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Alta de 12% nas ações da Americanas reflete sucesso na renegociação de débitos

Alta de 12% nas ações da Americanas reflete sucesso na renegociação de débitos

Em um movimento que agitou o mercado financeiro, as ações da Americanas (AMER3) registraram alta expressiva de 12% no último mês, impulsionadas por avanços significativos no processo de recuperação judicial iniciado em janeiro de 2023. A varejista, que enfrentou uma crise desencadeada por uma fraude contábil de R$ 25,2 bilhões, anunciou em 13 de junho de 2025 um acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para quitar R$ 865 milhões em débitos fiscais, obtendo um desconto de mais de R$ 500 milhões. Esse passo, ocorrido no Rio de Janeiro, fortalece a reestruturação financeira da empresa, reduzindo custos judiciais e liberando garantias. A notícia gerou otimismo entre investidores, apesar de desafios operacionais persistentes, e reflete esforços para estabilizar a companhia, que já foi uma das maiores varejistas do Brasil.

O cenário atual da Americanas combina volatilidade e sinais de recuperação. Após a fraude contábil que derrubou suas ações em 92,7% desde janeiro de 2023, a empresa tem trabalhado para reconquistar a confiança do mercado. O acordo com a PGFN, embora divulgado há semanas, só agora parece ter sido plenamente absorvido pelos investidores, gerando picos de valorização.

A alta recente, no entanto, não apaga os desafios. A baixa liquidez dos papéis e o cenário operacional complexo ainda geram cautela entre analistas e investidores.

Acordo fiscal como divisor de águas
O entendimento com a PGFN marca um dos passos mais concretos na reestruturação da Americanas. A redução de mais de R$ 500 milhões em dívidas fiscais, equivalente a cerca de 58% do montante original, foi formalizada em 13 de junho de 2025, após meses de negociações. A medida não apenas preserva o caixa da companhia, mas também elimina custos associados a disputas judiciais prolongadas. Segundo especialistas, esse tipo de acordo é crucial para empresas em recuperação judicial, pois sinaliza ao mercado uma gestão comprometida com a resolução de passivos.

Além disso, a liberação de garantias anteriormente vinculadas aos débitos fiscais permite à Americanas realocar recursos para áreas estratégicas, como a operação varejista e a logística. A empresa, que opera mais de 1.700 lojas físicas e uma robusta plataforma de e-commerce, busca manter sua relevância no setor, mesmo após o impacto da crise contábil.

O mercado reagiu com entusiasmo, mas com ressalvas. Em 24 de junho, as ações AMER3 atingiram uma valorização de 14% na B3, contrastando com a queda do Ibovespa. No dia seguinte, porém, os papéis recuaram 2,97%, fechando a R$ 5,88, evidenciando a volatilidade característica de empresas em reestruturação.

Histórico de crise e recuperação
A trajetória da Americanas desde o início de 2023 é marcada por turbulências. Em 11 de janeiro daquele ano, a companhia revelou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões, valor que, após investigações, foi ajustado para R$ 25,2 bilhões. A notícia levou à renúncia do então CEO, Sérgio Rial, e à queda de 77% nas ações em um único dia, a maior desvalorização de uma empresa na B3 desde o Plano Real. A crise culminou no pedido de recuperação judicial, aceito em 19 de janeiro de 2023, com dívidas totais de R$ 43 bilhões junto a 16.300 credores.

O plano de recuperação, homologado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) em 26 de fevereiro de 2024, prevê medidas como:

A aprovação do plano, em dezembro de 2023, contou com o apoio de 97,19% dos credores, incluindo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco da Amazônia, sinalizando confiança na viabilidade da reestruturação.

Ações, Bolsa de Valores
Ações, Bolsa de Valores – Foto: MicroStockHub/ Istockphoto.com

Reações do mercado e volatilidade
A alta de 12% nas ações da Americanas no último mês reflete uma percepção positiva do mercado, mas a volatilidade permanece. Analistas destacam que a baixa liquidez dos papéis AMER3 amplifica os movimentos de preço, especialmente em resposta a notícias como o acordo com a PGFN. Em 24 de junho, o volume de negociações foi significativamente maior que a média, indicando interesse renovado de investidores.

No entanto, a queda de 2,97% no dia seguinte sugere que o otimismo é temperado por incertezas. A Americanas ainda enfrenta desafios operacionais, como a recomposição de margens e a concorrência acirrada no varejo. Além disso, a confiança abalada pela fraude contábil continua a pesar sobre a percepção de longo prazo.

Esforços para recuperar a confiança
Desde a crise de 2023, a Americanas tem investido em iniciativas para restaurar sua imagem. A gestão, liderada pelo CEO Leonardo Coelho, prioriza a transparência e a comunicação com o mercado. Em entrevista recente, Coelho afirmou que a empresa está “a cada trimestre mais próxima de se tornar uma companhia normal”, destacando avanços na operação e na reestruturação financeira.

A companhia também implementou mudanças internas, como a revisão de processos contábeis e a contratação de auditores independentes. Essas medidas visam evitar novas inconsistências e reforçar a governança corporativa, um ponto crítico após a fraude que envolveu contratos fictícios de propaganda cooperada.

Impacto na operação varejista
A redução da dívida fiscal proporciona à Americanas maior flexibilidade para focar em sua operação. A empresa, que já foi a quinta maior varejista do Brasil, mantém uma rede de lojas físicas e uma plataforma de e-commerce que atende milhões de consumidores. No entanto, a crise afetou fornecedores, muitos dos quais enfrentaram dificuldades financeiras devido a atrasos nos pagamentos.

Para mitigar esses impactos, a Americanas tem buscado acordos com fornecedores, oferecendo condições especiais para credores de até R$ 12 mil que aceitem não litigar. A estratégia visa preservar a cadeia de suprimentos, essencial para a retomada do crescimento.

Perspectiva dos analistas
A visão dos especialistas sobre o futuro da Americanas é cautelosa, mas com nuances de otimismo. Caroline Sanchez, da Levante Inside Corp, destaca que o acordo com a PGFN é um “passo concreto” na recuperação, mas alerta para os desafios operacionais. Já Felipe Sant’Anna, do Grupo Axia Investing, considera as ações AMER3 mais adequadas para especulação, devido à volatilidade e ao preço baixo, na casa dos R$ 6,00.

Os analistas concordam que a reestruturação financeira é apenas parte da equação. A Americanas precisa recuperar margens, reconquistar consumidores e enfrentar a concorrência de gigantes como Magazine Luiza e Mercado Livre.

Próximos passos na reestruturação
O acordo com a PGFN é um marco, mas a Americanas ainda tem compromissos significativos a cumprir. O plano de recuperação prevê a execução de medidas até 2026, incluindo a venda de ativos não essenciais, como um avião corporativo e a divisão de hortifruti. Além disso, a empresa enfrenta disputas com credores que questionam o plano, embora a maioria tenha aderido às condições propostas.

A homologação do plano nos Estados Unidos, em julho de 2024, também ampliou a proteção da Americanas contra litígios internacionais, reforçando a segurança jurídica da reestruturação. A companhia agora foca em cumprir prazos e manter a operação estável, enquanto negocia com outros credores, como bancos e fundos de investimento.

Cenário econômico e setorial
O desempenho da Americanas ocorre em um contexto de desafios para o varejo brasileiro. A alta da taxa Selic e a inflação persistente têm pressionado o consumo, enquanto a concorrência no e-commerce se intensifica. Apesar disso, a capacidade da Americanas de reduzir passivos e preservar o caixa pode posicioná-la para aproveitar uma eventual retomada econômica.

A empresa também busca se diferenciar com investimentos em tecnologia, como a melhoria de sua plataforma digital e a integração com a fintech Ame, que permanece fora do processo de recuperação judicial. Essas iniciativas são vistas como vetores de crescimento, mas exigem execução impecável em um mercado altamente competitivo.

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