As tarifas sobre metais do Canadá estão no centro de uma nova polêmica após o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar que pretende elevar os impostos sobre importações de aço e alumínio provenientes do país vizinho para 50%. A declaração, feita em um discurso recente, reacende discussões sobre protecionismo econômico, relações bilaterais e os impactos no mercado global de metais. A medida, se implementada, pode afetar diretamente a economia canadense, que depende fortemente da exportação desses materiais para os EUA, seu principal parceiro comercial.
Trump justificou a proposta alegando que as importações de metais do Canadá e de outros países representam uma ameaça à indústria siderúrgica americana. “Vamos trazer os empregos de volta e proteger nossos trabalhadores”, afirmou ele, reiterando uma retórica protecionista que marcou sua gestão entre 2017 e 2021. Durante seu primeiro mandato, tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio já haviam sido impostas ao Canadá, mas foram suspensas após negociações que culminaram no acordo comercial USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá).
Impactos econômicos das tarifas sobre metais do Canadá
O aumento das tarifas sobre metais do Canadá para 50% teria consequências significativas para ambos os lados da fronteira. O Canadá é o maior fornecedor de aço e alumínio para os Estados Unidos, respondendo por cerca de 60% das importações americanas desses materiais. Segundo analistas, a medida poderia encarecer produtos manufaturados nos EUA, como automóveis e eletrodomésticos, que dependem desses insumos. Além disso, o Canadá provavelmente retaliaria com tarifas sobre bens americanos, como já fez em 2018, quando impôs taxas sobre uísque, soja e outros produtos.
Especialistas em comércio internacional alertam que a iniciativa pode violar os termos do USMCA, assinado em 2020 para promover o livre comércio na América do Norte. “Essa decisão seria um retrocesso nas relações econômicas da região”, diz Laura Mendes, economista da Universidade de Toronto. Ela destaca que o aumento das tarifas poderia elevar os custos para as indústrias americanas, prejudicando a competitividade em vez de protegê-la.
Reação do Canadá e do mercado global
O governo canadense reagiu com cautela às declarações de Trump. O primeiro-ministro Justin Trudeau afirmou que está aberto ao diálogo, mas que “o Canadá defenderá seus interesses”. Autoridades do país já sinalizaram que uma resposta proporcional seria inevitável caso as tarifas sejam aplicadas. Em 2018, quando tarifas menores foram impostas, o Canadá retaliou com medidas que custaram bilhões aos exportadores americanos.
No mercado global, o anúncio de Trump já causou oscilações. Os preços do aço subiram 3% nas bolsas internacionais logo após a fala, enquanto empresas americanas que dependem de metais canadenses, como a Ford e a General Motors, registraram quedas leves em suas ações. A incerteza sobre as tarifas sobre metais do Canadá também reacendeu debates sobre a dependência dos EUA de cadeias de suprimento externas.
Contexto político e histórico
A proposta de Trump surge em um momento em que ele busca consolidar apoio político para uma possível candidatura em 2028 ou influenciar a agenda republicana. Durante sua presidência, o protecionismo foi uma bandeira central, com tarifas impostas não só ao Canadá, mas também à China e à União Europeia. A estratégia rendeu apoio em estados industriais como Ohio e Pensilvânia, mas também gerou críticas de economistas que apontaram aumento de custos para consumidores e empresas.
O Canadá, por sua vez, tem histórico de resiliência diante de pressões americanas. Em 2019, após meses de tensões, as tarifas sobre aço e alumínio foram retiradas em troca de compromissos mútuos. Agora, com a ameaça de um aumento ainda maior, o país pode buscar apoio de aliados internacionais ou recorrer a organismos como a Organização Mundial do Comércio (OMC).
O que esperar do futuro?
O futuro das tarifas sobre metais do Canadá depende de fatores políticos e econômicos. Se Trump voltar ao poder ou influenciar o próximo governo republicano, a medida pode se concretizar, alterando o equilíbrio comercial na América do Norte. Por outro lado, pressões de indústrias americanas que seriam afetadas pelo aumento de custos podem frear a iniciativa.
Enquanto isso, consumidores e empresas acompanham o desenrolar da situação. A promessa de 50% de tarifas reacende um debate antigo: até que ponto o protecionismo beneficia a economia americana? Para o Canadá, o desafio é manter sua posição no mercado global sem ceder às pressões do vizinho.