[Cidade AC News – Rio Branco (AC)] — Um alerta foi disparado em todo o sistema de saúde do Acre após a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) confirmar a investigação de sete casos suspeitos de sarampo em diferentes municípios do estado. A informação foi divulgada oficialmente no boletim extraordinário das 15h51 desta quarta-feira (24), quebrando um silêncio epidemiológico de 25 anos sem registros autóctones da doença no território acreano.
De acordo com o comunicado da Sesacre, os pacientes apresentaram sintomas clássicos da enfermidade — febre alta, exantema (manchas vermelhas no corpo), tosse persistente, conjuntivite e coriza. Os casos estão distribuídos entre as cidades de Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Sena Madureira e Tarauacá. Amostras foram colhidas e enviadas ao Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) para confirmação diagnóstica.
A resposta do governo estadual foi imediata: equipes da vigilância epidemiológica foram mobilizadas e uma força-tarefa intermunicipal de vacinação foi ativada. Além disso, unidades de saúde foram orientadas a manter vigilância reforçada para casos com sintomas compatíveis. A orientação é clara: qualquer suspeita deve ser notificada e investigada com urgência.
Segundo a própria Sesacre, a situação é tratada como de atenção máxima, mas sem indícios de surto comunitário até o momento. O histórico do estado é favorável: desde 1998, o Acre não registra casos de sarampo com transmissão local. Contudo, a cobertura vacinal atual caiu para abaixo de 80% em algumas áreas rurais, o que reacende o risco de reintrodução da doença, especialmente em cenários de baixa imunização coletiva.
A Sesacre também informou que está em contato direto com o Ministério da Saúde e com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que já disponibilizou apoio técnico para o processamento laboratorial e, se necessário, envio de equipes de campo.
Além da testagem, medidas preventivas incluem o bloqueio vacinal nas áreas de residência dos suspeitos, investigação de contatos e intensificação da campanha de conscientização sobre a importância da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola.
A Secretaria reforçou ainda a importância do comparecimento imediato às unidades de saúde ao menor sinal de sintomas, especialmente em casos de febre associada a manchas no corpo. Gestantes, crianças menores de cinco anos e pessoas imunocomprometidas fazem parte dos grupos de maior risco e devem ter atenção redobrada.
Em entrevista coletiva, representantes da vigilância sanitária estadual afirmaram que a volta do sarampo seria um retrocesso sanitário grave e que todos os esforços estão sendo feitos para evitar a reintrodução viral. “Não é apenas um problema de saúde pública. É também um alerta para nossa responsabilidade coletiva com a vacinação”, pontuou a equipe técnica da Sesacre.
O Acre foi um dos primeiros estados a atingir cobertura vacinal superior a 95% nos anos 1990, o que garantiu a eliminação do sarampo como doença endêmica. No entanto, a hesitação vacinal e o enfraquecimento de campanhas locais durante e após a pandemia de Covid-19 abriram brechas na chamada imunidade de rebanho.
A população pode verificar a situação vacinal no cartão de vacinação ou comparecer a qualquer posto de saúde para atualizar as doses. As vacinas seguem disponíveis gratuitamente em toda a rede pública.





