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Novas operações federais revelam que o desvio de recursos públicos continua ativo no coração da Esplanada, envolvendo contratos milionários e manobras com emendas parlamentares. Governo reage com silêncio. Órgãos de controle apertam o cerco.
Enquanto tenta conter a crise de imagem provocada pelos escândalos do INSS e das farmácias populares, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) agora precisa lidar com duas novas investigações oficiais conduzidas por órgãos federais de controle e repressão. As ações colocam novos contratos públicos e o uso de emendas parlamentares no centro de suspeitas de corrupção, enriquecimento ilícito e favorecimento.
Na manhã do dia 25 de julho de 2025, a Polícia Federal, com apoio da CGU e da Receita Federal, deflagrou a quinta fase da Operação Overclean, que investiga a existência de um esquema de desvio de verbas federais a partir de emendas parlamentares direcionadas a prefeituras no interior da Bahia. Os recursos seriam escoados por meio de contratos superfaturados e empresas de fachada, simulando prestação de serviços à população. O caso envolve gestores públicos locais, servidores e empresários ligados ao núcleo político de apoio ao governo.
Paralelamente, o Tribunal de Contas da União (TCU) passou a apurar um contrato de R$ 328 milhões firmado entre a administração federal e uma empresa já envolvida em outras investigações por fraudes em licitação. A suspeita é que o contrato tenha sido viabilizado com aval político, driblando alertas técnicos e indícios de restrição de concorrência. A denúncia partiu de servidores do próprio órgão contratante, que relataram pressões internas.
Ambos os casos têm como pano de fundo a velha engenharia de bastidores que atravessa gestões e partidos: recursos públicos distribuídos com pouca transparência e fiscalização frouxa. Mas agora, em plena gestão do terceiro mandato de Lula, o acúmulo de investigações começa a pressionar até aliados próximos e comprometer o discurso de combate à corrupção.
Segundo dados levantados pelo Cidade AC News, os dois novos escândalos se somam a uma sequência preocupante de casos já confirmados, como os R$ 6,3 bilhões desviados do INSS, o uso sigiloso de R$ 55 milhões em cartões corporativos da Presidência, o rombo bilionário nos Correios, o bloqueio de R$ 1,7 bilhão da Farmácia Popular, e as recentes fraudes com farmácias fantasmas.
Em nota oficial, a Controladoria-Geral da União afirmou que “atua de forma técnica e independente” e que novos relatórios detalhados das apurações devem ser entregues até agosto. Já a Presidência da República não se pronunciou sobre o envolvimento indireto de aliados ou a responsabilidade institucional pelos contratos em apuração.
Nos bastidores do Congresso, parlamentares da oposição cogitam ampliar o escopo da CPI do INSS para abarcar os novos casos e convocar ministros envolvidos em processos de liberação de verbas e fiscalização de contratos.
O clima em Brasília é de desgaste crescente. Embora o governo mantenha apoio formal na Câmara e no Senado, o acúmulo de escândalos já atinge a popularidade do presidente Lula nas redes sociais e entre setores antes leais, como sindicatos e parte do funcionalismo.
Para analistas políticos ouvidos pela reportagem, o grande risco para o Planalto não é apenas o impacto dos escândalos individualmente, mas a narrativa de continuidade de práticas antigas num governo que prometia ética, transparência e reconstrução institucional. A falta de respostas rápidas e o silêncio estratégico, segundo esses especialistas, só agravam o desgaste.
Enquanto isso, quem paga a conta é o contribuinte — que assiste, mais uma vez, a bilhões sumirem em contratos suspeitos, notas frias, emendas manipuladas e um Estado que continua com os olhos vendados quando o dinheiro escorre.
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Eliton Lobato Muniz – Cidade AC News – Rio Branco – Acre
Data da postagem: 26/07/2025
Horário: 19h12
Fonte original: CGU – gov.br




