O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) prorrogou por mais 12 meses a emergência fitossanitária no estado do Acre devido à presença da praga Moniliophthora roreri, também conhecida como monilíase do cacaueiro, um fungo agressivo que ameaça as plantações de cacau e cupuaçu na região amazônica. A nova decisão, publicada nesta quarta-feira (23) no Diário Oficial da União por meio da Portaria nº 818, estende o regime especial que permite medidas extraordinárias de controle, fiscalização e manejo da praga em território acreano. A vigência da nova portaria começa a contar a partir de 5 de agosto de 2025 e é válida até agosto de 2026, salvo nova reavaliação.
O Acre foi o primeiro estado brasileiro a confirmar a presença da monilíase, em julho de 2021, em cultivos de cupuaçu no município de Cruzeiro do Sul. Desde então, o governo estadual, em parceria com órgãos federais e com apoio de entidades como a Embrapa e o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), tem implementado ações contínuas de monitoramento, erradicação de focos e capacitação de produtores rurais para conter o avanço da praga. Segundo dados do próprio Mapa, a monilíase pode causar perdas de até 90% na produção de cacau se não for controlada, representando risco não apenas para a economia local, mas também para o sistema agroexportador nacional, especialmente no eixo Norte e Nordeste.
A prorrogação da emergência permite, na prática, que o governo continue realizando medidas como destruição de plantas infectadas, restrição de circulação de mudas e sementes, barreiras fitossanitárias e fiscalizações em estradas e aeroportos. Técnicos do Mapa e do Idaf também continuam com permissão para acessar propriedades rurais e realizar coletas e testes laboratoriais, mesmo sem aviso prévio, conforme preconiza o estado de emergência vigente. Além disso, laboratórios credenciados foram autorizados a seguir emitindo laudos que servem de base para as ações de contenção.
O Idaf informou nesta quarta-feira que a maior parte das ocorrências de monilíase ainda se concentra no Juruá, sobretudo em Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima, onde foram identificados e destruídos diversos focos nos últimos três anos. Já o avanço para a região do Baixo Acre, onde está concentrada a maior produção de cacau comercial do estado, ainda não foi registrado oficialmente. Entretanto, técnicos alertam que o fungo possui um tempo de incubação silencioso e pode contaminar novas áreas por meio de frutos infectados transportados sem controle ou pela ação do vento e da chuva.
Os produtores de cacau e cupuaçu, especialmente os pequenos agricultores familiares que compõem a cadeia produtiva local, têm sido orientados a realizar a poda constante das plantas, evitar o acúmulo de matéria orgânica no solo e procurar imediatamente as autoridades fitossanitárias ao notarem frutos com sintomas característicos da doença, como manchas aquosas, escurecimento e formação de esporos brancos.
Em nota, o secretário de Produção e Agronegócio do Acre, Luiz Tchê, destacou que o estado segue em alerta máximo e continuará investindo em campanhas educativas, assistência técnica e fiscalização, além de buscar recursos federais para manutenção das ações em campo. Ele reforçou que o cacau é uma das principais culturas permanentes da economia rural acreana, especialmente na região de Tarauacá, Feijó e Assis Brasil, e que o prejuízo causado por uma infestação descontrolada poderia comprometer toda a cadeia produtiva, inclusive o funcionamento das agroindústrias locais.
A extensão da emergência fitossanitária no Acre também serve de modelo para outros estados da Amazônia Legal. Rondônia, Amazonas e Pará vêm estudando protocolos preventivos semelhantes, temendo a introdução da praga em seus territórios. A Embrapa orienta que o combate à monilíase seja feito de maneira integrada, com envolvimento de órgãos públicos, universidades, associações de produtores e cooperativas.
A população urbana também tem papel importante: não transportar frutos de cacau e cupuaçu entre municípios sem autorização, descartar adequadamente restos de alimentos e evitar adquirir mudas ou sementes de origem desconhecida, principalmente pelas redes sociais ou em feiras livres.
O Acre, que havia sido declarado livre da praga por décadas, hoje figura como centro da vigilância nacional contra a monilíase. A renovação da emergência, segundo o Mapa, reflete o compromisso do estado em proteger sua produção, evitar o alastramento da doença e garantir a sustentabilidade da fruticultura amazônica.
Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News – Rio Branco – Acre
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