Pesquisa Paraná e o Jogo da Sobrevivência: O Cavalo, a Caneta e a Arte de Fingir
Local e Data: Rio Branco, Acre, 26 de Setembro de 2025
Tempo de Leitura Estimado: 6 minutos
O cenário político no Acre não está apenas aquecido; está em ebulição. A nova pesquisa do renomado instituto Paraná Pesquisas – cuja credibilidade, embora debatida nacionalmente, se impõe pela constância — não apenas confirma a disputa acirrada no Senado, mas também expõe a fragilidade da base governista e o avanço silencioso de novos nomes. O jogo está abertíssimo e dependerá de quem consegue costurar as alianças mais fortes até 2026.
A Explosão do Senado: A Mãe de Todas as Batalhas
A análise mais sensata dos números do Paraná é que a briga pelas duas vagas do Senado será a mãe de todas as batalhas políticas.
No cenário primário, o Governador Gladson Cameli (42,4%) lidera com folga, mas o empate técnico pela segunda vaga é incontestável entre Márcio Bittar, Jorge Viana, Jéssica Sales e Mara Rocha. O Senador Sérgio Petecão (14%) cresce, mas ainda está fora do páreo, provando que seu incansável “fazer mais política” não se traduz, hoje, em intenção de voto majoritária.
A verdadeira bomba-relógio reside no CENÁRIO SEM GLADSON. A pesquisa mostra que, se o STJ vier a torná-lo inelegível, seus 42,4% se pulverizam, transformando a briga pelas duas cadeiras em um caos estratégico. Nomes como Bittar, Viana, Ulysses, Mara e Jéssica entram em um empate técnico ainda mais apertado.
O Fim do Discurso e a Hipocrisia dos Gabinetes
Enquanto o Acre lida com seus números, a direita radical sofre derrotas em Brasília que exigem uma “mudança de disco” urgente. A PEC da Bandidagem foi derrubada por unanimidade no Senado, e a ameaça de anistia já foi para o sal. O Bolsonaro não poderá ser candidato à presidência em 2026. Seus aliados no Acre precisam urgentemente buscar outras bandeiras, pois o discurso bolsonarista está ficando sem discurso.
Nos bastidores do Acre, a palavra de ordem é a desconfiança. O Governador Tião Bocalom faz o “Jogo de Candidato,” usando a presidência da Associação dos Municípios do Acre como pretexto para estar em campanha ao governo. Mas a maior tensão reside no Executivo Estadual.
A Força da Canela: Mailza Assis e o Pilar da Interiorização
A Vice-Governadora Mailza Assis (17,6%) prepara-se para assumir o governo em abril de 2026, quando Gladson Cameli sair. A Força da Caneta a coloca no jogo, mas ela tem demonstrado que o seu “fazer política” é muito mais profundo do que a simples retórica.
É importante frisar que os 17,6% de Mailza são enganosos. A Vice-Governadora é um fenômeno de mobilização de base e “força na canela” que a pesquisa por telefone ou meio digital dificilmente consegue medir. “A mulher anda”, articula e se movimenta com propriedade nas prefeituras e na base. O Paraná Pesquisas pode ser renomado, mas não consegue chegar onde Mailza Assis tem ido, construindo uma rede de apoio que pode surpreender a capital no momento da contagem final.
Sua gestão à frente da SEASDH é a prova. O Pilar da Inclusão Social é sua principal credencial, com a coordenação do programa “Juntos Pelo Acre” (que já beneficiou mais de 120 mil pessoas com serviços de cidadania, saúde e segurança alimentar em ramais). A dedicação à interiorização das políticas, com a inauguração de unidades de proteção à mulher (como o CRAM em Epitaciolândia) e a atração de investimentos em infraestrutura (como a pavimentação de vias em Porto Walter), mostra que seu trabalho é focado em dignidade e entrega. Do reforço à Polícia Civil (PCAC) com novos equipamentos, até a defesa do setor produtivo na FAEAC e a liderança na Semana do Clima em Nova York, Mailza Assis demonstra uma visão de Estado que contrasta com a política de “fazer barulho” dos seus oponentes. Quem subestimar o trabalho de formiga da Vice-Governadora, que terá a máquina e a caneta em 2026, cometerá um erro fatal.
A Política do “Até tu, Brutus!”
Apesar da força de Mailza, há uma turma do “Cravo e Ferradura” no governo e na ALEAC que fala em fidelidade na frente e articula nos bastidores. O sentimento dentro do MDB é de “Não Vão Atrás” — se Mailza quiser aliança, ela que procure.
O Senador Alan Rick, por sua vez, vive o ápice do protagonista, mas sua animação ao sair da reunião com o MDB é a pressão de quem sabe que o apoio do partido é crucial. O dirigente Wagner Sales não entregará o MDB sem antes garantir o preço.
No meio desse caos, o PSD de Petecão sofre com a chapa de Federal encolhida. O vácuo abre espaço para a jogada tática do Deputado Federal Eduardo Veloso, que se lançou candidato ao Senado. O Deputado Eduardo Veloso usa a força de seu mandato e de suas emendas para fortalecer a Saúde no interior, e aposta na articulação do nome de sua esposa, a médica Rejane Veloso, para Deputada Federal. Rejane transita com muita propriedade dentro das prefeituras e câmaras no interior, e junto ao marido, constrói uma imagem de “casal que resolve” no nicho mais sensível da falha estatal. Contudo, se Veloso quer ser levado a sério, ele precisa largar o jaleco de médico e vestir o paletó de Senador e assumir a campanha.
A política do Acre está na fase do “Até tu, Brutus!”. A desconfiança é a moeda mais valiosa e o resultado das eleições será menos sobre o plano e mais sobre a capacidade dos jogadores de sobreviverem às traições de gabinete.
Adm. Eliton Muniz




