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Ações da Usiminas caem com corte de recomendação e alta nos custos de produção

Usiminas em Belo Horizonte MG

As ações da Usiminas (USIM5) registraram forte queda de 5,07% na B3, atingindo R$ 4,68, nesta terça-feira, 17 de junho de 2025, após o Itaú BBA rebaixar a recomendação da siderúrgica de compra para neutro. A decisão reflete a deterioração mais rápida do que o esperado nos preços do aço plano no Brasil, aliada a um aumento moderado nos custos de produção projetado para o segundo trimestre. A valorização do real e a concorrência de produtos importados intensificam os desafios para o setor, pressionando a demanda interna no segundo semestre. O movimento na bolsa evidencia a cautela dos investidores diante das perspectivas desfavoráveis apontadas pelo banco.

A desvalorização das ações ocorreu em um pregão marcado por volatilidade, com as negociações de USIM5 entrando em leilão nos primeiros minutos devido à oscilação máxima permitida na B3. Por volta das 11h, os papéis recuavam 5,27%, cotados a R$ 4,67, liderando as perdas do Ibovespa. O relatório do Itaú BBA, liderado pelo analista Daniel Sasson, destaca que a alta sensibilidade da Usiminas a variações de preços e custos no segmento de aço amplifica os impactos negativos no desempenho financeiro.

A siderúrgica, sediada em Belo Horizonte, enfrenta um cenário complexo, com pressões externas e internas que moldam as expectativas do mercado. O rebaixamento da recomendação reflete não apenas as condições atuais, mas também a ausência de catalisadores positivos no curto prazo, segundo os analistas.

  • Principais fatores da queda:
    • Deterioração de 14% nos preços do aço plano desde março de 2025.
    • Aumento projetado nos custos de produção por tonelada no segundo trimestre.
    • Concorrência de produtos importados e valorização do real.

Cenário adverso para o setor siderúrgico

O setor siderúrgico brasileiro enfrenta um momento delicado em 2025, com a combinação de preços globais em queda e aumento da competição internacional. O relatório do Itaú BBA aponta que os preços do aço plano no Brasil recuaram 14% desde março, um ritmo mais acelerado do que o previsto. Essa queda é agravada pela entrada de produtos importados a preços competitivos, que ganham vantagem com a recente valorização do real frente ao dólar.

A Usiminas, uma das principais produtoras de aço plano do país, sente diretamente esses impactos. A empresa, que opera em segmentos como mineração, logística, transformação de aço e bens de capital, depende fortemente da demanda doméstica, especialmente nos setores automotivo, de construção civil e de energia. No entanto, a desaceleração econômica prevista para o segundo semestre de 2025, com crescimento do PIB estimado em apenas 1%, limita as perspectivas de recuperação.

Os analistas destacam que a alavancagem operacional elevada da Usiminas no segmento de aço torna a companhia particularmente vulnerável. Pequenas variações nos preços ou nos custos por tonelada podem gerar impactos significativos nos resultados financeiros, o que explica a cautela do mercado após o relatório.

Custos de produção em alta

Além da pressão nos preços, a Usiminas enfrenta desafios relacionados aos custos de produção. O Itaú BBA incorporou em suas projeções um aumento moderado no custo de produção em caixa por tonelada (cash COGS/ton) para o segundo trimestre de 2025, comparado ao período anterior. Esse incremento reflete a dificuldade em manter a eficiência operacional em um cenário de insumos voláteis e câmbio desfavorável.

No passado, a siderúrgica conseguiu reduzir custos com iniciativas como a retomada do Alto-Forno 3, que trouxe ganhos de eficiência. No entanto, a volatilidade recente nos preços de insumos, como placas de aço e carvão, tem limitado esses avanços. O relatório do banco adota uma abordagem conservadora, projetando uma queda de apenas 2% nos custos por tonelada no primeiro trimestre, com estabilidade ao longo do ano.

Itaú
Itaú – Foto: rafapress/depositphotos.com
  • Insumos que impactam os custos:
    • Placas de aço: queda significativa nos últimos meses, mas ainda voláteis.
    • Coque e carvão: preços oscilantes pressionam margens.
    • Energia: custos estáveis, mas representam peso relevante.
    • Câmbio: valorização do real eleva custos de insumos importados.

Reações do mercado

A queda de mais de 5% nas ações da Usiminas reflete a rápida resposta dos investidores ao relatório do Itaú BBA. Por volta das 10h25, os papéis da siderúrgica chegaram a registrar desvalorização de 6%, entrando em leilão na B3. A retomada das negociações não aliviou a pressão, com os ativos mantendo-se entre as maiores perdas do Ibovespa.

O mercado já vinha monitorando os sinais de enfraquecimento do setor siderúrgico, mas o rebaixamento da recomendação intensificou a cautela. A Usiminas, que no início do ano registrava valorização de 15% na bolsa, acumula agora perdas significativas, com variação negativa de 31,62% nos últimos 12 meses. A cotação atual, de R$ 4,91, está bem abaixo do preço-alvo de R$ 7 estabelecido pelo banco para o fim de 2025, o que sugere um potencial de valorização de cerca de 20%, mas com riscos elevados.

A falta de catalisadores no curto prazo, como apontado pelos analistas, mantém os investidores em compasso de espera. A possibilidade de medidas antidumping, que poderiam beneficiar produtos como chapas grossas e galvanizados, ainda está sob análise pelo governo, mas o processo é lento e não oferece alívio imediato.

Histórico de volatilidade

A Usiminas tem enfrentado um ano de altos e baixos na bolsa. Em fevereiro de 2025, as ações subiram após o Itaú BBA elevar a recomendação para compra, com preço-alvo de R$ 8,50, impulsionado por um momento operacional mais favorável. Na ocasião, a empresa reportava ganhos de eficiência com a retomada do Alto-Forno 3 e queda nos custos de insumos. O lucro líquido do primeiro trimestre, de R$ 336,9 milhões, representou um salto de 845% em relação ao mesmo período de 2024, superando as expectativas do mercado.

No entanto, os ventos favoráveis não se mantiveram. A deterioração dos preços do aço e a valorização do real inverteram o cenário, levando ao rebaixamento atual. A volatilidade das ações reflete a sensibilidade da Usiminas a fatores macroeconômicos, como o desempenho da economia brasileira e as dinâmicas do comércio global de aço.

Concorrência de importados

A concorrência de produtos importados é um dos maiores desafios para a Usiminas e outras siderúrgicas brasileiras. A valorização do real torna os aços importados mais competitivos, especialmente em um contexto de preços globais em queda. O relatório do Itaú BBA destaca que a pressão dos importados deve se intensificar no segundo semestre, prejudicando a demanda doméstica.

Cerca de 60% a 65% das vendas domésticas da Usiminas estão concentradas em produtos como galvanizados, galvalume, chapas grossas e CRC, que estão sob análise para medidas antidumping. Uma decisão favorável do governo poderia limitar a entrada de importados e aliviar a pressão sobre os preços, mas os analistas não esperam resultados rápidos.

  • Produtos sob análise antidumping:
    • Galvanizados: amplamente usados na construção civil.
    • Galvalume: aplicados em coberturas e revestimentos.
    • Chapas grossas: essenciais para a indústria naval e de máquinas.
    • CRC: bobinas laminadas a frio para o setor automotivo.

Perspectivas para o segundo semestre

O Itaú BBA projeta um cenário desafiador para a Usiminas no segundo semestre de 2025, com margens pressionadas e crescimento limitado. A estimativa de Ebitda para o ano é de R$ 2,3 bilhões, uma queda de 18% em relação à projeção anterior, refletindo o impacto da valorização do real e da queda nos preços do aço. No segmento de mineração, a expectativa é de uma redução de 17% no Ebitda, devido à baixa nos preços do minério de ferro.

A demanda por aço no Brasil deve crescer apenas 1% em 2025, segundo o banco, com a desaceleração econômica pesando sobre setores-chave como a construção civil e a indústria automotiva. A Usiminas, que depende desses mercados, enfrenta um ambiente de margens reduzidas, com o Ebitda do segmento de aço projetado para atingir uma margem de apenas 8%.

Ganhos de eficiência em xeque

Apesar dos desafios, a Usiminas tem investido em melhorias operacionais. A retomada do Alto-Forno 3, concluída em 2024, trouxe ganhos de eficiência que reduziram os custos de produção em momentos anteriores. A empresa também implementou sistemas com inteligência artificial para reduzir emissões na sinterização, demonstrando esforços para alinhar-se a práticas sustentáveis.

No entanto, esses avanços não têm sido suficientes para contrabalançar as pressões externas. A volatilidade nos custos de insumos e a concorrência de importados limitam os benefícios das iniciativas internas. A siderúrgica planeja investir entre R$ 1,4 bilhão e R$ 1,6 bilhão em 2025, focando em modernização e manutenção, mas os resultados desses aportes devem demorar a se refletir nos números.

Ações na bolsa: um balanço

O desempenho das ações da Usiminas em 2025 reflete a montanha-russa do setor siderúrgico. Após um início de ano promissor, com valorização de 15% até fevereiro, a empresa viu seus papéis recuarem significativamente. A cotação atual, de R$ 4,91, representa uma queda de 31,62% em 12 meses, com um P/L de 18,44, bem acima da média histórica.

O dividend yield dos últimos 12 meses foi de 0,00%, com um pagamento de R$ 0,28 por ação em junho de 2024. A falta de proventos atraentes e a ausência de catalisadores no curto prazo mantêm os investidores cautelosos. O preço-alvo de R$ 7 do Itaú BBA sugere que as ações estão negociadas a um valor justo, mas a geração de fluxo de caixa livre projetada para 2025 e 2026 não é suficiente para animar o mercado.

  • Indicadores financeiros recentes:
    • Cotação: R$ 4,91 (16/06/2025).
    • Variação em 12 meses: -31,62%.
    • P/L: 18,44 (desvio de 1.744% da média histórica).
    • Dividend yield: 0,00% (R$ 0,28 pagos em 2024).

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