O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrenta o pior momento de popularidade de seu terceiro mandato, conforme aponta a pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (26). O levantamento revela que a desaprovação ao governo federal ultrapassou 60% nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, além de registrar quedas expressivas na Bahia e em Pernambuco. O dado mais alarmante para o governo é que, pela primeira vez, a rejeição ao petista supera numericamente sua aprovação em estados onde venceu as eleições de 2022, como Bahia e Pernambuco.
A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 23 de fevereiro, com 6.630 entrevistados de 16 anos ou mais, abrangendo oito estados que, juntos, representam 62% do eleitorado brasileiro. O levantamento inclui São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Os números mostram um aumento substancial da insatisfação com o governo, especialmente nos maiores colégios eleitorais do país. Em São Paulo, a desaprovação atingiu 69%, um crescimento de 14 pontos desde dezembro de 2024. No Rio de Janeiro, a rejeição ao governo é de 64%, enquanto em Minas Gerais o índice chega a 63%, uma alta de 16 pontos.
Na Bahia e em Pernambuco, estados historicamente favoráveis ao PT, o cenário também se tornou desfavorável para o governo. Na Bahia, a desaprovação subiu 18 pontos e atingiu 51%, enquanto a aprovação caiu para 47%. Já em Pernambuco, a rejeição a Lula alcançou 50%, ultrapassando a aprovação de 49%, o que evidencia uma mudança no humor do eleitorado nordestino em relação ao governo federal.
Estados com maior rejeição e queda de popularidade
A pesquisa Quaest revelou que Lula está enfrentando uma rejeição expressiva em estados-chave para sua base eleitoral e também em regiões onde tradicionalmente encontra dificuldades. A queda de popularidade é atribuída a fatores como inflação elevada, dificuldades na geração de empregos e um descontentamento generalizado com a condução econômica.
Os números detalhados da pesquisa por estado são os seguintes:
- São Paulo: Desaprovação subiu de 55% para 69%, enquanto a aprovação caiu de 43% para 29%.
- Rio de Janeiro: Pela primeira vez incluído na pesquisa, o estado registra 64% de desaprovação contra 35% de aprovação.
- Minas Gerais: Desaprovação cresceu de 47% para 63%, enquanto a aprovação caiu de 52% para 35%.
- Bahia: A desaprovação atingiu 51%, ultrapassando a aprovação de 47%.
- Pernambuco: A rejeição ao governo chegou a 50%, superando a aprovação de 49%.
- Paraná: Rejeição de 68%, um aumento de 15 pontos desde dezembro de 2024.
- Rio Grande do Sul: Primeira pesquisa Quaest no estado aponta 66% de desaprovação e 33% de aprovação.
- Goiás: Desaprovação de 70%, enquanto a aprovação despencou para 28%.
Impacto da economia na queda da popularidade de Lula
Um dos fatores centrais para a queda de popularidade do governo Lula tem sido a percepção negativa da economia. Desde o início do terceiro mandato, medidas econômicas adotadas pelo governo, como o aumento da carga tributária e a falta de controle sobre a inflação, vêm sendo criticadas pela população. Segundo o levantamento, 65% dos entrevistados afirmam que Lula não está cumprindo suas promessas de campanha, o que contribui para a crescente insatisfação.
Além disso, programas como o Mais Acesso a Especialistas, voltado para a ampliação de consultas e exames especializados no Sistema Único de Saúde (SUS), vêm sendo criticados por não alcançarem os resultados esperados. No Palácio do Planalto, há o entendimento de que o programa poderia ser uma marca forte do terceiro mandato, mas ainda não gerou impacto positivo o suficiente para mudar a percepção dos eleitores.
Outro aspecto que agrava a avaliação negativa do governo é a relação com o Congresso Nacional. O governo Lula tem enfrentado dificuldades para aprovar medidas econômicas e sofre pressões da base aliada. O mercado financeiro também demonstra desconfiança com algumas propostas econômicas do governo, o que contribui para um ambiente de instabilidade.
Cenário político e desafios do governo Lula
Com a popularidade em queda, o governo federal tenta adotar estratégias para reverter esse cenário. A equipe de comunicação do Planalto tem trabalhado para destacar ações positivas do governo, enquanto aliados defendem que Lula precisa intensificar o contato com a população e adotar medidas de impacto econômico imediato.
Entre as iniciativas estudadas pelo governo, uma das principais é a mudança no saque-aniversário do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que poderá injetar R$ 12 bilhões na economia. A medida permitiria que trabalhadores que optaram pelo saque-aniversário pudessem retirar o saldo integral em caso de demissão sem justa causa. O governo espera que essa mudança tenha um impacto positivo na popularidade do presidente.
Outro ponto de atenção para Lula é a necessidade de fortalecer sua base política em estados onde a rejeição aumentou. O presidente enfrenta desafios nas eleições municipais de 2024, que podem ser um termômetro para medir o impacto da queda de popularidade no cenário eleitoral.
A preocupação dentro do governo é que essa queda de aprovação impacte a governabilidade e dificulte ainda mais a aprovação de pautas estratégicas no Congresso. A relação do Planalto com parlamentares tem sido desafiadora, e uma base fragilizada pode comprometer os projetos do governo.
Caminhos para reverter a queda de popularidade
Para reverter o cenário de desaprovação crescente, analistas apontam algumas estratégias que podem ser adotadas pelo governo:
- Fortalecimento da comunicação governamental: Melhorar a narrativa sobre ações e medidas adotadas pelo governo para enfrentar desafios econômicos e sociais.
- Revisão de políticas econômicas: Adotar medidas para conter a inflação e estimular a geração de empregos, garantindo estabilidade financeira.
- Ampliação dos investimentos em programas sociais: Reforçar iniciativas que beneficiem diretamente a população, como o Bolsa Família e a habitação popular.
- Aproximação com a base política: Reforçar alianças com governadores e prefeitos para garantir apoio político e viabilizar projetos do governo.
A pesquisa Quaest mostra que Lula enfrenta um dos momentos mais desafiadores de seu terceiro mandato. Com a desaprovação crescente e a economia como principal fator de desgaste, o governo precisará agir rapidamente para evitar que esse cenário impacte negativamente futuras eleições e a condução do país nos próximos anos.