A taxa de desemprego no Brasil alcançou 6,2% no trimestre encerrado em maio de 2025, marcando a menor taxa desde 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 27 de junho. O resultado reflete uma queda de 0,6 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (6,8%) e de 1 ponto percentual comparado ao mesmo período de 2024 (7,1%). A redução foi impulsionada pelo aumento de 1,2% na população ocupada, que atingiu 103,9 milhões de pessoas, e pelo crescimento recorde de 39,8 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado. Realizada em todo o território nacional, a pesquisa aponta um mercado de trabalho aquecido, com menos pessoas desalentadas e uma queda na informalidade. Esse cenário é atribuído à criação de vagas formais e à maior percepção de oportunidades, especialmente no setor de serviços e educação.
O número de desocupados caiu para 6,8 milhões, uma redução de 8,6% em relação ao trimestre anterior e de 12,3% na comparação com o mesmo período de 2024. A taxa de informalidade também recuou, passando de 38,1% para 37,8%, o que equivale a 39,3 milhões de trabalhadores informais. Esse movimento reflete a estabilidade no número de trabalhadores sem carteira assinada e o aumento de autônomos com registro formal.
- Principais destaques do trimestre:
- 6,8 milhões de pessoas desocupadas.
- 103,9 milhões de ocupados, alta de 2,5% na comparação anual.
- 39,8 milhões de trabalhadores com carteira assinada, maior número da série histórica.
- 2,89 milhões de desalentados, menor contingente desde 2016.
O mercado de trabalho brasileiro mostra sinais consistentes de recuperação, com indicadores que reforçam a formalização e a redução da subutilização da força de trabalho.
Crescimento do emprego formal
O recorde de 39,8 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado é um marco para o mercado de trabalho brasileiro. Comparado ao trimestre anterior, o número cresceu 0,5%, enquanto na comparação anual o aumento foi de 3,7%. Esse avanço reflete a criação de vagas em setores como educação e serviços, especialmente no início do ano letivo, período que demanda contratações em funções como professores, cuidadores e recepcionistas. A estabilidade no número de trabalhadores sem carteira (13,7 milhões) e o aumento de autônomos com CNPJ também contribuíram para a redução da informalidade.
Outro fator relevante é a queda no número de desalentados, que atingiu o menor nível desde 2016, com 2,89 milhões de pessoas. Esse recuo de 10,6% em relação ao trimestre anterior indica que mais pessoas estão voltando a buscar emprego, motivadas pela percepção de melhores oportunidades. A taxa de subutilização da força de trabalho, que mede o potencial não aproveitado, caiu para 14,9%, uma redução de 0,8 ponto percentual no trimestre e de 1,9 ponto na comparação anual.
Setores que impulsionaram a ocupação
Entre os dez agrupamentos de atividades analisados pelo IBGE, o setor de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais foi o único a registrar crescimento significativo na ocupação. Esse desempenho está diretamente ligado ao início do ano letivo, que gera demanda por profissionais em diversas áreas.
- Funções em alta no setor:
- Professores e auxiliares pedagógicos.
- Cuidadores e monitores escolares.
- Cozinheiros e recepcionistas em instituições educacionais.
- Profissionais de saúde e serviços sociais.
Outros setores, como comércio e indústria, mantiveram estabilidade, mas não apresentaram expansões expressivas. A concentração do crescimento em atividades ligadas à educação e serviços reflete a sazonalidade do período, mas também aponta para a importância desses segmentos na sustentação do mercado de trabalho formal.
O aumento da ocupação, que atingiu 103,9 milhões de pessoas, foi acompanhado por uma elevação no nível de ocupação, que chegou a 58,5%. Esse percentual, que mede a proporção de pessoas em idade de trabalhar que estão empregadas, cresceu 0,6 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, reforçando a tendência de aquecimento do mercado.
Queda na informalidade e seus impactos
A redução da taxa de informalidade para 37,8% é um dos pontos altos da pesquisa. Esse índice, que representa 39,3 milhões de trabalhadores, reflete um mercado de trabalho mais estruturado, com menos dependência de ocupações precárias. A estabilidade no número de trabalhadores sem carteira assinada, que se manteve em 13,7 milhões, e o crescimento de 3,7% no número de trabalhadores por conta própria com CNPJ foram determinantes para esse resultado.
A formalização traz benefícios diretos, como acesso a direitos trabalhistas e maior segurança financeira. No entanto, a persistência de 39,3 milhões de trabalhadores informais indica que o Brasil ainda enfrenta desafios para ampliar a cobertura de empregos com carteira assinada. A pesquisa também destaca que a informalidade é mais prevalente em setores como agricultura e construção, que dependem de mão de obra sazonal ou pouco qualificada.
Tendências regionais e demográficas
A análise regional do IBGE mostra que a queda no desemprego foi mais acentuada nas regiões Sudeste e Sul, que concentram maior número de vagas formais. São Paulo, por exemplo, liderou o crescimento de empregos com carteira assinada, impulsionado pelo setor de serviços. No Nordeste, a informalidade ainda predomina, embora a taxa de desalentados tenha caído significativamente.
Em termos demográficos, a pesquisa indica que jovens entre 18 e 24 anos foram os mais beneficiados pela redução do desemprego, com maior inserção em vagas formais. Mulheres também registraram aumento na ocupação, especialmente em funções ligadas à educação e saúde.
- Dados demográficos relevantes:
- Jovens de 18 a 24 anos: maior crescimento na ocupação formal.
- Mulheres: alta de 1,5% na ocupação em serviços.
- Trabalhadores com ensino superior: aumento de 2,1% na formalização.
Fatores por trás da recuperação do mercado
O aquecimento do mercado de trabalho é atribuído a uma combinação de fatores, incluindo a retomada de atividades presenciais em setores como educação e a maior confiança de empresas na contratação. A sazonalidade do início do ano letivo foi um catalisador importante, mas a consistência na criação de vagas formais sugere uma recuperação estrutural.
A redução no número de desalentados também reflete uma percepção mais otimista sobre as oportunidades de emprego. Com mais pessoas buscando trabalho ativamente, a taxa de participação na força de trabalho cresceu, o que pode pressionar o mercado a continuar gerando vagas. Além disso, políticas públicas voltadas para a formalização, como incentivos a microempreendedores, contribuíram para o aumento de autônomos com CNPJ.
Perspectivas para o mercado de trabalho
O IBGE destaca que a continuidade da queda no desemprego depende da manutenção do ritmo de contratações formais e da estabilidade econômica. Setores como tecnologia e serviços, que têm crescido nos últimos anos, podem desempenhar um papel central na criação de novas vagas. A redução da informalidade, embora positiva, exige esforços contínuos para ampliar o acesso a direitos trabalhistas.
A pesquisa também aponta para a importância de monitorar indicadores como a taxa de subutilização, que, apesar da queda, ainda reflete um contingente significativo de trabalhadores subaproveitados. O desafio para o Brasil é transformar o crescimento sazonal em uma tendência de longo prazo, com maior inclusão de grupos vulneráveis, como jovens e trabalhadores de baixa escolaridade.
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