O professor acreano Anselmo Gonçalves da Silva, do Instituto Federal do Acre (IFAC), campus Xapuri, é um dos finalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico 2025, um dos mais importantes reconhecimentos da produção científica nacional. A indicação veio com a obra “Que é Reserva Extrativista?: uma homolo-crítica conceitual – pela (re)emergência de projetos ontológicos amazônicos”, que concorre na categoria Geografia e Geociências. O anúncio oficial dos finalistas foi feito pela organização do prêmio neste mês de julho.
O livro é resultado de anos de pesquisa, vivência e reflexão sobre o conceito e a prática das reservas extrativistas na Amazônia brasileira, especialmente no Acre. Partindo de uma análise crítica das políticas públicas voltadas à conservação e uso sustentável dos recursos naturais, Anselmo propõe uma revisão profunda do que se entende por “reserva extrativista”. Segundo ele, o conceito dominante — cristalizado a partir das formulações do Estado e das organizações multilaterais — carece de enraizamento nas ontologias amazônicas e nos saberes dos povos tradicionais da floresta.
A obra, portanto, não apenas questiona os marcos legais e conceituais das Resex, como também propõe uma ruptura epistemológica. A abordagem do autor une elementos de antropologia, geografia política e filosofia da ciência, trazendo uma leitura insurgente e ao mesmo tempo profundamente enraizada na experiência acreana. Anselmo Gonçalves, que também é doutor em Desenvolvimento Sustentável, utiliza como pano de fundo a história da criação da Reserva Extrativista Chico Mendes — símbolo internacional de resistência socioambiental — para mostrar como o ideal original foi sendo moldado por forças externas, nem sempre alinhadas à realidade dos povos da floresta.
O Prêmio Jabuti Acadêmico, promovido pela Câmara Brasileira do Livro, é voltado exclusivamente à produção científica e técnica brasileira, sendo dividido em várias categorias específicas por área do conhecimento. Os finalistas de cada categoria disputarão a premiação final no dia 5 de agosto de 2025, em cerimônia no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. O vencedor de cada área receberá um prêmio de R$ 5 mil, além da tradicional estatueta do Jabuti, ícone da premiação.
A indicação de um professor do IFAC ao prêmio representa um feito histórico para a ciência acreana, especialmente em um campo tão disputado como o das Geociências. Trata-se do reconhecimento de que há produção científica de excelência sendo feita na Amazônia, por autores que partem da vivência local para propor novas abordagens teóricas ao debate nacional. Mais que uma conquista pessoal, a indicação coloca o Acre e suas instituições públicas de ensino no radar da produção científica brasileira.
A obra de Anselmo também reforça a importância do papel dos institutos federais como polos de produção intelectual crítica, não apenas como espaços de ensino técnico. Em tempos de questionamentos sobre a eficácia das políticas ambientais e o uso político de conceitos como “sustentabilidade” e “desenvolvimento sustentável”, o livro emerge como uma contribuição relevante ao debate contemporâneo sobre a Amazônia.
A cerimônia de premiação deve reunir autores, professores, pesquisadores e representantes das principais editoras e universidades do país. Para a comunidade acadêmica e científica do Acre, a presença de Anselmo entre os finalistas é motivo de orgulho e inspiração, mostrando que é possível pensar a Amazônia desde dentro, com método, densidade teórica e compromisso político.
Redação Cidade AC News
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📍 Rio Branco – AC | Atualizado em 30/07/2025 às 10h34
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