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Investimentos rurais avançam com obras entregues na região dos ramais
O Departamento de Estradas de Rodagem do Acre (Deracre) anunciou, nesta terça-feira (30), a entrega de 25 novas pontes de madeira e concreto em ramais de nove municípios do estado. A ação faz parte da Operação Verão 2025, um programa emergencial do Governo do Acre para garantir mobilidade rural durante o período de estiagem, facilitar o escoamento da produção e atender a demandas históricas das comunidades isoladas.
As obras foram concluídas nos municípios de Brasiléia, Xapuri, Tarauacá, Feijó, Sena Madureira, Capixaba, Plácido de Castro, Epitaciolândia e Cruzeiro do Sul. A maioria das estruturas foi construída em regiões estratégicas, onde havia relatos recorrentes de queda de veículos, alagamentos e acidentes com moradores. O governo informou que os recursos utilizados são do tesouro estadual, com previsão de ampliação do programa nos próximos meses.
O anúncio foi feito por Petronio Antunes, presidente do Deracre, que destacou o caráter técnico e emergencial da ação. Segundo ele, as equipes trabalharam simultaneamente em vários pontos, com apoio logístico das prefeituras e monitoramento do cronograma via sistema georreferenciado. A intenção, segundo o órgão, é aproveitar ao máximo os meses de julho, agosto e setembro para realizar as obras antes do retorno das chuvas.
O governador Gladson Cameli acompanhou parte das entregas no município de Capixaba, onde foram finalizadas três pontes em áreas de difícil acesso. Durante a visita, Cameli afirmou que o foco da gestão é investir nas bases da economia do Acre, e isso começa pelos produtores rurais. “Nosso compromisso com quem mora nos ramais é mais do que discurso. É ação concreta. Essas pontes não são para propaganda, são para garantir o direito de ir e vir”, declarou o governador.
De acordo com o plano de metas apresentado pelo governo em abril, a previsão é que mais de 100 pontes sejam entregues até o final do ano, dentro do escopo da Operação Verão. O projeto inclui ainda a recuperação de mais de 180 quilômetros de estradas vicinais e a aquisição de pontes metálicas modulares que possam ser montadas rapidamente em regiões alagáveis.
Produtores das áreas beneficiadas relataram melhorias imediatas na mobilidade. Edvaldo Rodrigues, agricultor do Ramal Espalha, em Tarauacá, comemorou o fim do improviso. “A gente atravessava em cima de paus ou jogava madeira velha. Agora tem ponte mesmo, de verdade. Quando chove de novo, não vai cair tudo. Isso muda a nossa vida.”
Apesar do clima positivo nas inaugurações, deputados da oposição cobraram mais transparência na divulgação dos contratos. O parlamentar Edvaldo Magalhães (PCdoB) afirmou na Aleac que muitas obras estão sendo anunciadas sem a publicação das licitações no portal da transparência. Ele também questionou o uso de contratos emergenciais recorrentes. “Ninguém é contra ponte. O que não pode é o governo usar a obra como palanque”, criticou.
Em resposta, a Secretaria de Obras Públicas do Estado informou que os dados serão publicados até o início de agosto, e que parte dos contratos foi firmada sob regime simplificado devido ao risco de isolamento de comunidades. Técnicos da Controladoria-Geral do Estado também acompanham os trabalhos.
O impacto da entrega das pontes já começou a ser sentido nos municípios. Em Brasiléia, caminhões de leite e hortifrúti passaram a circular diariamente em áreas que estavam há meses intransitáveis. Em Feijó, professores da zona rural relataram redução no tempo de deslocamento até as escolas. E em Xapuri, famílias antes isoladas agora conseguem chegar à cidade sem depender de caronas ou caminhadas longas.
Mais do que pontes, a Operação Verão 2025 tem sido tratada pelo governo como símbolo de retomada da infraestrutura rural — uma área historicamente negligenciada nas últimas décadas. A dúvida que paira no ar: o investimento vai virar rotina ou só aparece em ano pré-eleitoral?
Assinado por: Eliton L. Muniz – Estagiário | Cidade AC News – www.cidadeacnews.com.br




