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Ações da Kering disparam com chegada de Luca de Meo

Luca de Meo

Em um movimento surpreendente no mercado global, Luca de Meo, até então CEO da Renault, foi anunciado como o novo diretor-executivo da Kering, conglomerado de luxo que controla marcas como Gucci, Yves Saint Laurent e Balenciaga. A transição, confirmada em 16 de junho de 2025, marca a saída de De Meo da montadora francesa em meados de julho, com sua posse na Kering prevista para 15 de setembro. A decisão ocorre em meio a desafios financeiros enfrentados pelo grupo de luxo, que busca reverter a queda nas vendas da Gucci e gerenciar uma dívida superior a 10 bilhões de euros. A nomeação, que pegou o mercado de surpresa, impulsionou as ações da Kering em 12,4%, enquanto as da Renault despencaram 8,1%. O italiano, conhecido por sua habilidade em reestruturar empresas, assume o cargo antes ocupado por François-Henri Pinault, que permanecerá como presidente do conselho.

A mudança de De Meo para o setor de luxo, após mais de três décadas na indústria automotiva, reflete uma aposta ousada da Kering em sua capacidade de replicar o sucesso alcançado na Renault. Durante seus cinco anos à frente da montadora, ele liderou uma reestruturação que dobrou o valor de mercado da empresa e fortaleceu sua posição no segmento de veículos elétricos. A nomeação também sinaliza uma reconfiguração estratégica na governance do conglomerado, iniciada por Pinault em 2023.

  • Principais marcos da transição:
    • Saída de Luca de Meo da Renault em 15 de julho de 2025.
    • Posse como CEO da Kering em 15 de setembro de 2025.
    • Reação do mercado: alta de 12,4% nas ações da Kering e queda de 8,1% nas da Renault.
    • Objetivo central: recuperação financeira da Kering e revitalização da Gucci.

O anúncio, embora inesperado, foi recebido com otimismo por analistas, que destacam a experiência de De Meo em reerguer marcas em crise. Sua trajetória na Renault, onde implementou cortes de custos e redefiniu parcerias estratégicas, é vista como um trunfo para enfrentar os desafios da Kering.

Trajetória de Luca de Meo no setor automotivo
Nascido em Milão, Luca de Meo construiu uma carreira de 30 anos na indústria automotiva, com passagens por gigantes como Toyota, Fiat, Volkswagen e Renault. Desde julho de 2020, ele comandava a Renault, onde enfrentou um cenário de perdas recordes pós-pandemia. Sob sua liderança, a montadora reduziu custos operacionais, cortou 15 mil empregos globais e reposicionou sua linha de produtos, com foco em veículos híbridos e elétricos. A aliança com a Nissan, que enfrentava tensões, foi reestruturada, garantindo maior autonomia às marcas.

De Meo também liderou a criação da Ampere, divisão de veículos elétricos da Renault, entre 2023 e 2025, consolidando a empresa como uma das líderes no mercado europeu de mobilidade sustentável. Sua visão estratégica rendeu à Renault o título de montadora mais valorizada da Europa, com alta de 90% em suas ações nos últimos cinco anos.

Por que a Kering escolheu um outsider?
A decisão de contratar um executivo sem experiência direta no setor de luxo gerou debates entre analistas. A Kering, que enfrenta uma dívida de 11,5 bilhões de dólares e uma queda de 19% em suas ações em 2025, precisava de um líder com habilidades comprovadas em reestruturação. De Meo, descrito como um gestor “criativo e decisivo”, foi escolhido por sua capacidade de transformar empresas em crise, um perfil que a Kering julga essencial para revitalizar a Gucci, sua principal fonte de receita.

A Gucci, que já foi o motor financeiro do grupo, enfrenta declínio nas vendas, especialmente na China, onde a demanda por produtos de luxo diminuiu. A marca também sofreu com a saída de diretores criativos e decisões estratégicas que não ressoaram com os consumidores. Para analistas da Bernstein, a experiência de De Meo em marketing e gestão de marcas pode compensar sua falta de vivência no setor.

 Kering
Kering – Foto: Piotr Swat / Shutterstock.com
  • Desafios imediatos para De Meo na Kering:
    • Reduzir a dívida do grupo, estimada em 10 bilhões de euros.
    • Recuperar a competitividade da Gucci no mercado asiático.
    • Reestruturar a gestão criativa das marcas do portfólio.
    • Aumentar a confiança dos investidores, após anos de desempenho inferior ao de rivais como LVMH.

Reações do mercado à transição
O anúncio da saída de De Meo da Renault e sua ida para a Kering movimentou os mercados financeiros. As ações da Kering registraram o maior ganho diário desde 2008, refletindo a confiança dos investidores na capacidade do novo CEO. Por outro lado, a Renault enfrentou uma queda significativa, com analistas da JP Morgan apontando que a saída de De Meo pode atrasar os planos estratégicos da montadora, como o programa “Futurama”, apresentado dias antes de sua renúncia.

Na Bolsa de Paris, a abertura do pregão em 16 de junho revelou o impacto imediato da notícia. Enquanto a Kering viu sua cotação subir mais de 6% nas primeiras horas, a Renault perdeu 5% logo na abertura, com investidores preocupados com a ausência de um sucessor imediato.

O que muda na Renault com a saída de De Meo?
A partida de De Meo deixa a Renault em um momento delicado. A montadora, 15% controlada pelo governo francês, evitou alertas de lucro em 2024, ao contrário de concorrentes europeus, e apresentou metas ambiciosas para 2025. A busca por um novo CEO já começou, com nomes como Denis Le Vot, chefe da Dacia, e Maxime Picat, da Stellantis, sendo cogitados.

A reestruturação liderada por De Meo deixou a Renault mais enxuta, com uma gama de produtos atualizada e foco em eletrificação. No entanto, a saída do executivo levanta questões sobre a continuidade de sua visão estratégica. A aliança com a Nissan, agora mais estável, e parcerias com empresas como Geely também podem ser afetadas.

O papel de François-Henri Pinault na nova estrutura
François-Henri Pinault, que liderou a Kering por duas décadas, permanecerá como presidente do conselho, garantindo a influência da família fundadora. Desde 2023, Pinault vinha planejando uma reformulação na governança do grupo, buscando um líder capaz de enfrentar os desafios financeiros e criativos. A escolha de De Meo reflete sua confiança em um executivo com experiência em transformações complexas.

Pinault, cujo pai, François Pinault, transformou a Kering em um dos maiores players do luxo global, enfrenta agora o desafio de apoiar De Meo em um setor altamente competitivo. A transição ocorre em um momento em que rivais como LVMH e Hermès mantêm crescimento constante, enquanto a Kering luta para recuperar seu espaço.

Aposta em um novo modelo de liderança
A nomeação de De Meo marca a primeira vez que a Kering será liderada por um executivo de fora do setor de luxo. Sua chegada é vista como uma tentativa de romper com estratégias que não deram resultado nos últimos anos. A expertise de De Meo em inovação e gestão de marcas globais será testada em um mercado onde a percepção do consumidor é tão importante quanto a qualidade dos produtos.

O executivo já expressou entusiasmo com o novo desafio, destacando a força das marcas da Kering e a qualidade de suas equipes. Sua experiência em Milão, um dos centros globais da moda, pode ajudá-lo a navegar pelo universo criativo do grupo.

Como a Gucci pode se beneficiar?
A Gucci, responsável por grande parte da receita da Kering, será o principal foco de De Meo. A marca enfrenta dificuldades desde o pós-pandemia, com quedas nas vendas e críticas à sua direção criativa. A capacidade de De Meo de reposicionar marcas, como fez com a Seat e a Renault, será crucial para devolver à Gucci seu status de ícone do luxo.

  • Estratégias esperadas para a Gucci:
    • Reforço na identidade visual da marca, com coleções mais alinhadas às tendências globais.
    • Expansão no mercado digital, onde a Gucci perdeu espaço para concorrentes.
    • Foco em mercados emergentes, como Índia e Oriente Médio.

Um marco na indústria do luxo
A chegada de Luca de Meo à Kering representa um divisor de águas para o setor. Sua trajetória de sucesso na Renault, aliada à ousadia de assumir um mercado completamente novo, coloca o executivo no centro das atenções. A transição, que une dois mundos tão distintos como o automotivo e o luxo, também destaca a crescente tendência de empresas buscarem líderes com visões externas para enfrentar crises.

A expectativa agora recai sobre como De Meo conduzirá a Kering em um cenário de alta competição e mudanças rápidas nas preferências dos consumidores. Sua habilidade em transformar desafios em oportunidades será posta à prova a partir de setembro, quando assumirá oficialmente o comando do conglomerado.

Próximos passos para a Kering
Com a posse de De Meo marcada para setembro, a Kering já começou a preparar o terreno para sua chegada. Reuniões com investidores e analistas foram adiadas para alinhar as novas estratégias do grupo. A empresa também planeja reforçar sua comunicação com o mercado, destacando os planos de De Meo para a Gucci e outras marcas do portfólio.

A nomeação de um novo CEO para a Renault, por sua vez, será acompanhada de perto, já que a montadora enfrenta pressões para manter o ritmo de crescimento. O futuro de ambos os grupos, agora interligados pela figura de De Meo, promete movimentar os setores automotivo e de luxo nos próximos meses.

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