No Acre, onde desafios logísticos e altos custos operacionais são parte do cotidiano, pequenos empreendedores estão conseguindo não apenas sobreviver, mas transformar suas ideias em negócios sólidos.

Dados do Sebrae Nacional revelam que 85% das empresas ativas no estado são micro ou pequenas — e, juntas, elas foram responsáveis por colocar o Acre no 2º lugar do ranking nacional de geração de empregos formais nesse segmento no primeiro semestre de 2024, com 2.420 vagas abertas.
O retrato econômico
Segundo o Sebrae/AC, setores como alimentação, serviços de logística e economia criativa têm puxado o crescimento. A aposta em nichos específicos e no uso estratégico das redes sociais tem sido decisiva para alcançar clientes dentro e fora do estado.
Na Expoacre 2025, maior feira agropecuária e de negócios do Acre, mais de 400 empreendimentos locais participaram, fechando contratos e expandindo mercados.
“A feira não é só vitrine, é um ponto de virada para quem quer crescer”, afirma Marcos Aurélio de Lima, diretor técnico do Sebrae/AC.
Histórias que inspiram
- Cervejaria Cruzeiro Beer (Cruzeiro do Sul): fundada por Daniel Melo, produz cervejas artesanais com insumos regionais. Hoje vende para Rondônia e negocia exportação para Manaus.
- AC Log Express (Rio Branco): startup de logística criada por Fernanda Carvalho, reduziu custos de frete interno em até 30% para pequenos produtores.
- Cooperativa Yawanawá de Biojoias (Tarauacá): liderada por Maria Yawanawá, exporta peças para São Paulo e Minas Gerais, gerando renda para 25 famílias indígenas.
Desafios que persistem
Apesar do otimismo, empreendedores apontam barreiras:
- Carga tributária elevada que reduz margens de lucro.
- Acesso restrito ao crédito, especialmente para negócios iniciantes.
- Custo logístico alto, que encarece produtos e atrasa entregas.
Aposta na inovação
O programa ACRE FOR STARTUPS, lançado pelo Sebrae, oferece bolsas de até R$ 6.500 mensais por cinco meses, além de mentorias e conexão com investidores. Já o Programa Acredita promete ampliar o acesso ao crédito para micro e pequenos negócios, com linhas específicas para exportação.
O que dizem os especialistas
Para o economista Roberto Lima, a expansão dependerá da digitalização:
“O Acre precisa conectar seus negócios ao mercado nacional e internacional. A tecnologia encurta distâncias e reduz custos — e isso é essencial para romper barreiras geográficas.”
O próximo capítulo
Empreendedores e entidades esperam que as políticas públicas avancem para além dos anúncios. Enquanto isso, histórias como as de Daniel, Fernanda e Maria mostram que, no Acre, o empreendedorismo é tanto um ato de coragem quanto de estratégia.
Por Eliton Lobato Muniz
Jornalista multimídia, fundador do Cidade AC News, especializado em notícias quentes, investigativas e hiperlocais, com olhar atento para histórias que conectam pessoas e economia.





