Governo assina ordem de serviço em Rio Branco e promete

Obra histórica para Rio Branco
Rio Branco viveu nesta segunda-feira (18) um marco aguardado há anos: a assinatura da ordem de serviço para início das obras do Arco Metropolitano, projeto que promete mudar a mobilidade da capital acreana. O anúncio foi feito pelo governador Gladson Cameli (PP), em evento que reuniu secretários, deputados e lideranças comunitárias.
A intervenção não é novidade. O Arco foi tema de campanhas políticas, alvo de cobranças de empresários e pauta de debates na Assembleia Legislativa. O que muda agora é a formalização, com previsão de investimentos bilionários e prazos definidos. A promessa é clara: desafogar o trânsito urbano e criar uma rota alternativa para caminhões e veículos pesados que hoje cruzam áreas centrais.
O que prevê o projeto
O Arco Metropolitano terá cerca de 32 quilômetros de extensão, interligando a BR-364 a pontos estratégicos da capital. A obra inclui construção de pontes, duplicação de trechos críticos e implantação de vias marginais.
Segundo a Secretaria de Infraestrutura, o investimento inicial supera R$ 800 milhões, com recursos federais e contrapartida estadual. O prazo de conclusão é estimado em quatro anos, embora a experiência mostre que cronogramas desse porte raramente se cumprem sem atrasos.
O projeto é considerado vital para a economia local. Caminhões que hoje atravessam Rio Branco, causando congestionamentos, terão rota própria, encurtando distâncias e reduzindo custos logísticos. Para o comércio e a indústria acreana, significa mais competitividade.
mpacto na vida da população
Para quem vive em Rio Branco, o Arco representa mais do que um traçado no mapa. Significa menos tempo perdido no trânsito, maior segurança viária e valorização imobiliária em bairros próximos à nova rota.
Motoristas ouvidos pelo Cidade AC News destacam a expectativa. “Hoje, para sair do Distrito Industrial até o centro, gasto quase duas horas. Se o Arco sair mesmo, a cidade respira”, comenta o autônomo José Lima, 42 anos.
Além disso, especialistas apontam que a obra pode impulsionar novos polos de desenvolvimento. Áreas rurais e urbanas cortadas pelo traçado tendem a atrair investimentos, desde loteamentos habitacionais até centros logísticos.
Desafios e ceticismo
Apesar da empolgação oficial, o anúncio não está livre de críticas. O histórico de grandes obras no Acre é marcado por atrasos, aditivos contratuais e promessas não cumpridas. Obras como o Anel Viário de Brasileia e a duplicação da BR-364 são lembradas como exemplos de empreendimentos que se arrastaram além do previsto.
O professor de engenharia civil da UFAC, Marcos Ferreira, alerta para a complexidade do projeto: “O Arco Metropolitano exige planejamento ambiental, regularização fundiária e controle rigoroso de custos. Sem isso, pode virar mais uma obra inacabada”.
Organizações ambientais também levantam preocupações. O traçado cruza áreas sensíveis, o que exige licenciamento rigoroso. A pressão é para que o projeto não repita erros do passado, quando rodovias impactaram comunidades ribeirinhas e áreas de preservação.
O peso político
O governo trata a obra como prioridade absoluta. Em ano pré-eleitoral, o Arco é peça-chave para reforçar a imagem de eficiência administrativa. O governador Cameli destacou, no ato de assinatura, que 2025 será “o ano da execução”.
“Não é momento de discutir eleições, mas de mostrar resultados. O Arco Metropolitano é compromisso de gestão. Queremos entregar uma cidade com mobilidade digna”, declarou.
Para a oposição, entretanto, o anúncio soa como manobra política. Deputados do PT lembraram que projetos semelhantes foram prometidos em gestões passadas e não saíram do papel.
O que vem a seguir
Com a ordem de serviço assinada, a empresa responsável deve iniciar as primeiras frentes de trabalho já em setembro. Estão previstas desapropriações, terraplenagem e instalação de canteiros de obras.
A expectativa é que os impactos iniciais sejam sentidos já nos próximos meses, com geração de empregos diretos e indiretos. O governo fala em até cinco mil vagas abertas durante a execução.
Para a população, no entanto, o termômetro será o ritmo das máquinas. “Enquanto eu não ver trator no campo, não acredito”, disse a comerciante Maria do Socorro, 55 anos, refletindo a desconfiança de muitos.
Conclusão
O Arco Metropolitano é, ao mesmo tempo, promessa e desafio. Se concluído, pode redefinir a mobilidade de Rio Branco, fortalecer a economia e melhorar a qualidade de vida. Mas, se ficar no campo das intenções, entrará para a longa lista de obras anunciadas e não entregues.
O Acre já conhece esse roteiro. Agora, resta acompanhar se, desta vez, a história será escrita no asfalto — e não apenas no papel.
📲 Por Eliton Lobato Muniz — Cidade AC News
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