Jeff Bezos, o fundador da Amazon e dono do Washington Post, decidiu que a partir de agora as páginas de opinião do jornal vão se concentrar em dois pilares: “liberdades individuais e mercados livres.”
A decisão foi comunicada hoje cedo num email enviado pelo próprio Bezos aos jornalistas do Post.
“É claro que também cobriremos outros tópicos, mas os pontos de vista que se opõem a esses pilares vamos deixar para outros publicarem,” escreveu o empresário, que adquiriu o jornal em 2013.
Bezos disse que houve um tempo em que os jornais regionais prestavam um serviço ao abrir suas páginas para o maior número de pontos de vista possível, mas que “hoje, a internet faz esse trabalho.”
Em resumo, o fundador da Amazon decidiu que o Post não vai mais dar espaço a editorialistas, colunistas e colaboradores que escrevem “contra” os pilares de liberdades individuais e livre mercado.
O editor de Opinião, David Shipley – cuja carreira inclui passagens pelo The New York Times e a Bloomberg – preferiu deixar o jornal, argumentando que o ecumenismo do Post era seu diferencial, e que seria complicado publicar uma página de qualidade com um conjunto de articulistas mais restrito.
No ano passado, Bezos já havia comprado uma briga com os editores ao determinar que o jornal não declarasse apoio a Kamala Harris.
Em janeiro, houve outro estresse entre editores e diretores do jornal por causa do veto à publicação de uma charge em que Bezos e outros bilionários do mundo tech apareciam, em posição de reverência, oferecendo sacos de dinheiro a uma estátua de Donald Trump. Naquele caso, Shipley se posicionou contra estampar o cartoon satírico contra o patrão.
A seguir, a íntegra da mensagem de Bezos.
Estou escrevendo para informá-lo sobre uma mudança em nossas páginas de opinião.
Escreveremos todos os dias em apoio e defesa de dois pilares: liberdades individuais e mercados livres. É claro que também cobriremos outros tópicos, mas os pontos de vista que se opõem a esses pilares vamos deixar para outros publicarem.
Houve uma época em que um jornal, especialmente um que fosse um monopólio local, poderia considerar como um serviço trazer à porta do leitor todas as manhãs uma seção de opinião ampla, que procurava cobrir todos os pontos de vista. Hoje a internet faz esse trabalho.
Eu sou dos EUA e pelos EUA, e tenho orgulho de ser assim. Nosso país não chegou aqui sendo típico. E uma grande parte do sucesso dos EUA tem sido a liberdade no domínio econômico e em qualquer outro lugar. A liberdade é ética – minimiza a coerção – e prática – impulsiona a criatividade, a invenção e a prosperidade.
Ofereci a David Shipley, a quem admiro muito, a oportunidade de liderar esse novo capítulo. Sugeri a ele que se a resposta não fosse “com certeza, sim,” então teria que ser “não”. Após uma consideração cuidadosa, David decidiu se afastar.
Essa é uma mudança significativa, não será fácil e exigirá 100% de comprometimento – respeito a decisão dele. Vamos buscar um novo Editor de Opinião para assumir essa nova direção.
Estou confiante de que o livre mercado e as liberdades individuais são adequados para os EUA. Acredito também que esses pontos de vista são mal atendidos no atual mercado de ideias e opiniões jornalísticas. Estou animado por estarmos juntos para preencher esse vazio.
Jeff.
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