
O Lula tá chegando.
O Lula tá chegando…
O que vem por trás desse grito?
O que há por trás dessa notícia ruim?
Aliás, o que há?
O que podemos fazer? Aqui: escrever, dizer, pensar ou gritar?!
Escrever
Chegou a comitiva: cinco ministros, um presidente e um glossário de promessas. Parecem aqueles rios no verão: largos no discurso, rasos no fundo. Trazem maquete, planilha e um tripé de coletiva; a gente oferece chão batido, enchente na memória e um calendário pedindo misericórdia. O Acre não quer selfie com a obra: quer obra que entre em cena sem precisar de figurino. Se o anúncio é chuva, que caia na conta. Se o PAC é barco, que atravesse o igarapé do papel. E se o governo é parceiro, que assine com data, valor e quilômetro — porque aplauso não tapa buraco e empenho não vira ponte.
Dizer
“Visita importante? É. Mas palanque sem cronograma é carretel sem linha: roda, roda e não pesca nada.”
“Prometer aqui é fácil; difícil é voltar no inverno e explicar por que o ramal virou sabão.”
“Hoje, menos hino e mais recibo: quanto, onde, quando e quem responde se atrasar.”
Pensar
Talvez a política seja isso: um carro de boi puxando um avião pela pista. Um promete turbina, outro empurra roda, e o povo… carrega no ombro. A conta chega sempre certa: a natureza cobra em débito automático, o orçamento paga em boletos a perder de vista. O Norte aprendeu cedo: não existe milagre sem linha do tempo. E planejamento sem lastro é só poesia com timbre oficial.
Gritar
“Cronograma na mesa!”
“Menos palco, mais obra!”
“Empenho não é entrega! Queremos pagamento e serviço feito.”
“Cheia não espera PAC! Plano permanente já.”
“BR não depende de verão!”
Moral da história (sem goma e sem fuleragem):
Quem governa fala; quem vive cobra. O Acre não precisa de discursos que façam sombra — precisa de poste que acenda, de ponte que aguente boiada e ambulância, de escola que abre em fevereiro e não em outubro. Se vierem com promessa, a gente oferece trena. Se vierem com drone, a gente pede diário oficial. E se vierem só com palmas, a gente devolve com silêncio — aquele silêncio que derruba governo mais que vaia.
“Avisa pra Janja que aqui não tem hotel 5 estrelas; tem povo sem paciência — vem de terninho ou de termina-logo?”
Eliton Muniz
Estagiário do Cidade AC News




