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Governo propõe salário mínimo de R$ 1.630 para 2026 com reajuste de 7,37%

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O governo federal anunciou uma proposta que eleva o salário mínimo para R$ 1.630 em 2026, conforme detalhado no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) encaminhado ao Congresso Nacional. O ajuste, que representa um aumento nominal de 7,37% em relação ao valor atual de R$ 1.518, reflete a política de valorização retomada em 2023. A fórmula considera a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), projetada em 4,76% até novembro de 2025, somada a um ganho real limitado a 2,5%, conforme o arcabouço fiscal. Milhões de trabalhadores aguardam a aprovação do projeto, que pode impactar diretamente o orçamento familiar.

A medida busca equilibrar o fortalecimento do poder de compra com a sustentabilidade das contas públicas. O reajuste, se aprovado, será aplicado a partir de janeiro de 2026, com reflexos nos pagamentos a partir de fevereiro. O aumento também influencia benefícios sociais, como aposentadorias e seguro-desemprego, que têm o salário mínimo como referência. A proposta ainda passará por análise no Congresso, com votação prevista até julho.

  • Inflação projetada: 4,76% pelo INPC até novembro de 2025.
  • Ganho real: Limitado a 2,5% pelo arcabouço fiscal.
  • Impacto imediato: Ajuste beneficia cerca de 60 milhões de brasileiros.

O anúncio gerou reações positivas entre trabalhadores, que veem no aumento uma oportunidade para aliviar pressões financeiras. A tramitação do PLDO, no entanto, será acompanhada de perto, já que ajustes na inflação ou no cenário econômico podem alterar o valor final.

Fórmula de cálculo mantém poder de compra

A política de valorização do salário mínimo, retomada em 2023, combina dois indicadores principais para definir o reajuste anual. O primeiro é o INPC, que mede a inflação para famílias com renda de até cinco salários mínimos, garantindo que o piso nacional acompanhe o custo de vida. O segundo é o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores, limitado a 2,5% pelo arcabouço fiscal aprovado em 2024. Para 2026, o PIB de 2024, estimado em 3,4%, foi restringido ao teto de 2,5%, resultando no aumento nominal de 7,37%.

O cálculo reflete um compromisso com a manutenção do poder de compra, especialmente para trabalhadores de baixa renda. Em 2025, o salário mínimo foi fixado em R$ 1.518, um aumento de 7,5% em relação aos R$ 1.412 de 2024, com base em uma inflação de 4,84% e ganho real de 2,5%. A consistência na aplicação da fórmula tem sido elogiada por sindicatos, que destacam a importância de ganhos reais para reduzir desigualdades.

A limitação do ganho real a 2,5%, no entanto, gerou debates. Antes da nova regra, o crescimento do PIB poderia resultar em reajustes maiores, como os 3,2% de 2023. A restrição visa conter o impacto nas contas públicas, mas críticos argumentam que ela pode limitar o potencial de recuperação econômica para os trabalhadores mais vulneráveis.

Benefícios sociais atrelados ao aumento

O salário mínimo serve como referência para diversos benefícios sociais, o que amplia o impacto do reajuste. Aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) têm o piso vinculado ao mínimo, garantindo que os beneficiários acompanhem o aumento. Em 2026, cerca de 25 milhões de aposentados e pensionistas devem receber pelo menos R$ 1.630, caso o valor seja aprovado.

Outros programas também são ajustados com base no piso nacional. O Benefício de Prestação Continuada (BPC), destinado a idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade, seguirá o novo valor. O seguro-desemprego e o abono salarial, que beneficiam milhões de trabalhadores formais, também terão seus cálculos atualizados, ampliando o alcance do reajuste.

  • Aposentadorias do INSS: Pelo menos 25 milhões de beneficiários impactados.
  • BPC: Garante R$ 1.630 para idosos e pessoas com deficiência.
  • Abono salarial: Valores ajustados para trabalhadores com até dois salários mínimos.
  • Seguro-desemprego: Parcelas mínimas equiparadas ao novo piso.

A vinculação desses benefícios ao salário mínimo reforça a importância de um reajuste equilibrado. Cada R$ 1 de aumento no piso gera um impacto estimado de R$ 400 milhões nas despesas públicas, especialmente na Previdência Social. Em 2026, o governo prevê um acréscimo de R$ 115,3 bilhões em despesas previdenciárias, parcialmente compensado por uma arrecadação adicional de R$ 71,2 bilhões.

Pressão nas finanças públicas

O aumento do salário mínimo representa um desafio para a gestão fiscal do governo. Com despesas obrigatórias, como benefícios previdenciários e assistenciais, atreladas ao piso, cada reajuste eleva significativamente o orçamento federal. Em 2025, o ajuste para R$ 1.518 gerou um impacto de R$ 36 bilhões nas contas públicas, segundo estimativas de economistas. Para 2026, o aumento proposto para R$ 1.630 deve ampliar ainda mais essa pressão.

O arcabouço fiscal, implementado em 2024, busca conter o crescimento das despesas públicas, limitando o ganho real do salário mínimo a 2,5%. A medida foi adotada para evitar desequilíbrios fiscais, especialmente em um cenário de dívida pública elevada, que atingiu 78,5% do PIB em 2025. O governo projeta que a dívida alcance 84,2% do PIB até 2028, antes de iniciar uma trajetória de redução.

A arrecadação tributária, impulsionada pelo aumento do consumo e da formalização do mercado de trabalho, ajuda a mitigar o impacto. Em 2026, o governo espera um superávit primário de R$ 34,3 bilhões, equivalente a 0,25% do PIB. A meta reflete o compromisso com a responsabilidade fiscal, mas depende da aprovação do PLDO e do controle de outras despesas discricionárias.

Projeções para os próximos anos

O PLDO de 2026 inclui estimativas para o salário mínimo até 2029, sinalizando um caminho de aumentos graduais. Em 2027, o piso deve alcançar R$ 1.724, seguido por R$ 1.823 em 2028 e R$ 1.925 em 2029. Essas projeções consideram uma inflação média de 3% ao ano a partir de 2027 e o teto de ganho real de 2,5%.

  • 2027: Salário mínimo de R$ 1.724, com aumento nominal de 5,77%.
  • 2028: Salário mínimo de R$ 1.823, com aumento nominal de 5,76%.
  • 2029: Salário mínimo de R$ 1.925, com aumento nominal de 5,59%.
  • Base de cálculo: INPC projetado e ganho real limitado a 2,5%.

Os valores são preliminares e serão revisados nos próximos PLDOs, conforme o comportamento da inflação e do crescimento econômico. A trajetória de aumentos reflete a intenção de manter o poder de compra, mas a limitação do ganho real pode restringir avanços mais significativos em períodos de forte expansão econômica.

Tramitação no Congresso

O PLDO de 2026 foi enviado ao Congresso Nacional em abril de 2025 e será analisado pela Comissão Mista de Orçamento, sob relatoria do deputado Carlos Zarattini. A votação está prevista para ocorrer até julho, conforme determina a Constituição. Durante a tramitação, parlamentares podem propor ajustes, embora o valor do salário mínimo seja definido com base em parâmetros econômicos objetivos.

A confirmação do reajuste depende da divulgação oficial do INPC de novembro de 2025, que pode alterar a projeção de 4,76%. Em anos anteriores, revisões de última hora resultaram em valores ligeiramente diferentes dos propostos. Em 2025, por exemplo, o salário mínimo foi fixado em R$ 1.518, contra uma estimativa inicial de R$ 1.509, devido a uma inflação mais alta que o previsto.

O processo de aprovação também será influenciado pelo calendário eleitoral de 2026, que inclui eleições gerais. Parlamentares podem buscar ampliar o reajuste para atender demandas populares, mas o arcabouço fiscal limita mudanças significativas. A relatoria de Zarattini será crucial para mediar essas pressões e garantir a viabilidade da proposta.

Impacto no mercado de trabalho

O aumento do salário mínimo influencia diretamente o mercado de trabalho, especialmente para trabalhadores formais e informais que recebem o piso. Em 2025, cerca de 60 milhões de brasileiros, incluindo empregados CLT, domésticos e beneficiários de programas sociais, foram impactados pelo reajuste para R$ 1.518. O aumento para R$ 1.630 em 2026 deve manter esse alcance, fortalecendo o consumo interno.

A formalização do mercado de trabalho também é beneficiada. Com o desemprego em 6,1% no último trimestre de 2024, o menor patamar desde 2013, o aumento do piso pode atrair mais trabalhadores para o setor formal. A alíquota de contribuição ao INSS para quem recebe um salário mínimo, de 7,5%, resulta em um desconto de R$ 122,25 em 2026, reduzindo o salário líquido para cerca de R$ 1.507,75.

  • Empregados CLT: Ajuste automático para quem recebe o piso.
  • Trabalhadores informais: Referência para negociações salariais.
  • Contribuição ao INSS: Desconto de R$ 122,25 no salário bruto.
  • Impacto no consumo: Fortalecimento da demanda por bens e serviços.

A elevação do piso também pressiona os salários regionais, adotados por cinco estados brasileiros. Em 2024, São Paulo fixou o salário mínimo regional em R$ 1.640, valor que deve ser revisado para acompanhar o aumento federal. Esses pisos regionais atendem categorias sem acordos coletivos, garantindo remunerações acima do mínimo nacional.

Reações de trabalhadores e sindicatos

O anúncio do novo salário mínimo foi recebido com otimismo por trabalhadores e sindicatos. Representantes das centrais sindicais destacaram que o ganho real de 2,5% contribui para a redução das desigualdades e o fortalecimento da economia. Em 2025, o reajuste de 7,5% foi creditado pela primeira vez em fevereiro, beneficiando milhões de famílias.

No entanto, algumas lideranças sindicais criticaram a limitação do ganho real a 2,5%. Segundo eles, o crescimento do PIB de 2024, de 3,4%, poderia justificar um aumento maior, próximo de 3%. A restrição imposta pelo arcabouço fiscal é vista como um obstáculo para a recuperação plena do poder de compra, que permanece estagnado em relação aos níveis pré-pandemia.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (Contracs) defendeu que o salário mínimo alcance pelo menos duas cestas básicas, meta que ainda está distante. Em novembro de 2024, o piso de R$ 1.518 equivalia a 1,7 cestas básicas, patamar semelhante ao de 2020. A projeção para 2026 indica uma leve melhora, mas insuficiente para atingir os níveis de 2010, quando o mínimo comprava 2,2 cestas.

Sustentabilidade fiscal em foco

A proposta de aumento do salário mínimo reflete o esforço do governo para conciliar demandas sociais com a responsabilidade fiscal. O arcabouço fiscal, aprovado em 2024, estabelece um teto de crescimento das despesas públicas de 0,6% a 2,5% acima da inflação. Essa regra foi aplicada ao salário mínimo para limitar o impacto nas contas públicas, que enfrentam pressões crescentes.

Em 2025, o governo alcançou um resultado primário próximo de zero, com receitas primárias de R$ 2,91 trilhões e despesas de R$ 2,39 trilhões. Para 2026, a meta de superávit primário de 0,25% do PIB depende da contenção de gastos discricionários e do aumento da arrecadação. O reajuste do salário mínimo, embora essencial, exige ajustes em outras áreas do orçamento, como investimentos e emendas parlamentares.

  • Receita primária: Projeção de R$ 2,91 trilhões em 2026.
  • Despesas primárias: Estimadas em R$ 2,39 trilhões.
  • Superávit primário: Meta de R$ 34,3 bilhões, ou 0,25% do PIB.
  • Dívida pública: Previsão de 84,2% do PIB até 2028.

O Ministério da Fazenda destacou que a sustentabilidade fiscal é essencial para manter a confiança dos investidores e estabilizar a economia. A trajetória da dívida pública, que deve crescer até 2028, será monitorada de perto, com ajustes no orçamento para garantir a redução gradual a partir de 2029.

Influência no consumo e na economia

O aumento do salário mínimo tem reflexos diretos no consumo e na atividade econômica. Com mais renda disponível, os trabalhadores tendem a aumentar os gastos com bens e serviços, impulsionando setores como comércio e indústria. Em 2025, o reajuste para R$ 1.518 contribuiu para um crescimento econômico projetado de 2,64%, segundo o PLDO.

Para 2026, o governo estima um PIB de 2,5%, com inflação de 3,5% medida pelo IPCA. O aumento do salário mínimo deve sustentar a demanda interna, mas a desvalorização do real e a alta dos preços dos alimentos podem limitar os ganhos reais. Em 2024, a inflação de alimentos superou a inflação geral, reduzindo o poder de compra do mínimo.

A taxa Selic, projetada em 12,56% para 2026, também influencia o cenário econômico. Juros elevados encarecem o crédito, afetando o consumo e os investimentos. O governo aposta na redução gradual da Selic, que deve cair para 10,09% em 2027, para estimular a economia sem comprometer o controle da inflação.

Salários regionais e diferenças estaduais

Cinco estados brasileiros adotam salários mínimos regionais, que superam o piso nacional para atender às especificidades locais. Em 2024, São Paulo liderou com um mínimo de R$ 1.640, seguido por Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esses valores são ajustados anualmente, considerando o custo de vida e a demanda por mão de obra.

  • São Paulo: R$ 1.640 em 2024, com revisão prevista para 2026.
  • Rio de Janeiro: Piso regional de R$ 1.609 em 2024.
  • Paraná: Mínimo de R$ 1.856 para algumas categorias.
  • Santa Catarina: Piso de R$ 1.635 para trabalhadores sem acordo coletivo.

Os salários regionais beneficiam categorias sem convenções coletivas, como trabalhadores rurais e domésticos. A elevação do mínimo federal pressiona os estados a ajustarem seus pisos, garantindo maior proteção aos trabalhadores. Em 2026, os estados devem alinhar seus valores ao novo mínimo de R$ 1.630, com possíveis aumentos adicionais.

Histórico de reajustes do salário mínimo

O salário mínimo brasileiro passou por diferentes políticas de reajuste nas últimas décadas. Entre 2006 e 2019, a fórmula que combinava INPC e crescimento do PIB resultou em ganhos reais significativos, elevando o poder de compra. Durante os governos Temer e Bolsonaro, os reajustes limitaram-se à inflação, levando a uma estagnação do piso.

Em 2023, a política de valorização foi retomada, com o salário mínimo subindo para R$ 1.320 em maio e R$ 1.412 em 2024. O reajuste de 2025, para R$ 1.518, consolidou a aplicação da nova regra, com ganho real de 2,5%. A limitação imposta pelo arcabouço fiscal, no entanto, marca uma mudança em relação ao modelo anterior, que permitia aumentos mais expressivos em períodos de crescimento econômico.

A evolução do salário mínimo reflete os desafios de equilibrar demandas sociais e restrições fiscais. Em 2010, o piso alcançava 2,2 cestas básicas, enquanto em 2024 permaneceu em 1,7 cestas, segundo o Dieese. A proposta para 2026 busca manter a trajetória de recuperação, mas enfrenta obstáculos como a inflação de alimentos e a desvalorização do real.

Dinheiro
Dinheiro – Foto: Ilton Rogerio de Souza/Shutterstock.com

Cenário econômico para 2026

O PLDO de 2026 projeta um cenário econômico com crescimento moderado e inflação controlada. A estimativa de 2,5% para o PIB reflete a expectativa de continuidade da recuperação pós-pandemia, impulsionada pelo consumo interno e pelos investimentos do Novo PAC, que prevê R$ 60,9 bilhões em 2026. A inflação, medida pelo IPCA, deve ficar em 3,5%, enquanto o INPC, referência para o salário mínimo, é projetado em 3,4%.

O câmbio médio, estimado em R$ 5,97 para 2026, indica uma desvalorização do real, que pode encarecer produtos importados e pressionar a inflação. A taxa Selic, em 12,56%, reflete a política monetária restritiva do Banco Central, que busca conter pressões inflacionárias em um cenário de incertezas globais.

  • PIB: Crescimento de 2,5% em 2026.
  • IPCA: Inflação projetada em 3,5%.
  • Câmbio: R$ 5,97 como média anual.
  • Selic: Taxa de 12,56%, com queda prevista para 2027.

O cenário econômico será determinante para a aprovação do salário mínimo e a execução do orçamento. A combinação de crescimento moderado, inflação controlada e responsabilidade fiscal é essencial para sustentar o reajuste sem comprometer a estabilidade financeira.

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