Acordo reduz tarifas de 145% para 30% entre EUA e China em Genebra

Acordo EUA x ChinaAcordo EUA x China

As negociações em Genebra marcaram um ponto de inflexão na guerra comercial entre Estados Unidos e China, com um acordo anunciado em 11 de maio de 2025. Após meses de tensões, os dois países decidiram reduzir temporariamente as tarifas impostas, oferecendo alívio imediato a mercados globais. A trégua, válida por 90 dias, visa desescalar o conflito econômico que impactou cadeias de suprimento e preços em diversos setores. As bolsas asiáticas e europeias reagiram com altas expressivas, refletindo otimismo entre investidores.

O entendimento foi alcançado após dois dias de discussões intensas na Suíça, lideradas por figuras-chave de ambos os lados. Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, destacou o progresso “substancial” das conversas, enquanto o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, enfatizou a busca por equilíbrio comercial. Detalhes completos do acordo serão divulgados em breve, mas a redução das tarifas americanas de 145% para 30% e das chinesas de 125% para 10% já foi confirmada. A notícia gerou expectativas de maior estabilidade econômica global.

Essa pausa nas hostilidades comerciais ocorre em um momento crítico, com os Estados Unidos tentando reduzir seu déficit comercial de US$ 295 bilhões com a China. Pequim, por sua vez, busca manter sua posição como líder em exportações, enquanto enfrenta pressões internas por crescimento econômico. O acordo também reflete a pressão de setores industriais e agrícolas, que vinham sofrendo com os altos custos das tarifas. Entre os pontos centrais da negociação, destacam-se:

  • Redução imediata das tarifas bilaterais para níveis mais baixos.
  • Compromisso de continuar negociações nos próximos três meses.
  • Foco em reequilibrar o comércio global de bens e serviços.

A escolha da Suíça como sede das negociações reforça seu papel como mediadora em conflitos internacionais. A vila do embaixador suíço na ONU, com vista para o Lago Genebra, foi o cenário das discussões, marcadas por forte segurança e sigilo. As tratativas foram impulsionadas por visitas recentes de políticos suíços a Washington e Pequim, o que facilitou a organização do encontro.

Reações imediatas nos mercados globais

O anúncio do acordo desencadeou uma onda de otimismo nos mercados financeiros. Em Hong Kong, o índice Hang Seng subiu 2,9%, enquanto os futuros do S&P 500 nos EUA avançaram 3%. As bolsas europeias, como o FTSE 100 em Londres, registraram altas de até 2,5%. O rendimento dos títulos do Tesouro americano de 10 anos alcançou 4,433%, refletindo confiança renovada na economia global.

Empresas que dependem de cadeias de suprimento entre EUA e China, como fabricantes de eletrônicos e varejistas, celebraram a notícia. Nos Estados Unidos, companhias como Apple e Walmart, que enfrentavam custos elevados devido às tarifas, agora esperam maior previsibilidade em suas operações. Na China, produtores de bens de consumo, que haviam reduzido exportações para os EUA, planejam retomar pedidos suspensos. A trégua também aliviou temores de uma recessão global, que vinham sendo alimentados pela escalada do conflito comercial.

No setor agrícola, a redução das tarifas chinesas sobre produtos americanos, como soja e carne, promete beneficiar fazendeiros nos EUA. Durante a guerra comercial, a China aumentou compras de commodities agrícolas do Brasil, o que havia reduzido a participação americana no mercado asiático. Agora, exportadores dos EUA esperam recuperar espaço, enquanto o Brasil monitora possíveis impactos em suas vendas externas.

Histórico da guerra comercial

As tensões comerciais entre EUA e China remontam ao primeiro mandato de Donald Trump, iniciado em 2017. Naquela época, tarifas foram impostas sobre centenas de bilhões de dólares em produtos chineses, com Pequim retaliando contra bens agrícolas e energéticos americanos. Em 2020, um acordo de “Fase 1” foi assinado, no qual a China prometeu comprar US$ 200 bilhões em produtos dos EUA. A pandemia, porém, dificultou o cumprimento dessas metas, e o déficit comercial americano cresceu.

No início de 2025, Trump intensificou as medidas protecionistas, elevando as tarifas sobre produtos chineses para até 145%. A China respondeu com taxas de 125% sobre bens americanos, incluindo carvão, gás natural liquefeito e equipamentos agrícolas. Essas ações geraram volatilidade nos mercados, com quedas expressivas em índices como o Dow Jones e o Nasdaq. O setor de tecnologia, em particular, sofreu com a desvalorização de empresas como Nvidia e Amazon, impactadas pelos custos adicionais das tarifas.

As negociações em Genebra representam a primeira tentativa significativa de desescalada desde o início do segundo mandato de Trump. A escolha de Scott Bessent e Jamieson Greer, representante comercial dos EUA, para liderar as conversas sinaliza uma abordagem pragmática por parte de Washington. Do lado chinês, a presença de He Lifeng, um veterano em negociações econômicas, reforça o compromisso de Pequim com uma solução temporária.

Setores beneficiados pela trégua

A redução das tarifas terá efeitos imediatos em diversos setores econômicos. Nos Estados Unidos, indústrias que dependem de insumos chineses, como eletrônicos e automóveis, esperam uma queda nos custos de produção. Fabricantes de semicondutores, que enfrentavam restrições devido às tarifas e controles de exportação chineses, também podem retomar investimentos adiados.

Na China, exportadores de bens de consumo, como roupas e eletrodomésticos, planejam intensificar as vendas para os EUA. A trégua também alivia a pressão sobre fábricas chinesas, que registraram uma queda acentuada nos pedidos de exportação nos últimos meses. Pequim, que enfrenta desafios como baixo consumo interno, vê no acordo uma oportunidade para impulsionar sua economia.

Os setores beneficiados incluem:

  • Tecnologia: Empresas como Apple e Huawei podem retomar parcerias comerciais.
  • Agricultura: Exportações de soja e carne dos EUA para a China devem crescer.
  • Energia: O gás natural liquefeito americano ganha competitividade no mercado asiático.
  • Varejo: Redução de custos para importadores de bens de consumo nos EUA.

O acordo, embora temporário, também abre espaço para negociações mais amplas, incluindo questões como subsídios industriais e acesso a mercados. A China, acusada pelos EUA de práticas mercantilistas, sinalizou disposição para discutir reformas econômicas, enquanto Washington pressiona por medidas contra o fluxo de precursores de fentanil.

Impactos no comércio global

A trégua comercial entre EUA e China tem implicações significativas para o comércio global. Países que se beneficiaram da guerra tarifária, como o Brasil, agora enfrentam maior competição. Durante o conflito, a China aumentou suas importações de soja e carne bovina brasileiras, enquanto os EUA perderam participação no mercado asiático. Com a redução das tarifas, exportadores americanos podem recuperar espaço, afetando as vendas brasileiras.

Na Europa, a notícia foi recebida com alívio, já que as tarifas americanas também impactavam o bloco. A União Europeia, que anunciou contramedidas contra as taxas de 25% sobre aço e alumínio dos EUA, agora avalia suspender essas ações, dependendo do progresso das negociações com Washington. O Reino Unido, por sua vez, optou por uma abordagem pragmática, buscando um acordo econômico mais amplo com os EUA.

No Sudeste Asiático, países como Vietnã e Camboja, que absorveram parte das exportações chinesas redirecionadas, podem enfrentar desafios. A China, que aumentou suas vendas para essas nações como forma de contornar as tarifas americanas, agora pode priorizar o mercado dos EUA, reduzindo o comércio com parceiros regionais. Dados recentes mostram que as exportações chinesas para o Vietnã cresceram 17% em março de 2025, mas esse ritmo pode desacelerar com a trégua.

Papel da Suíça nas negociações

A escolha da Suíça como sede das negociações não foi acidental. O país tem uma longa tradição de mediação em conflitos internacionais, com sua neutralidade reconhecida globalmente. A vila do embaixador suíço na ONU, localizada em Cologny, ofereceu um ambiente discreto e seguro para as discussões. O local, cercado por belos jardins e com vista para o Lago Genebra, foi protegido por forte esquema de segurança, com vans Mercedes transportando as delegações.

Visitas recentes de políticos suíços a Washington e Pequim ajudaram a pavimentar o caminho para o encontro. A Suíça, que mantém relações econômicas robustas com ambos os países, viu no diálogo uma oportunidade para reforçar sua posição como mediadora. O porta-voz da diplomacia suíça, Valentin Clivaz, confirmou que as conversas ocorreram em um clima de cooperação, com ambas as partes comprometidas em encontrar uma solução.

O sucesso das negociações em Genebra pode inspirar outros países a buscar acordos comerciais mediados por nações neutras. A Suíça, que já sediou discussões sobre questões globais como mudanças climáticas e segurança, consolida seu papel como um centro diplomático de relevância.

Posicionamento dos líderes

Donald Trump, que acompanhou as negociações de perto, expressou otimismo com os resultados. Em postagens na rede social Truth Social, o presidente americano descreveu as conversas como uma “reinicialização amigável, mas construtiva”. Trump, que inicialmente sugeriu tarifas de 80% sobre produtos chineses, cedeu à pressão de setores econômicos e autorizou Scott Bessent a buscar um acordo mais moderado.

Do lado chinês, He Lifeng destacou a importância de um comércio equilibrado para a estabilidade global. Pequim, que enfrentava críticas internas por sua resposta inicial às tarifas americanas, viu no acordo uma chance de demonstrar flexibilidade sem comprometer seus interesses. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, reiterou que qualquer diálogo deve ser baseado em “equidade e respeito mútuo”, sinalizando que a China manterá uma postura firme nas próximas negociações.

Outros líderes globais também reagiram à trégua. O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, que enfrentava tarifas de 25% impostas pelos EUA, saudou o acordo como um sinal de que negociações multilaterais podem funcionar. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, expressou esperança de que a redução das tarifas entre EUA e China facilite acordos comerciais com o bloco europeu.

Efeitos na economia americana

A redução das tarifas terá impactos diretos na economia dos Estados Unidos. Consumidores americanos, que enfrentavam preços mais altos devido às taxas sobre produtos chineses, como eletrônicos e roupas, podem esperar alívio nos custos. Um estudo da Tax Foundation estimou que as tarifas de Trump custariam US$ 800 por família americana em 2025, um peso que agora pode ser parcialmente reduzido.

Empresas americanas que dependem de insumos chineses, como montadoras e fabricantes de bens de consumo, planejam retomar investimentos suspensos. A Ford, por exemplo, que enfrentava custos elevados na produção de veículos devido às tarifas, anunciou planos para expandir sua cadeia de suprimentos nos próximos meses. O setor de tecnologia, que sofreu com a desvalorização de ações em fevereiro de 2025, também espera uma recuperação.

No mercado de trabalho, a trégua pode preservar empregos em indústrias afetadas pelas tarifas, como a agricultura e a manufatura. Fazendeiros do Meio-Oeste americano, que perderam mercados na China durante a guerra comercial, agora planejam aumentar a produção de soja e milho para atender à demanda asiática. A Associação Nacional de Produtores de Soja dos EUA estimou que as exportações para a China podem crescer 15% nos próximos seis meses.

Pressões internas na China

A economia chinesa, que enfrenta desafios como baixo consumo interno e desaceleração na atividade fabril, recebeu o acordo com alívio. Em abril de 2025, dados oficiais mostraram uma contração na produção industrial, com fábricas reduzindo turnos devido à queda nas exportações para os EUA. A trégua comercial oferece a Pequim uma janela para estimular o crescimento econômico sem recorrer a medidas de estímulo mais agressivas.

O Banco Central da China anunciou recentemente uma redução de 0,5% na taxa de reserva obrigatória dos bancos, visando facilitar o acesso ao crédito. Essa medida, combinada com a redução das tarifas, pode impulsionar setores como construção e manufatura. Pequim também planeja aumentar os gastos em infraestrutura, com projetos de alta velocidade ferroviária e energia renovável ganhando prioridade.

A pressão política sobre o governo chinês também é significativa. O Partido Comunista, que busca manter a estabilidade social, viu no acordo uma forma de aliviar tensões com os EUA sem ceder em questões estratégicas, como o controle de terras raras. A China, que domina 60% da produção global desses minerais, usou restrições de exportação como arma durante a guerra comercial, mas agora sinaliza maior abertura.

Negociações futuras em foco

Os próximos 90 dias serão cruciais para determinar se a trégua se transformará em um acordo permanente. As negociações continuarão sob a liderança de Scott Bessent e He Lifeng, com encontros adicionais planejados para julho e agosto de 2025. Os EUA pressionam por reformas no modelo econômico chinês, incluindo a redução de subsídios estatais, enquanto a China exige maior acesso ao mercado americano para suas empresas.

Entre os temas em discussão, destacam-se:

  • Comércio de tecnologia: Restrições a exportações de semicondutores e equipamentos.
  • Propriedade intelectual: Proteção de patentes americanas na China.
  • Fentanil: Medidas para conter o fluxo de precursores químicos.
  • Agricultura: Aumento das importações chinesas de produtos americanos.
  • Energia: Acesso ao mercado chinês para o gás natural liquefeito dos EUA.

A Casa Branca informou que Trump está “totalmente ciente” dos resultados das negociações e planeja acompanhar de perto os próximos passos. O presidente americano, que enfrenta pressões internas de setores industriais e agrícolas, vê no acordo uma vitória política, mas mantém a possibilidade de retomar tarifas caso as conversas fracassem.

Reações de outros países

O acordo entre EUA e China também gerou reações em outras nações. O Japão, que lamentou não ter sido excluído das tarifas americanas, agora busca um acordo bilateral com Washington para reduzir taxas sobre seus produtos. O governo japonês, liderado por Yoshimasa Hayashi, planeja enviar uma delegação aos EUA em junho de 2025 para discutir o tema.

Na América Latina, o México, que evitou tarifas de 25% após concessões na fronteira, monitora os desdobramentos do acordo. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, anunciou que o país reforçará sua Guarda Nacional para conter a migração ilegal, atendendo a demandas de Trump. O Canadá, por sua vez, planeja investir em tecnologias de vigilância fronteiriça para manter a trégua com os EUA.

Países do Sudeste Asiático, como Tailândia e Malásia, que se beneficiaram do redirecionamento das exportações chinesas, agora enfrentam incertezas. A Tailândia, que aumentou suas vendas de eletrônicos para os EUA, pode perder competitividade com a redução das tarifas chinesas. A Malásia, um centro de produção de semicondutores, também avalia os impactos do acordo em suas cadeias de suprimento.

Setor tecnológico em destaque

O setor de tecnologia, um dos mais afetados pela guerra comercial, está no centro das atenções após o acordo. Nos EUA, empresas como Nvidia e Broadcom, que registraram perdas de até 8% em fevereiro de 2025, agora planejam retomar investimentos em pesquisa e desenvolvimento. A redução das tarifas facilita a importação de componentes chineses, essenciais para a produção de chips e dispositivos eletrônicos.

Na China, companhias como Huawei e ZTE, que enfrentavam restrições de mercado nos EUA, veem na trégua uma oportunidade para expandir suas operações. Pequim, que investiu bilhões em sua indústria de semicondutores, planeja aumentar a produção doméstica, mas ainda depende de tecnologias americanas para certos componentes. O acordo pode abrir espaço para parcerias bilaterais no setor, embora questões de propriedade intelectual permaneçam um obstáculo.

A redução das tarifas também beneficia consumidores, que enfrentavam preços mais altos para produtos como smartphones e laptops. Nos EUA, o custo de um iPhone importado da China pode cair até 5%, segundo estimativas de analistas. Na China, bens de consumo americanos, como roupas e calçados, também devem ficar mais acessíveis, impulsionando o varejo local.