Diversificação existe, mas impacto social e econômico é maior do que o governo admite
📍 Brasília – DF | 27 de setembro de 2025 | Atualizado há 2h
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, afirmou que o Brasil está “se saindo melhor do que imaginado” diante do tarifaço dos Estados Unidos. Mas um olhar mais atento revela que a situação é bem mais complexa.
Por trás da narrativa de sucesso com a diversificação de mercados, setores inteiros da economia brasileira estão sangrando com demissões, perda de contratos e instabilidade. Os números da Apex são reais, mas não contam toda a história.
O custo invisível do tarifaço
As tarifas de até 50% aplicadas pelos EUA atingem 195 produtos brasileiros. Entre eles, insumos industriais e commodities agrícolas que têm forte impacto na geração de empregos.
Empresas menores, que não possuem estrutura para buscar novos mercados com rapidez, estão no limite — muitas reduzindo turnos e cortando mão de obra.
Enquanto Viana fala em expansão para 400 novos mercados, especialistas lembram que abrir mercados não significa vender com competitividade imediata. A concorrência global é acirrada e, sem incentivos internos, boa parte dos produtos brasileiros perde espaço para concorrentes asiáticos e europeus.
Diplomacia ou dependência?
A ApexBrasil destaca missões comerciais bem-sucedidas e os US$ 4,5 bilhões exportados para os Emirados Árabes em 2024. Mas analistas em comércio exterior apontam que os novos destinos ainda não compensam o peso do mercado americano, que historicamente é um dos mais lucrativos para o Brasil.
Além disso, a diplomacia comercial tem funcionado mais como reação de emergência do que como estratégia soberana. O Brasil corre atrás do prejuízo em vez de ditar suas condições.
O que se sabe até agora
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EUA impuseram sobretaxa de até 50% em 195 produtos brasileiros.
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ApexBrasil fala em abertura de 400 mercados desde 2023.
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Exportações para os Emirados Árabes cresceram, mas não compensam o peso dos EUA.
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Pequenas e médias empresas enfrentam demissões e retração.
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Governo Lula tenta transformar crise em narrativa de resiliência.
Editorial: entre discurso e realidade
É preciso ir além do marketing político. “Diversificação” não paga salário atrasado, não reabre vaga fechada, não sustenta produção parada.
A fala de Jorge Viana carrega o tom de quem precisa defender o governo em meio à crise, mas a realidade do chão de fábrica e da porteira para dentro é outra: empresários acuados, trabalhadores inseguros e falta de respostas estruturais.
O Brasil não pode se contentar em ser o “aluno esforçado” que busca novos parceiros enquanto aceita ser punido pelo principal comprador de seus produtos.
Se quiser mudar de patamar, precisa de política industrial firme, defesa comercial agressiva e coragem diplomática.
Até lá, o discurso de que estamos “melhor do que imaginado” soa mais como consolo do que como conquista.
✍️ Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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