões sobre a eficácia do processo regulatório.
A orientação da Anvisa aos consumidores foi clara: verificar as embalagens e evitar o uso do produto caso ele esteja entre os lotes afetados. A medida, no entanto, não incluiu o recolhimento do creme dental, apenas a proibição de sua comercialização e exposição nos pontos de venda. Farmácias e supermercados foram instruídos a isolar os estoques até que a segurança fosse atestada.
Principais sintomas relatados pelos consumidores
Os efeitos adversos do Colgate Total Clean Mint chamaram atenção pela intensidade e variedade. Abaixo, alguns dos problemas mais frequentes reportados à Anvisa:
- Lesões bucais: feridas ou úlceras na mucosa oral, dificultando a alimentação.
- Sensação de queimação: ardência prolongada na boca após o uso.
- Inflamação gengival: gengivas inchadas e sensíveis ao toque.
- Edema labial: inchaço nos lábios, em alguns casos acompanhado de dor.
Esses sintomas, embora não afetem todos os usuários, foram suficientes para acender o alerta entre as autoridades sanitárias.
A resposta da Colgate à crise
A Colgate agiu com rapidez para conter os danos à sua imagem e ao produto. Horas após a publicação da interdição no Diário Oficial, a empresa entrou com um recurso que suspendeu automaticamente a decisão da Anvisa. Em nota, a companhia reforçou que o Total Clean Mint é seguro e que os casos relatados decorrem de sensibilidades individuais, não de falhas na formulação. A fabricante destacou ainda que está colaborando com a agência para esclarecer os fatos e tranquilizar consumidores, profissionais de saúde e parceiros comerciais.
O posicionamento da empresa também enfatizou seu histórico de compromisso com a qualidade. A Colgate afirmou que suas equipes estão disponíveis para responder a dúvidas e que todas as medidas necessárias estão sendo tomadas para garantir a confiança no produto. Apesar da suspensão da interdição, o caso permanece em aberto, com a Anvisa analisando os argumentos apresentados pela companhia.
Impactos no mercado de higiene bucal
O episódio envolvendo o Colgate Total Clean Mint não passou despercebido no setor de higiene bucal. Marcas concorrentes, como Oral-B e Sensodyne, podem ganhar espaço entre consumidores preocupados com a segurança de novos produtos. A reformulação de fórmulas, comum na indústria para atender às demandas por inovação, nem sempre é bem recebida, especialmente quando os resultados afetam a experiência do usuário.
No Brasil, o mercado de cremes dentais movimenta bilhões de reais anualmente, com a Colgate mantendo uma posição de liderança. A suspensão temporária das vendas, mesmo que revertida em menos de 24 horas, pode abalar a confiança de parte do público. Especialistas apontam que a comunicação clara e a resolução rápida do problema serão cruciais para a marca recuperar sua credibilidade.
A Anvisa, por outro lado, reforça seu papel de fiscalizadora. A agência já interditou outros produtos no passado por motivos semelhantes, como cosméticos e medicamentos, mostrando que a saúde pública é prioridade. A decisão de março de 2025, ainda que breve, destaca a importância de testes rigorosos antes do lançamento de novas formulações.
Cronologia dos eventos de março
O caso do Colgate Total Clean Mint se desenrolou em um curto espaço de tempo. Veja os principais momentos:
- Julho de 2024: Colgate lança o Total Clean Mint, substituindo a linha Total 12.
- Março de 2025: Consumidores começam a relatar efeitos adversos à Anvisa.
- 27 de março de 2025: Anvisa publica a interdição cautelar no Diário Oficial.
- 27 de março de 2025 (tarde): Colgate entra com recurso e suspende a interdição.
- 28 de março de 2025: Caso segue em análise, com a empresa defendendo a segurança do produto.
Essa sequência de eventos mostra a rapidez com que a situação evoluiu e a agilidade da resposta da fabricante.

Fluoreto de estanho em debate
O fluoreto de estanho, pivô da polêmica, é um composto amplamente utilizado em cremes dentais por suas propriedades anticárie e antibacterianas. Ele age formando uma camada protetora sobre os dentes, reduzindo a sensibilidade e combatendo a placa. No entanto, sua aplicação não é isenta de controvérsias. Estudos já indicaram que, em algumas pessoas, o ingrediente pode causar irritação ou reações alérgicas, especialmente em concentrações mais altas.
No caso do Total Clean Mint, a Anvisa identificou que a nova formulação elevou a incidência de problemas em comparação com a versão anterior do produto. A sensibilidade ao fluoreto de estanho varia de pessoa para pessoa, mas os relatos foram numerosos o suficiente para justificar a intervenção. A Colgate, por sua vez, mantém que o composto é seguro e que os casos são exceções, não a regra.
O que os consumidores devem fazer
A Anvisa forneceu orientações práticas para quem possui o creme dental em casa. Os consumidores devem checar o número do processo na embalagem secundária (25351.159395/2024-82) ou buscar a menção ao fluoreto estanoso na composição da bisnaga. Caso o produto esteja entre os lotes interditados, a recomendação é suspender o uso e entrar em contato com a Colgate ou com a própria agência para mais informações.
Farmácias e drogarias, embora não obrigadas a recolher o produto, devem mantê-lo fora de circulação até que a segurança seja confirmada. A medida cautelar, mesmo suspensa, serve como alerta para que os pontos de venda fiquem atentos às determinações futuras da Anvisa.
Repercussão entre os usuários
Nas redes sociais, o caso ganhou tração rapidamente. Usuários relataram experiências negativas com o Total Clean Mint, como ardência intensa e gengivas irritadas, enquanto outros defenderam o produto, afirmando não terem sentido qualquer desconforto. A polarização reflete a natureza subjetiva das reações ao fluoreto de estanho e a dificuldade de prever como cada organismo responderá a uma nova formulação.
A velocidade com que a Colgate reverteu a interdição também gerou comentários. Alguns consumidores elogiaram a agilidade da empresa, enquanto outros questionaram se a Anvisa cedeu à pressão da fabricante sem uma análise mais aprofundada. O debate segue em aberto, com a agência prometendo mais esclarecimentos nos próximos dias.
Curiosidades sobre cremes dentais no Brasil
O mercado de higiene bucal no país tem características únicas. Confira alguns dados interessantes:
- O Brasil é um dos maiores consumidores de creme dental per capita no mundo.
- A categoria de cremes com ação clareadora cresceu 15% nos últimos dois anos.
- Fórmulas com ingredientes naturais ganharam espaço, mas as tradicionais ainda dominam.
Esses números mostram o peso do setor e o impacto que episódios como o da Colgate podem ter no comportamento do consumidor.
Próximos passos da investigação
A Anvisa continua avaliando os dados apresentados pela Colgate para decidir se o Total Clean Mint poderá voltar ao mercado sem restrições. Testes adicionais podem ser exigidos para comprovar a segurança do produto, especialmente em relação ao fluoreto de estanho. Enquanto isso, a empresa mantém sua campanha de comunicação para tranquilizar o público e evitar perdas significativas de mercado.
O desfecho do caso dependerá das evidências técnicas e da capacidade da Colgate de demonstrar que os benefícios do creme dental superam os riscos. Para os consumidores, resta acompanhar as atualizações e tomar decisões informadas sobre o uso do produto.