sexta-feira, 5 dezembro, 2025

Crise de abastecimento de água em Rio Branco expõe falhas e improvisos

Eliton Muniz - Free Lancer - Cidade AC News

Capital acreana sofre com torneiras secas e promessas vazias do poder público

Crise de abastecimento de água em Rio Branco virou a rotina que ninguém pediu. A cada manhã, milhares de moradores abrem a torneira e só encontram ar. O Rio Acre, que já foi vilão em enchentes devastadoras, agora escancara a ironia: secou como nunca antes, batendo apenas 1,23 metro, o nível mais baixo da história. A tragédia deixou a capital refém do improviso, expôs a fragilidade da gestão e mostrou que, quando o assunto é planejamento, a seca não é só do rio, mas também da administração.

A reação oficial é previsível: discursos otimistas, promessas de reforço no sistema, anúncios de bombas emergenciais. Mas a realidade não muda. Nos bairros periféricos, a crise de abastecimento de água em Rio Branco é sentida em cada detalhe: mães acumulam roupas sem lavar, comerciantes perdem freguesia, idosos enfrentam calor sem banho. A água, que deveria ser direito básico, virou privilégio.

Enquanto o povo improvisa caixas-d’água com tambores e corre atrás de caminhões-pipa, políticos posam em fotos sorridentes, como se a distribuição emergencial fosse feito heroico. É o retrato clássico de uma cidade acostumada a paliativos: o problema é eterno, e a solução, sempre “em breve”. A cada verão, repete-se o enredo: o rio desce, o sistema colapsa, a população paga a conta.

A crise de abastecimento de água em Rio Branco não afeta todos da mesma forma. Quem pode, compra galões, instala reservatórios e se vira. Quem não tem recursos depende da solidariedade alheia ou do improviso estatal. A desigualdade fica explícita: na mesma cidade, uns estocam água, outros contam gotas.

O mais grave é a falta de horizonte. Não há plano robusto de infraestrutura hídrica, nem investimento consistente em sistemas alternativos. O Acre vive de extremos: da cheia à estiagem, da promessa à frustração. E o pior é que a memória curta da política transforma cada crise em espetáculo de marketing, nunca em ponto de virada.

A indignação popular cresce porque não se trata de um evento climático isolado. É negligência acumulada. A cada coletiva de imprensa, a frase é a mesma: “estamos resolvendo”. Mas quem vive a realidade sabe que não passa de improviso. Falta transparência sobre prazos, sobre custos e, principalmente, sobre responsabilidades.

O problema da crise de abastecimento de água em Rio Branco não está apenas na estiagem recorde. Está na ausência de planejamento de longo prazo, na falta de diálogo com especialistas e no uso político de uma tragédia cotidiana. Enquanto o governo administra emergências, a população administra a própria sobrevivência.

E a pergunta ecoa: até quando? Até quando Rio Branco ficará refém da sorte do rio e das promessas do poder público? A resposta não pode ser “na próxima estação”. Água não é luxo, é direito. E quando até isso vira promessa, o que seca não é só o rio, é a confiança do povo.

Coluna do Ton – Cidade AC News – www.cidadeacnews.com.br

“Opinião sem açúcar, só o amargo da verdade.”


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Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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