Milei ameaça sair do Mercosul e assinar acordo de comércio livre com EUA

A única coisa que o Mercosul conseguiu desde sua criação foi enriquecer os grandes industriais brasileiros às custas do empobrecimento dos argentinos”, disse Milei na noite de sábado.

No discurso de abertura da sessão legislativa do Congresso argentino, o presidente falou sobre a “oportunidade histórica” de “estabelecer um acordo comercial com os Estados Unidos”.

“Mas, para aproveitar essa oportunidade histórica que mais uma vez se apresenta para nós, temos que estar dispostos a ser flexíveis ou, se necessário, até sair do Mercosul”, afirmou Milei.

O presidente da Argentina, que atualmente ocupa a presidência do Mercosul, reiterou que cada país deve ser livre para fechar acordos comerciais com quem quiser, sem estar sujeito às restrições impostas pelo bloco regional, que exige negociações em conjunto.

O discurso de Milei veio horas depois de o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ter defendido a importância de “formar um bloco forte na América do Sul”, independentemente de quem esteja no poder.

Lula afirmou aos jornalistas que é hora de “deixar de lado convergências e divergências pessoais” e compreender que as relações entre os Estados “são algo mais profundo e não mudam, mesmo quando o presidente muda”.

O líder brasileiro ressaltou que, em um mundo dividido em blocos, aqueles que estiverem “mais organizados” poderão obter mais vantagens. Nesse sentido, destacou o acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, cujas negociações, que duraram quase 25 anos, foram concluídas em dezembro.

“O acordo que fizemos com a União Europeia não é qualquer acordo. É um acordo que envolve quase 800 milhões de pessoas. É um acordo que movimenta bilhões de dólares. E, se esse acordo der certo e crescer, beneficiará todos os países da América do Sul”, disse Lula.

O acordo UE-Mercosul, criticado por diversos setores e países, especialmente França e Itália, ainda precisa ser aprovado pelo Parlamento e pelo Conselho da UE, assim como pelos congressos dos países do bloco sul-americano, que inclui Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e, em breve, Bolívia, quando seu processo de adesão for concluído.

Em declarações à imprensa durante a posse do novo presidente do Uruguai, Lula afirmou que a vitória de Yamandú Orsi permitiu “retomar discussões importantes”, como “o fortalecimento do Mercosul” e a “reconstrução da Unasul [União de Nações Sul-Americanas]”.

O líder brasileiro defendeu que a criação desse organismo em Brasília, em 2008, atualmente inativo, representou o melhor momento político, econômico e de inclusão social da América do Sul e da América Latina.

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