Mesmo sem censores ou filtros oficiais, o jornalismo no Acre ainda se comporta como se precisasse de permissão para falar. A liberdade chegou, mas muitos seguem calados. Este texto é um convite — ou um alerta: libertem-se. Escrevam. Falem. Mas façam isso com verdade e responsabilidade.
Em algum momento da nossa história recente, a imprensa aprendeu a ter medo.
Medo de contrariar.
Medo de escrever o que pensa.
Medo de assinar o que vê.
E esse medo — que antes era imposto — hoje é carregado como hábito.
Mesmo sem ninguém para moderar, muitos ainda escrevem como se estivessem sendo observados.
O crivo invisível
Durante anos, houve um filtro. Um crivo. Um peso invisível sobre cada pauta, cada palavra, cada manchete.
Ele não está mais lá.
Mas muita gente continua se comportando como se estivesse.
Há um tipo de autocensura que é pior do que a censura: aquela que permanece mesmo depois da porta aberta.
E é isso que estamos vivendo em parte do jornalismo acreano.
A herança do silêncio
Você vê isso nos jornais que não opinam.
Nos colunistas que só sugerem.
Nos programas que não incomodam.
Nos sites que preferem elogiar do que questionar.
Não é equilíbrio. Não é prudência.
É medo herdado.
É um resquício de um tempo onde falar custava caro — e calar era mais seguro.
Mas esse tempo acabou. Já foi.
Já somos livres.
Um convite à liberdade com responsabilidade
Esse texto não é um ataque.
Não é revolta.
É um convite sincero — e direto:
Você que escreve, que narra, que apresenta, que publica, que comenta: pare de pedir licença para fazer o que nasceu pra fazer. Você não precisa mais disso. Já somos livres.
Mas, sim, sejamos livres com ética.
Com fundamento.
Com responsabilidade.
Com coragem para enfrentar críticas — e humildade para aceitá-las.
O jornalismo não é um púlpito. É um espelho.
Não escrevemos para agradar.
Escrevemos para registrar.
Não somos influenciadores de gabinete — somos cronistas do que é real.
O Acre não precisa de mais elogios disfarçados de notícias.
Precisa de texto com fibra.
De voz que provoque.
De crítica que respeita.
De análise que incomoda — mas que informa.
Conclusão:
Já não há mais ninguém moderando a imprensa do Acre.
O que ainda existe é um eco — e esse eco mora dentro de quem ainda tem medo de escrever o que pensa.
Chegou a hora de parar de sussurrar.
Falem. Escrevam. Libertem-se.
Mas nunca esqueçam: a liberdade é irmã da verdade — e filha do respeito.
Por Eliton Lobato Muniz, do CidadeACNews




