SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um ciclista de 46 anos foi morto na manhã desta quinta-feira (13) ao lado do Parque do Povo, no Itaim Bibi, na zona oeste de São Paulo.
Uma câmera de monitoramento gravou a dinâmica do crime. Por volta das 6h10, Vitor Medrado, conhecido como Vitão ou Mineirinho, estava parado na calçada da rua Brigadeiro Haroldo Veloso e aparentava mexer no celular, quando dois homens chegaram em um moto e o abordaram.
A ação durou poucos segundos. Antes mesmo de a pessoa que estava na garupa descer da moto, o ciclista caiu no chão. O homem ainda revistou a vítima, e depois subiu na moto e fugiu.
“A vítima foi socorrida ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu”, afirmou a SSP (Secretaria da Segurança Pública) do estado.
Segundo a polícia, Vitor foi atingido na região do pescoço. O caso foi registrado como latrocínio -roubo seguido de morte- no 14º DP (Pinheiros).
A Polícia Civil investiga se a dupla de ladrões é a mesma que baleou outra vítima em uma rua a cerca de 3 quilômetros de distância, por volta das 11h. A ligação com o caso do ciclista se dá pelo fato de placa da moto usada nos dois crimes ser a mesma. De acordo com as investigações, se trata de uma placa clonada, registrada na cidade de Dourados (MS), de modelo e cor diferente da usada pelos bandidos. Ninguém foi preso.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública informou que analisa a relação entre os dois casos. “As diligências estão em andamento para identificar e prender os autores. O patrulhamento na região foi intensificado”, informou em nota.
Um grupo de ciclistas vai se reunir no local do crime nesta sexta-feira (14), às 7h, para uma homenagem ao Vitor e também para pedir mais segurança.
Vitor era personal trainer e dava aulas de ciclismo. Ele costumava pedalar na região do Parque do Povo, onde o crime foi cometido. Também treinava na ciclovia da marginal Pinheiros e em outras espalhadas pela cidade. No momento em que foi atingido por um tiro no pescoço, o instrutor esperava uma aluna para o treino do dia.
“Ele dava aulas havia vários anos na ciclovia no entorno do Parque do Povo, e se preocupava com a segurança, assim como todos nós ciclistas. A incidência de roubos a bikes tem crescido muito”, afirmou à reportagem o amigo Eduardo Alves, 50.
Medrado era ex-marido de Gisele Gasparotto, empresária, ciclista profissional e fundadora de uma assessoria esportiva para mulheres, que foi agredida e teve a bicicleta roubada na ciclovia do parque linear Bruno Covas, às margens do rio Pinheiros.
Outro amigo, o instrutor de ciclismo Vitor Estevinho, contou que ele preferia encontrar os alunos no parque por considerar um ponto de acesso mais seguro à ciclovia, por ter mais movimento de ciclistas nas primeiras horas do dia, quando costumava dar as aulas. “O Vitão era um rapaz que acordava às 4h da manhã e ia dormir após as 22h quase todos os dias para trabalhar, igual ele estava indo fazer no momento que foi morto”, disse Estevinho.
Medrado participava de provas de ciclismo de velocidade e começou a pedalar em campeonatos de mountain bike ainda em Minas Gerais, antes de se mudar para a capital paulista e abrir a assessoria de ciclismo.
Namorada de Vitor e também ciclista, Jaquelini Santos compartilhou uma série de publicações e homenagens em sua página em uma rede social. “É revoltante, inacreditável, triste e assustador uma violência assim”, escreveu.
“Eu to aqui já faz mais de uma hora totalmente atônita, atrapalhada, inconformada. Faltam palavras, falta compreensão do ato de violência bárbara injustificável, gratuita, em plena vista, em plena luz do dia, onde não houve reação/resistência nenhuma do agredido, que teve sua vida tomada”, publicou outra ciclista, Marcela Moreira.
“O que o define, com certeza, é a humildade”, disse Evaldo Garcia, amigo da vítima.