Acre intensifica vigilância epidemiológica em municípios de fronteira após surto de sarampo na Bolívia. Governo alerta para reforço vacinal e monitoramento em comunidades vulneráveis.
Cresce o risco de reintrodução do sarampo no Brasil pela faixa de fronteira com o Acre
A confirmação de mais de 70 casos de sarampo na Bolívia em 2025, com registros em Pando, La Paz e Santa Cruz, mobilizou autoridades de saúde no Brasil — especialmente nos estados com áreas de fronteira. O Acre, que compartilha 299 km de limite com o país vizinho, elevou o nível de vigilância epidemiológica e colocou equipes de campo em alerta máximo.
Os primeiros movimentos de resposta aconteceram nos municípios de Assis Brasil, Epitaciolândia e Brasileia, regiões com trânsito intenso de pessoas e onde há populações indígenas, migrantes e comunidades vulneráveis. A Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), em parceria com o Ministério da Saúde, determinou ações emergenciais de bloqueio vacinal e orientação para as unidades básicas de saúde.
Ações imediatas envolvem vacinação de reforço e busca ativa em áreas críticas
O governo estadual publicou uma nota de alerta epidemiológico, orientando que todas as unidades de saúde passem a priorizar a aplicação da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) para crianças e adultos com esquema incompleto. As estratégias incluem:
- Vacinação porta a porta em comunidades rurais e ribeirinhas;
- Implantação de pontos fixos e móveis em feiras e travessias;
- Treinamento emergencial de profissionais para reconhecimento clínico de casos suspeitos.
“O sarampo é altamente contagioso e não podemos baixar a guarda. Precisamos garantir que todas as pessoas tenham pelo menos duas doses da tríplice viral”, alertou a chefe da Vigilância em Saúde, Sirley Lobato.
Cobertura vacinal no Acre preocupa: metas ainda não foram atingidas em 2024
Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), o Acre alcançou 84,7% de cobertura vacinal em 2024, abaixo da meta mínima de 95% estabelecida pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). O número acende um sinal de alerta, já que municípios como Jordão, Porto Walter e Marechal Thaumaturgo registraram índices abaixo de 75%.
Além disso, o último surto de sarampo registrado no Acre foi em 2018, com 14 casos confirmados após migração venezuelana. Desde então, o estado havia se mantido livre da doença — até agora, quando o risco de reintrodução se torna real.
Fronteiras exigem vigilância redobrada em período de alta mobilidade
Entre janeiro e junho de 2025, a Polícia Federal registrou mais de 92 mil entradas e saídas pela fronteira do Acre com a Bolívia, especialmente pelo município de Assis Brasil. Com a chegada da temporada de feiras, turismo e comércio informal, a tendência é de aumento na mobilidade — o que exige ações integradas de saúde, segurança e educação sanitária.
A Anvisa e a Vigilância Sanitária Estadual também reforçaram a presença em aeroportos e rodoviárias, especialmente em Rio Branco, Xapuri e Cruzeiro do Sul.
Comunidade médica pede adesão total à vacinação e atenção a sintomas
A Sociedade Acreana de Pediatria reforçou, em nota, que os sintomas iniciais do sarampo incluem febre alta, tosse seca, coriza, manchas avermelhadas na pele e conjuntivite. Em caso de suspeita, a recomendação é isolamento imediato, notificação e coleta laboratorial.
“É uma doença prevenível com vacina. Não podemos admitir retrocesso por descuido. O sarampo mata — e mata rápido”, destacou a médica infectologista Dra. Jaqueline Freire.






