Quando a imprensa abre mão de opinar, o poder comemora em silêncio.
A cidade mudou, mas o medo de desagradar continua.
O que antes se chamava editorial – aquela voz firme do jornal que botava moral nos fatos – virou hoje silêncio ensaiado, emoji neutro, nota de rodapé. Nos bastidores, donos de mídia fazem cálculos: quanto vale o silêncio sobre o secretário sumido? Ou sobre o deputado que fala bonito e age torto?
Sumiram os “nós achamos”.
A imprensa trocou o verbo no plural por terceirizações covardes: “segundo apuração”, “de acordo com”. Hoje, até erro de governo é suavizado em passive voice: “houve atraso na execução da obra”, como se obra decidisse sozinha.
O silêncio virou política editorial.
Quando um jornal decide não opinar sobre a violência no Taquari ou sobre os gastos com propaganda institucional, não está sendo neutro – está tomando lado do poder. O lado de quem prefere o povo confuso, não informado.
“E a credibilidade?”
Pergunta que devia ser feita toda segunda-feira nas redações, mas que anda trancada na gaveta. A verdade é que opinar exige coragem, e coragem custa caro quando a publicidade oficial banca o expediente.
“Hoje, vamos bater?”
Essa era a pergunta clássica dos anos 90, quando o editorial era tratado com o peso que merece. Hoje, a pergunta é: “Será que o prefeito vai se chatear?”
“A imprensa que tem medo de desagradar não informa. Distrai.”
No fim das contas, quem perdeu?
Você. O leitor. O eleitor. Porque a imprensa deixou de ser contraponto, e passou a ser cenário. E no cenário bonitinho, quem faz a pauta… é quem está no poder.
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Quer saber quais jornais locais ainda publicam editoriais? Tente. Não é fácil achar. Mas é fácil entender por que o silêncio virou política.
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