sexta-feira, 5 dezembro, 2025

Jorge Viana coleciona manchetes, mas até agora a carne acreana não cruzou fronteira alguma

Eliton Muniz - Free Lancer - Cidade AC News

Publicado em 29/08/2025 – Cidade AC News
⏱️ Tempo de leitura: 6 min

Mais uma viagem, mais uma promessa

Em mais uma missão internacional, o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, surgiu ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para anunciar que frigoríficos do Acre e de Rondônia estariam “na fila” para exportar carne bovina e suína ao mercado mexicano.

“O Acre tem todas as condições para exportar carne bovina e suína. Estamos empenhados em ampliar as habilitações, o que vai abrir mais mercado, gerar emprego e renda”, disse Alckmin.

O discurso soa grandioso: o México é a segunda maior economia da América Latina e um dos mercados mais disputados do planeta quando o assunto é proteína animal. Mas, no Acre, essa não é a primeira vez que a promessa vira manchete sem virar realidade.

Prometer sempre foi fácil, cumprir que é o drama

  • 2010–2015: falas sobre EUA e México abrirem as portas para a carne amazônica. Nunca passou do papel.
  • 2018–2022: Acre conquista status de área livre de aftosa sem vacinação. Plantas locais? Nada feito.
  • 2023–2024: cada missão presidencial trouxe anúncio de novos mercados. Resultado para o Acre: zero frigoríficos habilitados.

👉 Até hoje, a lista oficial do MAPA não mostra nenhum frigorífico acreano autorizado pelo governo mexicano. Rondônia, sim, já aparece com plantas habilitadas desde 2023.

Na prática, quem está na fila?

  • Dom Porquito (Acre): única empresa citada como em preparação para exportar carne suína. A habilitação ainda não saiu.
  • Frigoríficos de Rondônia: pelo menos quatro já exportam ao México.
  • Demais plantas brasileiras: 14 frigoríficos de outros estados (SP, MT, GO, RS) estão em auditoria sanitária neste momento. Nenhum do Acre.

As muralhas que travam o Acre

  1. Estrutura logística – Portos distantes, transporte caro, gargalos no escoamento.
  2. Escala de produção – Acre não compete em volume frente a Mato Grosso, Goiás ou Paraná.
  3. Habilitação sanitária – Auditorias internacionais são lentas e minuciosas.
  4. Política mexicana – O reconhecimento do Brasil como livre de aftosa sem vacinação segue “sob análise”.

Viana mostra habilidade política: vitrine, rede social e manchete. Ele coloca o Acre no discurso presidencial, garante foto ao lado de Lula e Alckmin e reforça sua imagem como “diplomata do agro”.

Mas falta o que mais interessa: resultado prático.

  • Vitrine ele já tem.
  • Pauta também.
  • O que falta? O boi ou o suíno do Acre atravessando a fronteira mexicana de verdade.

Conclusão

Tem chance mesmo? Tem, mas o tempo é outro:

  • Cenário otimista: auditorias mexicanas em setembro aprovam plantas e Dom Porquito entra até o fim de 2025.
  • Cenário realista: habilitação só em 2026, depois de ajustes técnicos e diplomáticos.
  • Cenário pessimista: promessa continua, mas a carne acreana segue sem carimbo internacional.

👉 Por que não saiu antes? Porque anúncio não derruba barreira sanitária. O atraso vem de três pontos centrais:

  1. logística precária,
  2. baixa escala de produção,
  3. auditorias internacionais demoradas.

No fim, a probabilidade é de médio prazo, não imediata. Enquanto isso, Jorge Viana coleciona manchetes — mas a carne acreana não cruza fronteira alguma.

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✍️ Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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Provocação final Cidade AC

“Se exportação fosse por like no Instagram, o Acre já estaria vendendo carne até pra Marte. Mas no mundo real, cadê o contêiner atravessando a fronteira? Promessa não enche caminhão frigorífico.”

— Eliton Lobato Muniz (Estagiário)

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