Secretário afirma que orçamento do Acre não comporta reajuste e servidores estaduais ameaçam greve geral. Entenda os desdobramentos políticos e fiscais.
Governo endurece discurso e sindicatos intensificam mobilização
O secretário de Planejamento do Estado, Ricardo Hassem, reafirmou nesta segunda-feira (7) que não há espaço fiscal para conceder reajuste salarial aos servidores públicos em 2025. A fala foi dada em nova rodada de discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), onde sindicalistas acompanharam com protestos silenciosos.
“Temos uma realidade fiscal dura. A demanda dos servidores é legítima, mas incompatível com a estrutura orçamentária atual”, justificou Hassem. A declaração, no entanto, escalou a crise entre o Executivo e as categorias do funcionalismo, que acusam o governo de desvalorizar os trabalhadores.
Sindicatos rejeitam justificativa e pressionam base governista
Em resposta, líderes sindicais convocaram uma assembleia geral unificada para o próximo dia 12, onde deverão definir o calendário de mobilização e a possibilidade de paralisação total das atividades em agosto, incluindo setores como saúde, segurança e educação.
“Enquanto servidores têm salários congelados, contratos milionários continuam sendo assinados. Se o orçamento é escasso, ele precisa ser redistribuído de forma justa”, declarou Rosângela Farias, presidente do Sindicatos dos Técnicos Administrativos do Estado.
Representantes também entregaram à Mesa Diretora da Aleac um dossiê com perdas salariais acumuladas desde 2017, mostrando defasagem de até 38% nos salários de algumas categorias.
Base aliada tenta apaziguar clima com promessas futuras
Deputados da base governista, como Gerlen Diniz (PP) e Whendy Lima (União), reconheceram as dificuldades enfrentadas pelos servidores, mas pediram “cautela e diálogo responsável”. Ambos sinalizaram que podem mediar a inclusão de gatilhos automáticos de reajuste na LDO, vinculando aumentos salariais ao crescimento da receita estadual.
Contudo, a proposta foi recebida com desconfiança pelos sindicatos, que já ouviram promessas semelhantes nos últimos três ciclos orçamentários, sem nenhuma aplicação prática.
Reajuste pode se tornar tema central da disputa eleitoral de 2026
Analistas políticos ouvidos pelo CidadeACNews avaliam que a tensão atual é mais do que um impasse fiscal: trata-se de um divisor político com impacto direto nas eleições municipais e estaduais.
“O governo corre o risco de perder o apoio da base funcional, tradicionalmente estratégica para campanhas eleitorais. A ausência de reajuste será cobrada nas urnas”, afirma o cientista político Paulo Gadelha, da Ufac.
Segundo levantamento do Fórum Estadual de Servidores, mais de 70 mil famílias no Acre são impactadas diretamente por salários pagos pelo Estado.
Acre vive impasse fiscal estrutural
Além das reivindicações salariais, os sindicatos criticam a ausência de planos de carreira atualizados, concursos públicos e revisão de gratificações. O governo, por sua vez, aponta o rombo previdenciário e os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal como barreiras intransponíveis.
O secretário Hassem reafirmou que o Estado só poderá discutir novos reajustes “após 2026, se a arrecadação melhorar e a despesa com inativos for contida.” Até lá, os sindicatos prometem manter pressão constante sobre o Executivo.





