Nos últimos anos, as canetas emagrecedoras se tornaram um tema recorrente nas discussões sobre tratamentos para a obesidade, com grande visibilidade nas mídias sociais, clínicas e consultórios médicos. Esses dispositivos injetáveis, como o Ozempic, Wegovy, Saxenda e Mounjaro, têm atraído atenção não apenas pela sua capacidade comprovada de auxiliar na redução de peso, mas também pela controvérsia em torno de seu uso. Embora os medicamentos foram inicialmente desenvolvidos para o tratamento de condições como diabetes tipo 2 e outras doenças metabólicas, a eficácia observada em pacientes que utilizam essas substâncias para emagrecimento tem gerado debates sobre a segurança e a eficácia a longo prazo. De acordo com dados de pesquisas clínicas, esses medicamentos podem reduzir até 22% do peso corporal, proporcionando uma solução potencial para milhares de pessoas que enfrentam a obesidade e problemas relacionados ao excesso de peso. No entanto, seu uso não está isento de riscos, especialmente quando realizado sem o devido acompanhamento médico.
Com a crescente demanda por soluções rápidas e eficazes no combate à obesidade, muitas pessoas recorrem a essas canetas emagrecedoras sem a devida orientação profissional. A comercialização de medicamentos como Ozempic e Wegovy tem sido amplamente difundida, mas também preocupam especialistas sobre os riscos de uso indiscriminado e a ausência de acompanhamento adequado. Um estudo recente realizado pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) revela que cerca de 20% dos pacientes que utilizam esses tratamentos não apresentam a resposta esperada, com uma perda de peso inferior a 5% do peso corporal inicial. Além disso, a taxa de reganho de peso após a interrupção do uso desses medicamentos é significativa, o que levanta questões sobre a necessidade de um suporte contínuo para mudanças no estilo de vida e não apenas a dependência de soluções farmacológicas.
Embora a automedicação e o uso indiscriminado dessas substâncias representem um perigo à saúde, elas continuam a ser popularizadas, especialmente entre pessoas que buscam uma alternativa à dieta e ao exercício físico. Dados recentes apontam que mais de 70% dos pacientes que utilizam medicamentos injetáveis para emagrecimento não seguem as orientações necessárias sobre alimentação e exercício, o que contribui para a perda de eficácia do tratamento. O desafio, portanto, não é apenas promover o emagrecimento, mas também garantir que as mudanças no comportamento alimentar e físico sejam sustentáveis e saudáveis, visando a melhoria global da saúde e não apenas a redução do peso corporal.
Como as canetas emagrecedoras funcionam?
Esses medicamentos atuam de forma semelhante aos hormônios naturais do corpo humano, que regulam o apetite e o metabolismo. A principal substância ativa nas canetas emagrecedoras é a semaglutida, presente em medicamentos como Ozempic e Wegovy, ou a liraglutida, que compõe o Saxenda. Essas substâncias agem imitando a ação do GLP-1 (glucagon-like peptide-1), um hormônio intestinal que regula o apetite e o processo digestivo. Ao se ligarem aos receptores de GLP-1 no cérebro, essas medicações promovem a sensação de saciedade, retardando o esvaziamento gástrico e, por consequência, diminuindo a ingestão alimentar.
Além disso, os medicamentos estimulam a liberação de insulina e reduzem a produção de glucagon, o que ajuda a controlar os níveis de glicose no sangue. A semaglutida, por exemplo, tem sido amplamente utilizada para tratar diabetes tipo 2 devido à sua capacidade de melhorar o controle glicêmico. No entanto, os resultados observados em pacientes que utilizam essas medicações para emagrecimento têm sido impressionantes, com reduções significativas do peso corporal, o que ampliou sua indicação para pessoas com sobrepeso ou obesidade.
Entre os principais medicamentos emagrecedores disponíveis no mercado, destacam-se:
- Ozempic (semaglutida): Originalmente aprovado para o tratamento de diabetes tipo 2, este medicamento é utilizado para reduzir o apetite e promover sensação de saciedade, o que ajuda na perda de peso. A eficácia de Ozempic para emagrecimento tem sido documentada em vários estudos, com reduções significativas de peso em pacientes obesos e com sobrepeso.
- Wegovy (semaglutida em doses mais altas): A versão mais potente do Ozempic, especificamente aprovada para o tratamento da obesidade, o Wegovy utiliza doses mais altas de semaglutida para induzir maior perda de peso. Em testes clínicos, pacientes que utilizaram Wegovy conseguiram perder até 22% do peso corporal inicial.
- Saxenda (liraglutida): Outra medicação do grupo GLP-1, o Saxenda foi aprovado para o tratamento da obesidade. Sua principal ação é aumentar a sensação de saciedade e retardar o esvaziamento gástrico, o que reduz a ingestão de calorias e favorece a perda de peso.
- Mounjaro (tirzepatida): Embora ainda não esteja disponível no Brasil, o Mounjaro combina a ação de dois hormônios, GLP-1 e GIP (peptídeo insulinotrópico dependente de glicose), e tem mostrado resultados promissores na perda de peso e controle glicêmico. O Mounjaro está em fase de aprovação em vários mercados internacionais.
Efeitos colaterais e riscos no uso das canetas emagrecedoras
Embora esses medicamentos tenham mostrado eficácia em estudos clínicos, seu uso não é isento de riscos. Os efeitos colaterais mais comuns incluem náuseas, vômitos, diarreia e constipação. Tais sintomas são frequentemente observados no início do tratamento e podem diminuir com o tempo à medida que o corpo se adapta à medicação. No entanto, em alguns casos, os efeitos colaterais podem ser graves e exigir a interrupção do tratamento.
Outro risco significativo associado ao uso de canetas emagrecedoras é o desenvolvimento de pancreatite, uma inflamação do pâncreas que pode ser potencialmente fatal se não tratada adequadamente. Os pacientes que utilizam esses medicamentos devem ser monitorados de perto para detectar qualquer sinal de complicação pancreática. Além disso, a rápida perda de peso pode aumentar o risco de problemas na vesícula biliar, como a formação de cálculos biliares, uma condição que pode exigir cirurgia.
A automedicação ou o uso sem acompanhamento médico também pode causar complicações mais sérias, incluindo desidratação, hipoglicemia (queda excessiva do nível de glicose no sangue), e efeitos adversos no sistema cardiovascular. Por isso, é crucial que o uso dessas canetas seja supervisionado por um profissional de saúde qualificado, que possa avaliar os riscos individuais e ajustar a dose conforme necessário.
A realidade do reganho de peso após o tratamento
Um dos maiores desafios das canetas emagrecedoras é o reganho de peso após a interrupção do tratamento. Embora esses medicamentos possam proporcionar uma perda de peso significativa, a tendência de reganho após o término do uso é alta. Estudos clínicos indicam que, em média, 70% dos pacientes que interrompem o uso dessas medicações retornam aos seus níveis de peso iniciais dentro de um ano.
Esse efeito rebote é um dos motivos pelos quais os especialistas alertam para a necessidade de mudanças sustentáveis nos hábitos alimentares e no estilo de vida, além do uso dos medicamentos. A perda de peso bem-sucedida a longo prazo exige um esforço contínuo para adotar uma dieta balanceada e praticar atividades físicas regularmente, além do acompanhamento médico. Sem essas mudanças, o risco de reganho de peso é considerável, o que pode prejudicar os resultados obtidos com o tratamento.
A popularização e os riscos do uso indiscriminado
O uso de canetas emagrecedoras tem se popularizado especialmente nas redes sociais, onde influenciadores e celebridades compartilham suas experiências com esses medicamentos. Essa exposição pode aumentar a pressão sobre as pessoas para que recorram a esses tratamentos sem a devida orientação médica, criando uma falsa impressão de que esses medicamentos são uma solução fácil e segura para a perda de peso.
No entanto, especialistas alertam que o uso indiscriminado de medicamentos para emagrecimento pode resultar em consequências graves para a saúde. A automedicação pode levar ao agravamento de doenças preexistentes, como distúrbios endócrinos, problemas gastrointestinais e até doenças cardiovasculares. A venda ilegal de medicamentos em farmácias de manipulação também tem se tornado uma preocupação crescente, já que essas substâncias podem ser adulteradas, aumentando os riscos de reações adversas.
Impactos na saúde mental e distúrbios alimentares
Além dos efeitos físicos, o uso de canetas emagrecedoras pode ter consequências psicológicas para os pacientes. O foco excessivo na perda de peso e na aparência física pode levar ao desenvolvimento de transtornos alimentares, como anorexia nervosa, bulimia e compulsão alimentar. A pressão para manter um determinado padrão estético pode afetar a saúde mental, gerando ansiedade, depressão e outros distúrbios psicológicos. Portanto, é essencial que o tratamento para emagrecimento seja acompanhado de suporte psicológico e apoio emocional, ajudando os pacientes a lidar com os desafios emocionais e comportamentais relacionados à alimentação e ao peso corporal.
Considerações sobre o uso a longo prazo
Embora as canetas emagrecedoras mostrem-se promissoras, especialmente no tratamento da obesidade, seu uso a longo prazo ainda está sendo estudado. Os efeitos colaterais e a eficácia a longo prazo não são completamente conhecidos, e muitos médicos preferem adotar uma abordagem cautelosa ao prescrever esses medicamentos. Pacientes que optam por esse tratamento devem estar cientes de que a perda de peso sustentável requer mais do que o uso de medicações. A mudança de hábitos, o acompanhamento médico e o suporte psicológico são fundamentais para garantir que os resultados sejam duradouros e benéficos para a saúde geral.